sábado, 4 de dezembro de 2010

Traficantes teriam fugido do cerco ao Complexo do Alemão em viatura da Polícia Civil


RIO - O traficante Alexandre Mendes da Silva, o Polegar, e um comparsa, identificado apenas como Ninho, teriam fugido do cerco ao Complexo do Alemão escondidos em uma viatura da Polícia Civil. Denúncias anônimas sobre o incidente foram encaminhadas ao Ministério Público e à Corregedoria da Polícia Civil. A suposta fuga teria acontecido na sexta-feira da semana passada, horas depois de a polícia e os Fuzileiros Navais terem invadido, na tarde de quinta-feira, a Vila Cruzeiro, na Penha, e um grupo de bandidos ter se escondido no Complexo do Alemão.
O denunciante passou às autoridades, inclusive, o número da placa da viatura, que é um gol preto descaracterizado, que teria sido usada para tirar os marginais da favela. No sistema da Secretaria estadual de Segurança, o carro consta como sendo da 126 DP (Cabo Frio), delegacia que não participou das operações policiais.
De acordo com a denúncia, feita na última terça-feira, Polegar e Ninho teriam sido colocados no porta-malas do carro, onde estariam dois homens usando camisas da Polícia Civil. O denunciante conta ainda que a dupla teria sido levada para a Região dos Lagos. A informação anônima ganhou força, quando o MP confirmou que a placa do carro era de uma viatura da delegacia de Cabo Frio, que fica na mesma região para onde os traficentes teriam fugido.
- Demos prioridade a essa denúncia, pois ela trouxe elementos robustos. A informação do destino bate com a origem dessa viatura - comentou o ouvidor-geral do Ministério Público estadual, promotor Gianfilippo Pianezzola, que recebeu a denúncia e a encaminhou à 1 Central de Inquérito do órgão, setor do MP com atribuição para investigar esse caso. Criado na Mangueira, o traficante Polegar tem três condenações e ficou preso de 2002 a 2009. Após cumprir um sexto da pena, ele passou para o regime semi-aberto, mas não voltou mais para a cadeia. Ao brigar com o irmão, o traficante Francisco Paulo Testas Monteiro, o Tuchinha, que seria o chefe do tráfico na Mangueira, Polegar deixou a comunidade e encontrou refúgio no morro pelo Complexo do Alemão. No Morro da Grota, inclusive, ele morava em uma mansão de três andades - com piscina e banheiro de hidromassagem -, encontrada pela polícia, no último domingo.
A assessoria de comunicação da Polícia Civil confirmou que a corredoria da corporação recebeu a informação e que o órgão está pronto para apurar com isenção essa e qualquer outra denúncia de abuso ou desvio de conduta que possam ter sido praticadas por policiais, durante as operações nos complexos da Penha e do Alemão.

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Por meio do telefone 127 ou do site do MP, a ouvidoria do órgão recebeu, até a manhã de ontem, 42 denúncias referentes à acupação policial no Alemão - 38 delas são relativas a fuga de traficantes.
O delegado Henrique Pessoa, titular da 126 DP (Cabo Frio), contou que vai abrir sindicância para apurar a denúncia. Pessoa comentou que, por causa de dois ataques a carros em Cabo Frio, dias antes da invasão ao Alemão, o efetivo da unidade ficou de prontidão e nenhuma viatura tinha autorização para sair da cidade.
- Temos um controle de entrada e saída das viaturas, do uso de combustível, da quilometragem. Acredito que não será difícil descobrir se essa viatura saiu daqui e quem a dirigiu - explicou.


O Globo

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