domingo, 30 de maio de 2010

Tabagismo avança mais entre mulheres


O público feminino deixou de ser pouco representativo no consumo de cigarro em comparação ao masculino, no País

Nos últimos anos, as bitucas de cigarro ficaram mais coloridas. Elas são encontradas nos diferentes tons de rosa, vermelho, nude e até mesmo preta. Depende da cor do batom. É o reflexo do aumento no consumo de cigarro entre as mulheres, entre elas as adolescentes.
Estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), em escolas públicas da cidade de São Paulo, revelou que as meninas estão fumando mais que os garotos. Entre os cerca de 10% dos alunos que fumam, 61% deles são mulheres.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 13% das mulheres brasileiras são tabagistas. Esse índice equivale a cerca de 25 milhões de almas femininas e não para de crescer.
Segundo a pneumologista Irma de Godoy, professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu, as taxas de homens fumantes atingiram um pico e agora estão caindo. Enquanto isso, a taxa de mulheres fumantes está em expansão, não somente no Brasil, mas no mundo.
A previsão, segundo ela, é chegar a 2025 com 20% das mulheres do mundo entre os fumantes. De acordo com Irma, que é coordenadora da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, as indústrias tabagistas direcionam produtos fumígenos para as mulheres associando-os com aspectos importantes para este público, como o controle do peso.
A também pneumologista Déborah Maciel Cavalcanti Rosa, do Hospital Estadual de Bauru (HEB), confirma a mudança de perfil dos fumantes. Se até há pouco prevalecia a presença do público masculino nos consultórios para tratar das consequências provocadas pelo tabaco, atualmente o cenário é outro.
Segundo ela, a proporção de homens e mulheres fumantes nos consultórios é quase a mesma. E a tendência é que o público feminino continue aumentando e ultrapasse o masculino em poucos anos.
Por causa dessa tendência, a Organização Mundial de Saúde (OMS) direcionou as atividades do Dia Mundial sem Tabaco, a ser comemorado amanhã (segunda-feira, dia 31 de maio), às mulheres. De acordo com a entidade, os esforços para reduzir o consumo de cigarro envolvem ambos os sexos, mas a preocupação com as mulheres é maior.
Para o pneumologista Lindolfo Cruz Pinheiro, essa constatação chega a surpreender porque a mulher costuma ser mais cuidadosa com a saúde do que o homem. Na opinião dele, o cigarro tem avançado no meio feminino porque é uma forma que elas encontraram de extravasar os problemas emocionais e psicológicos. “Elas usam o tabaco como se fosse um meio terapêutico”, aponta.
A nutróloga Sandra Mara de Oliveira Lima, coordenadora do curso “Como deixar de fumar”, oferecido há 17 anos pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, em Bauru, concorda com o pneumologista. As questões emocionais, aponta, são a razão pelo que as mulheres têm mais dificuldade a largar o cigarro.
“A mulher é mais predisposta a ter depressão”, justifica Sandra, com base na experiência adquirida ao longo do tempo com os cursos.
Em compensação, elas são mais persistentes no tratamento. Sandra conta que uma senhora de 77 anos, que fumava desde os 7, conseguiu deixar o cigarro. Da mesma forma, segundo a nutróloga, outras pessoas também podem ter sucesso. Para isso, ela afirma que é preciso querer parar e não apenas dizer que precisa parar.
O curso “Como deixar de fumar” inicia nova turma amanhã, segunda-feira, a partir das 19h30, na Praça Itália, 3-07. As inscrições podem ser feitas pelos telefones (14) 3019-1537, 3321-5100 e 3019-9423 ou no próprio local. O curso é gratuito.

Adilson Camargo
Jornal da Cidade de Bauru

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