quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Ex-babá de Joanna Marcenal é demitida após depoimento


RIO - A ex-babá de Joanna Marcenal foi demitida terça-feira do emprego em que trabalhava. Segundo ela, a patroa a dispensou ao descobrir que ela prestara depoimento à polícia a fim de ajudar a elucidar se Joanna fora vítima de maus-tratos. A ex-patroa é vizinha do pai da menina, o técnico judiciário André Marins.
- Estou com medo de ficar desempregada. Comecei segunda-feira no serviço e, quando fui lá hoje (terça), a minha patroa me dispensou. Ela disse que não queria que eu trabalhasse mais com ela por causa do caso da menina - disse a babá, explicando que foi procurada pela polícia. - A polícia me achou e resolvi falar a verdade. Queria ficar bem com a minha consciência.
A babá trabalhou três dias para André Marins e disse que, depois de ter visto Joanna amarrada, se reuniu com sua família para discutir o que fazer. Ao saber da internação da menina, ela ligou para o Disque-Denúncia e contou o que vira. A assessora do serviço Simone Nunes confirmou a denúncia e disse que o caso foi encaminhado para a 16ª DP (Barra da Tijuca) e ao Conselho Tutelar da Barra.

Mãe de Joanna pede que outra babá deponha
Revoltada com a descrição feita pela babá da forma como a menina Joanna Marcenal Marins, de 5 anos, era tratada pelo pai, a mãe da criança, a médica Cristiane Cardoso Marcenal, fez terça-feira um apelo para que outra babá, chamada Vânia, se apresente à polícia e confirme as informações da colega. Cristiane comparou a situação da menina às torturas dos campos de concentração nazistas.
Joanna morreu no mês passado, após ser atendida por um falso médico. Muito abalada com o depoimento da babá, publicado terça-feira com exclusividade no GLOBO, Cristiane disse sentir "uma revolta insuportável" ao ler detalhes dos últimos dias da filha:
- Fiquei apavorada lendo aquele depoimento horroroso. Deixaram a Joanninha dormindo num chão gelado, suja de fezes, amarrada com fita crepe. Acredito que a fita era para não deixar marcas. Não sei quanto tempo minha filha ficou assim.
O defensor público Antonio Carlos Oliveira afirmou que Cristiane estuda entrar com uma representação administrativa contra a juíza e as psicólogas que determinaram que ela era incapaz como mãe e que a menina fosse afastada do seu convívio por 90 dias

Babá ficou nervosa com o estado da menina
No depoimento, a babá afirmou ter encontrado Joanna no canto de um quarto, "deitada no chão, amarrada numa fita-crepe nos pés e nas mãos e toda suja de xixi e cocô".
Ao saber da reportagem do GLOBO, Cristiane foi à Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV) ler o depoimento da babá. Ela disse que conhece bem a casa do pai de Joanna, e que o local onde a garota ficava, segundo a empregada, é no segundo andar. De acordo com a mãe, visitas não escutariam gritos de socorro da criança.
Localizada pelo GLOBO, a babá contou que ficou nervosa ao ver o estado da criança:
- Fiquei espantada em ver a criança no chão, toda suja e amarrada com fita crepe. Mas o pai me disse: "não se espanta não, foi o médico que mandou amarrar ela para que não se machucasse".
No dia seguinte, a babá contou que não viu mais Joanna ser amarrada:
- Não sei, mas acredito que a minha reação ajudou a manter a menina livre.
Na delegacia, Cristiane também apresentou registro de ocorrência e laudo de 2007 do IML, que comprovaria que a menina já tinha sido agredida pelo pai. O processo foi arquivado no mesmo ano. Segundo o defensor público Antônio Carlos Oliveira, que representa Cristiane, a médica estuda entrar com uma representação administrativa contra a juíza da 1ª Vara de Família de Nova Iguaçu, Claudia Nascimento, e as psicólogas que determinaram que ela era incapaz como mãe. A juíza decidiu pelo afastamento de Joanna do convívio da mãe por 90 dias.
- Não podia nem falar com minha filha por telefone. E mesmo quando a Joanna foi internada, a juíza determinou que eu não ficasse próximo ao pai, no hospital, para não provocar constrangimento - lamentou.
O defensor público afirmou que o fato de a criança ter morrido de meningite causada pelo vírus da herpes, como apontou o laudo do IMLL ,, pode complicar a vida do falso médico Alex Sandro da Silva Cunha, que continua foragido:
- Era de responsabilidade dos hospitais fazerem o diagnóstico, e eles falharam. O fato de ela ter sofrido meningite não tira a responsabilidade do pai. Joanna morreu por uma série de fatores, entre eles os maus-tratos provocados por André.
Já Cristiane diz que a doença comprova os maus-tratos e o estado de fragilidade da filha. Quando Joanna deu entrada na UTI do hospital Amiu, em Botafogo, a mãe percebeu que a menina tinha hematomas nas pernas e sinais de queimaduras nas nádegas, o que levou a polícia a investigar os maus-tratos.
A delegada interina da DCAV, Valéria Aragão, disse que concluirá o inquérito em breve. Ela garantiu já ter convicção do que aconteceu com Joanna, mas se recusou a comentar o caso por estar em segredo de justiça.
Procurado pelo GLOBO, André Marins, pai de Joanna, não foi encontrado.

Isabel de Araujo e Vera Araújo


O Globo

Um comentário:

  1. esse mundo em que vivemos cada dia mais piora,quantas pessoas sonham em ter um filho(a) uma fámilia feliz,e outras que são abençõadas por poderem ser pais,destroem a vida dos filhos em questão de segundos,filhos são herança do senhor,benção divina em nossas vidas,esse pai é um monstro,não vou compara-lo com um animal pois nem um animal trata seus filhotes dessa maneira,DE UMA COISA EU SEI,QUE ELE NÃO VAI FICAR IMPUNE POIS SE A JUSTIÇA DA TERRA FALHAR,A JUSTIÇA DE DEUS VAI SER FEITA E SEI QUE ESSA ELE NÃO PODE COMPRAR,POIS NEM TODO DINHEIRO DO MUNDO O LIVRARIA DAS MÃOS DE DEUS.

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