O Banco dos réus
Após 21 anos do crime, José Ramos Lopes Neto, ex-marido da universitária, vai a júri popular em Jaboatão dos Guararapes
Após vinte e um anos de espera, começa o julgamento de um dos crimes de maior repercussão ocorridos em Pernambuco. A partir das 9h, o réu confesso da universitária Maristela Just, o ex-marido José Ramos Lopes Neto, deverá se apresentar à corte da 1ª Vara do Fórum de Jaboatão dos Guararapes, onde será submetido a júri popular. Em liberdade condicional desde 1990 (ficou preso um ano), o comerciante responderá não só por ter matado a ex-esposa com três tiros à queima-roupa, como também pelo crime de tentativa de homicídio dos dois filhos biológicos - Zaldo Neto, então com dois anos (hoje com paralisia no lado esquerdo do corpo), e Nathália, à época com 4 anos, atingida no ombro, além do cunhado Ulisses Ferreira Just, que também fora baleado no peito. Em todo esse tempo, para adiar o julgamento, José Ramos entrou com três pedidos de habeas corpus, além de vários recursos no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e até no Supremo Tribunal Federal (STF). O processo prescreve em julho.
O caso, que será julgado pela juíza Inês Maria de Albuquerque Alves, deverá se estender por 72 horas ou mais. Se tudo transcorrer como o previsto, deverão ser ouvidas, até a próxima sexta-feira, 14 testemunhas (cinco de defesa, cinco de acusação e duas chamadas pela magistrada), além das duas vítimas, Nathália, hoje com 25 anos (mesma idade com a qual a mãe foi assassinada) e o irmão, hoje com 24 anos. Do lado de fora, entidades ligadas ao Fórum de Mulheres de Pernambuco prometem fazer uma vigília a partir das 8h, cobrando o fim da impunidade. A intenção delas é mobilizar a sociedade civil organizada para um crime que se tornou emblemático: a defesa à mulher.
Como a vítima principal do crime está morta, quem fará a defesa da família é o Ministério Público de Pernambuco (MPPE). A promotora de justiça Natália Câmpelo é quem irá sustentar os termos da denúncia, cujo teor incrimina José Ramos como culpado de um crime premeditado, de motivo fútil e sem chances de defesa para as vítimas. A defesa do comerciante José Ramos será representada pelo advogado Humberto Albino de Moraes, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil na Paraíba (OAB-PB), que deverá alegar que o ex-marido matou a universitária em defesa da honra por ter sido atacado moralmente em sua condição de homem, já que ele acreditava que havia sido traido.
Humberto assumiu o caso menos de 48 horas antes do julgamento. Até então, o réu era acompanhado por dois defensores públicos, solicitados pela juíza Inês Alves, na semana passada. Isso porque o acusado ainda não havia constituído defesa particular. O réu confesso é filho do advogado criminalista Gil Teobaldo. A contratação de última hora do advogado de defesa levantou rumores ontem de que o julgamento seria adiado. A assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) confirmou, no entanto, que nenhuma petição nesse sentido foi encaminhada à juíza e que o julgamento está mantido para hoje. Nada impede, porém, que haja uma reviravolta na abertura da corte. O advogado HumbertoAlbino já enviou uma petição à juíza dizendo-se estar ciente do processo, portanto a pauta não poderá ser adiada por falta de tempo hábil para a defesa se instrumentalizar. A família Just tem pressa. Em julho próximo, o crime será prescrito e, passado esse prazo, não poderá ser imputada pena alguma a José Ramos.
"Defesa da honra" - Uma entrevista concedida à Rádio Jornal pelo pai do réu fez esquentar o debate sobre o caso. O famoso advogado Gil Teobaldo, que se diz também advogado de defesa do filho, admitiu que o filho matou Maristela e justificou dizendo que "um homem tem que ter brio, tem que ter dignidade, tem que preservar a honra". Segundo Gil Teobaldo, o filho reagiu em legítima defesa ao ter sido supostamente chamado de corno pela ex-mulher. "Digo a vocês em nenhum constrangimento: se não matasse, não comia na minha mesa", declarou à imprensa.
