terça-feira, 28 de setembro de 2010

Pai deve evitar postura “militar” ao cobrar estudos do filho; veja dica


Especialistas defendem acompanhamento escolar da família com diálogo e autonomia

Muito se fala da importância do acompanhamento dos pais na vida escolar dos filhos. Em um relatório divulgado este mês pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), mais uma vez foi ressaltada a necessidade do trabalho em parceria entre a escola e a família na educação de crianças e adolescentes.
Segundo o relatório, é preciso que a família transmita valores educacionais e comportamentais por meio de métodos específicos. Assim, se a meta é transmitir aos filhos a importância do bom desempenho escolar, é preciso acompanhá-los nas tarefas escolares em casa. Mas como participar, na prática, dos estudos dos filhos, principalmente dos jovens?

Em primeiro lugar, destaca Paulo Afonso Ronca, professor e especialista em educação do Instituto Esplan, é preciso ter uma relação afetiva e próxima com a escola do filho, conhecer e confiar nos profissionais, estar de acordo com os valores e método de ensino aplicado. Em segundo, diz ele, é necessário ajudar e dar autonomia ao estudante.

- Se o filho pede ajuda em três coisas, auxilie em duas, e deixe uma para ele resolver sozinho. Se pedir em duas, resolva apenas uma, e assim por diante. O aluno precisa saber que tem apoio em casa, mas também deve ser ensinado a se virar.

Para o professor Nélio Bizzo, da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo), é preciso encontrar o equilíbrio para que o acompanhamento funcione – não ser desinteressado e passar a responsabilidade da educação do filho à escola, mas também não ter uma relação burocrática com o filho, apenas de cobranças.

- Ser pai patrão é prejudicial; ser aquele pai que faz perguntas como alguém que espera o fracasso. Quando o menino apresenta uma nota baixa, ele [o pai] vem sempre com um: 'não te falei?'. A pergunta pode ser feita de duas maneiras, negativa ou positivamente. O importante é levar em conta o resultado dessa pergunta.
Conquistar essa relação de segurança de que os alunos tanto precisam em casa requer demonstrar interesse pelo que o filho faz na escola, afirma Bizzo. Reconhecer os avanços do aluno é essencial. Uma postura militar, de ordens apenas, prejudica, em vez de ajudar.

- O pai precisa conhecer a capacidade de seu filho. Às vezes, ele não tirou um 10, mas teve um avanço em determinada disciplina. Ele precisa saber que melhorou. Em uma fase conturbada e sensível a críticas, como a adolescência, isso é essencial.

As orientações do dia a dia não são as mesmas para todos, já que os jovens se desenvolvem de acordo com suas habilidades e dificuldades individuais. Mas ficar atento a alguns comportamentos ajuda a descobrir se os filhos vão bem ou não no colégio, diz Nelio Bizzo.

- Saber qual a importância que ele dá para o aprendizado e se gosta da escola é um deles. Perceber quais são suas atitudes diante dos problemas e seu desenvolvimento na escrita e leitura, por meio das lições de casa, também ajuda a conhecer o dia a dia do estudante.

Além disso, Ronca aponta o velho e bom diálogo como uma das medidas mais eficazes para qualquer situação. Conversar com representantes da escola, que conhecem de perto o aluno, e com o próprio adolescente, para que ele se sinta motivado a contar sobre suas conquistas, complementam as dicas.

- Perguntar [para o filho] como foi seu dia ainda ajuda a estar próximo e possibilita estudar com ele, se necessário.


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Camila de Oliveira


R7

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