quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Jovem escravizada por casal emociona tribunal francês .




Pais trocaram Sabrina Moreau por um carro usado

Cabisbaixa, franzina e tímida, a francesa Sabrina Moreau compareceu nesta terça-feira pela primeira vez ao tribunal onde estão sendo julgadas 12 pessoas, entre elas os seus pais, por delitos como maus-tratos, estupro e por tê-la mantido como escrava por pelo menos três anos.
Os crimes vieram à tona em 2006, quando um dos torturadores da jovem, na época com 26 anos, a depositou em frente a um hospital de Paris, chocando os médicos que prestaram os primeiros socorros à vítima. Sabrina pesava 34 kg - para cerca de 1,65m de altura -, estava imunda, com a cabeça raspada e tinha ferimentos graves espalhados pelo corpo, além de não ter mais quase nenhum dente na boca.
"Eu perdi até meu nome; eu era apenas uma escrava para todos. Era "escrava faz isso", "escrava faz aquilo", o tempo inteiro", relatou Sabrina, hoje uma mulher de 30 anos que vive escondida no norte do país, onde tenta reconstruir a vida. O julgamento acontece há duas semanas no Palácio de Justiça de Melun, distante 60 km de Paris, e deve se estender até o dia 17 de dezembro.
Ao longo desta terça-feira, Sabrina contou, continuamente aos prantos, como se viu envolvida em um esquema de escravidão do qual apenas conseguiu sair quando um dos moradores do acampamento decidiu colocar fim à exploração imposta a ela. O depoimento dela emocionou várias pessoas que acompanhavam a audiência na plateia, além de, no banco dos réus, comover também a mãe de Sabrina, Denise Moreau - uma dona de casa de 48 anos, cujas fracas capacidades intelectuais foram atestadas por psicólogos forenses.
O calvário da vítima se iniciou ainda na infância, quando vivia em meio à pobreza e à violência familiar, sendo acolhida em um centro de educação para menores em situação delicada dos 10 aos 18 anos. Na maioridade, ela voltou a morar com os pais em um acampamento de ciganos em Claye-Souilly. Acabou entrando na rede de confiança do casal Florence Carrasco, 36 anos, e Franck Franoux, 51, que alguns anos depois propôs ao pai de Sabrina, Daniel Moreau, 53, que partisse sem a filha em troca de um veículo, na época estimado em 750 euros (R$ 1.675).
O acordo foi fechado e, a partir de então, Sabrina foi mantida como prisioneira do casal, obrigada a realizar todas as atividades domésticas e a se prostituir. O dinheiro era embolsado por Florence e Franck. Certa vez, eles chegaram a surrar Sabrina quando descobriram que ela havia se submetido a um aborto. Razão: sem o filho, ela não teria direito a uma ajuda financeira prevista pelo governo francês, dinheiro que engordaria as economias dos Franoux.
"Eu chamava a Florence de irmã mais velha, de tanto que nos dávamos bem no início. Ela era legal comigo, e eu a considerava uma amiga", contou Sabrina ao júri, do qual fazem parte 12 jurados. "Depois é que ela começou a me bater e isso só piorou. Eu apanhava todos os dias. Se eu trabalhava direito, apanhava. Se deixava de fazer alguma coisa, apanhava ainda mais".


Jornale

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