sábado, 2 de outubro de 2010

Polícia diz ter suspeito de atirar contra menino em sala de aula na Grande SP


A Polícia Civil informou nesta sexta-feira que identificou um menino suspeito de ter atirado contra Miguel Cestari Ricci dos Santos, 9, na última quarta (29), em uma sala de aula da Escola Adventista de Embu (região metropolitana de São Paulo). Miguel não resistiu aos ferimentos e morreu no mesmo dia.
"Temos um suspeito muito forte. Se ele fosse maior de idade já teria sido indiciado. Mas, como é criança, não podemos fazer nada", disse o delegado Carlos Cerone, responsável pelas investigações.
Mais cedo, a polícia afirmou que o tiro teria sido disparado acidentalmente. A arma ainda não foi encontrada.
De acordo com o delegado, os pais do garoto suspeito --que também tem 9 anos-- negaram ter arma em casa e afirmaram que o filho não contou nada sobre o caso. Após depor, os pais deixaram a delegacia sem dar entrevistas.
No entanto, segundo policiais, as suspeitas recaem sobre o garoto porque, conforme relatos, apenas ele e Miguel estavam na sala de aula na ocasião. Mais de 40 pessoas --entre crianças, familiares e funcionários da escola-- já foram ouvidas.

TIRO
A polícia já sabe que a bala que atingiu Miguel partiu de um revólver calibre 38 e foi disparada à queima roupa.
As primeiras perícias da Polícia Civil na sala de aula apontam que o local foi lavado antes mesmo da chegada das autoridades. Os testes realizados pelos peritos com o reagente químico luminol confirmam que a sala de aula foi limpa antes da perícia ter sido feita. O luminol revelou o local das manchas, já limpas.
Ainda pela análise dos investigadores da Polícia Civil, peritos e médicos-legistas, é possível afirmar que o projétil que atingiu Miguel era velho, sem a potência de uma munição em estado de conservação normal.
O projétil disparado contra Miguel o atingiu no lado esquerdo do abdômen e ficou alojado perto de seus rins. Para a polícia, um outro aluno da turma de Miguel, que cursava a quarta série, pode ter atirado.
Quem levou Miguel para o hospital foi o diretor da escola, Alan Fernandes de Oliveira. Em depoimento informal, Oliveira afirmou que o garoto não contou o que aconteceu.
No enterro, quinta-feira, familiares questionaram o fato de o colégio não ter acionado o resgate e ter levado o menino em carro particular para hospital a 25 km da escola.
Caso seja comprovado que a arma que matou Miguel pertencia ao pai de algum aluno, ele será responsabilizado por negligência na guarda de armamento e, se condenado, poderá pegar de um a dois anos de prisão.

ESCOLA
O reinício das aulas na Escola Adventista de Embu foi adiado para a próxima terça --a previsão é que as aulas fossem retomadas na segunda.
Em nota divulgada nesta sexta, a escola, por meio de sua assessoria, afirma que aguarda o resultado dos trabalhos da polícia para se pronunciar, "porque informações prematuras podem transformar vítimas da violência urbana em agentes da própria violência".
"Também reiteramos que estamos facilitando ao máximo a elucidação dos fatos. Todos os professores e demais funcionários que têm sido solicitados a prestar depoimento têm contribuído de modo voluntário para o sucesso das investigações. Além disso, todas as informações recebidas são imediatamente repassadas à polícia. Não é só. O prédio escolar tem sido deixado à disposição da perícia para as análises necessárias", diz a nota.
A escola informou ainda que disponibilizou assistência psicológica e socioeconômica para os pais de Miguel e que oferecerá acompanhamento psicológico aos alunos.


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