sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Execução de iraniana foi assistida por ex-amante e família da vítima

Segundo relatos, iraniana passou seus últimos momentos chorando

A iraniana Shahla Jahed, enforcada nesta quarta-feira sob acusação de homicídio em Teerã, foi executada na presença de seu ex-amante e da família da vítima – que era a esposa oficial dele.
Jahed foi acusada de matar a facadas, em 2002, Laleh Saharkhizan, mulher de Naser Mohammadkhani, seu ex-amante e estrela do futebol que alcançou fama nos anos 80 e 90.
A condenação de Jahed foi baseada em uma suposta confissão, que ela depois disse ser falsa durante um julgamento público.
Segundo relato obtido pelo jornal britânico The Times, Jahed passou seus últimos momentos chorando, com a corda amarrada em seu pescoço, enquanto Mohammadkhani, o ex-amante, observava em silêncio.
De acordo com o Times, o filho do atleta foi quem empurrou a cadeira onde Jahed estava sentada, levando a cabo a execução. Já segundo a imprensa iraniana, esse papel coube ao irmão de Saharkhizan.
Segundo a Anistia Internacional, que fez campanha contra a pena de morte de Jahed, a lei iraniana permite que, em caso de assassinato, a família da vítima participe da execução do condenado pelo crime. A família também pode perdoar o condenado e aceitar uma compensação.
A Anistia Internacional disse à BBC Brasil acreditar que Jahed foi torturada e forçada a confessar o assassinato.

Últimos momentos
O advogado de Jahed, Abdolsamad Khorramshahi, descreveu ao Times os últimos momentos de sua cliente.
“Ela só chorava. Não dizia nada. Pedi-lhe que falasse algo, mas ela só chorava”, declarou.
“Até o último momento, a família da vítima não deu consentimento (para cancelar a execução). Todos na sala lhes pediram que a perdoassem, mas infelizmente eles não aceitaram." O perdão dos parentes da vítima seria o suficiente para evitar o enforcamento.
"Naser Mohammadkhani também estava lá e não disse nada”, agregou o advogado.

Esposa temporária
Em seu julgamento, Jahed foi retratada como uma fã obcecada de Mohammadkhani.
O caso trouxe à tona a vida dupla do esportista, que tinha Jahed como “esposa temporária” enquanto mantinha casamento e filhos com a vítima, Saharkhizan.
Autorizado pela lei iraniana, um casamento temporário pode durar de alguns dias a alguns anos, desde que o marido arque com as despesas da mulher. A união pode, em seguida, ser anulada ou renovada.
Críticos do regime qualificam o casamento temporário como uma forma de “prostituição legalizada”.
O caso de Jahed repercutiu internacionalmente em meio a críticas ao Irã pela possível condenação à morte de Sakineh Ashtiani, também condenada por assassinato e que, segundo grupos de direitos humanos, também foi forçada a confessar.


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