OAB reage a Gil Teobaldo
Filha sobrevivente conta tragédia em Blog
Após vinte e um anos de espera, começa o julgamento de um dos crimes de maior repercussão ocorridos em Pernambuco. A partir das 9h, o réu confesso da universitária Maristela Just, o ex-marido José Ramos Lopes Neto, deverá se apresentar à corte da 1ª Vara do Fórum de Jaboatão dos Guararapes, onde será submetido a júri popular. Em liberdade condicional desde 1990 (ficou preso um ano), o comerciante responderá não só por ter matado a ex-esposa com três tiros à queima-roupa, como também pelo crime de tentativa de homicídio dos dois filhos biológicos - Zaldo Neto, então com dois anos (hoje com paralisia no lado esquerdo do corpo), e Nathália, à época com 4 anos, atingida no ombro, além do cunhado Ulisses Ferreira Just, que também fora baleado no peito. Em todo esse tempo, para adiar o julgamento, José Ramos entrou com três pedidos de habeas corpus, além de vários recursos no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e até no Supremo Tribunal Federal (STF). O processo prescreve em julho.
O caso, que será julgado pela juíza Inês Maria de Albuquerque Alves, deverá se estender por 72 horas ou mais. Se tudo transcorrer como o previsto, deverão ser ouvidas, até a próxima sexta-feira, 14 testemunhas (cinco de defesa, cinco de acusação e duas chamadas pela magistrada), além das duas vítimas, Nathália, hoje com 25 anos (mesma idade com a qual a mãe foi assassinada) e o irmão, hoje com 24 anos. Do lado de fora, entidades ligadas ao Fórum de Mulheres de Pernambuco prometem fazer uma vigília a partir das 8h, cobrando o fim da impunidade. A intenção delas é mobilizar a sociedade civil organizada para um crime que se tornou emblemático: a defesa à mulher.
Como a vítima principal do crime está morta, quem fará a defesa da família é o Ministério Público de Pernambuco (MPPE). A promotora de justiça Natália Câmpelo é quem irá sustentar os termos da denúncia, cujo teor incrimina José Ramos como culpado de um crime premeditado, de motivo fútil e sem chances de defesa para as vítimas. A defesa do comerciante José Ramos será representada pelo advogado Humberto Albino de Moraes, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil na Paraíba (OAB-PB), que deverá alegar que o ex-marido matou a universitária em defesa da honra por ter sido atacado moralmente em sua condição de homem, já que ele acreditava que havia sido traido.
Humberto assumiu o caso menos de 48 horas antes do julgamento. Até então, o réu era acompanhado por dois defensores públicos, solicitados pela juíza Inês Alves, na semana passada. Isso porque o acusado ainda não havia constituído defesa particular. O réu confesso é filho do advogado criminalista Gil Teobaldo. A contratação de última hora do advogado de defesa levantou rumores ontem de que o julgamento seria adiado. A assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) confirmou, no entanto, que nenhuma petição nesse sentido foi encaminhada à juíza e que o julgamento está mantido para hoje. Nada impede, porém, que haja uma reviravolta na abertura da corte. O advogado HumbertoAlbino já enviou uma petição à juíza dizendo-se estar ciente do processo, portanto a pauta não poderá ser adiada por falta de tempo hábil para a defesa se instrumentalizar. A família Just tem pressa. Em julho próximo, o crime será prescrito e, passado esse prazo, não poderá ser imputada pena alguma a José Ramos.
"Defesa da honra" - Uma entrevista concedida à Rádio Jornal pelo pai do réu fez esquentar o debate sobre o caso. O famoso advogado Gil Teobaldo, que se diz também advogado de defesa do filho, admitiu que o filho matou Maristela e justificou dizendo que "um homem tem que ter brio, tem que ter dignidade, tem que preservar a honra". Segundo Gil Teobaldo, o filho reagiu em legítima defesa ao ter sido supostamente chamado de corno pela ex-mulher. "Digo a vocês em nenhum constrangimento: se não matasse, não comia na minha mesa", declarou à imprensa.
OAB reage a Gil Teobaldo
Filha sobrevivente conta tragédia em Blog
Justiça vergonhosa.
ResponderExcluirEstá na hora de mudar.
Entram com recurso até prescrever o crime??????????
Esse é o nosso lindo país , governado por esse maravilhoso presidente.
Realmente, não há outra forma de expressão, é uma vergonha.
ResponderExcluirTenho discutido esse assunto no meu blog, o Dando Pitacos. Ontem mesmo (07/06) postei um texto sobre o tema, que pode ser visto em http://apatotadopitaco.blogspot.com/2010/06/21-anos-espera-de-um-julgamento.html
Parabéns pelo blog. Já o estou seguindo!