terça-feira, 1 de junho de 2010

Caso Maristela: juíza inicia sessão confirmando pedido de prisão do réu




Prisão preventiva de José Ramos Neto foi pedida no dia 19 de maio, mas estava sendo mantida em sigilo para garantir a captura

Acontece no Fórum de Jaboatão (foto 1), no Grande Recife, a sessão do caso Maristela Just, que tem como réu o marido da vítima, José Ramos Lopes Neto. A juíza do caso, Inês Maria de Albuquerque confirmou que a prisão preventiva dele foi pedida no dia 19 de maio, mas estava sendo mantida em sigilo para garantir a captura.
No começo da sessão, a juíza explicou que foi feita a busca do réu para que ele fosse intimado e preso, mas José Ramos Lopes Neto não foi encontrado nem em seu endereço próprio, nem na casa do pai, o advogado criminalista Gil Teobaldo. Assim, a partir de agora, ele é considerado foragido.
A Defensoria Pública, que está representando a defesa do réu, informa ainda que não foi procurada por ele. Os defensores públicos são Flávia Barros e José Inaldo Cavalcanti. “Desde o júri passado a gente já estava com dados do processo, já estudávamos. O tempo foi razoável”, contou José Inaldo.
Das 25 pessoas chamadas para compor o conselho de sentença - os jurados que vão definir pela condenação ou pela absolvição do réu - sete foram escolhidos, sendo quatro mulheres e três homens.
A sessão foi suspensa por uma hora para almoço e recomeçou com os depoimentos de Natália Just e Zaldo Neto, filhos de Maristela e baleados no dia do crime; Natália foi a primeira a falar. A juíza esclarece que eles não depõem como testemunhas de acusação ou defesa e devem falar do que viveram e presenciaram naquele dia, ou seja, como vítimas.
A acusação dispensou as três pessoas que seriam ouvidas na sequência, então, após Zaldo, quem depôs foi a única testemunha da defesa, o policial civil Harlan de Andrade, que esteve no local do crime. As outras duas testemunhas arroladas pela defesa, Walter de Figueiredo Filho e Gilson Calábria, não foram localizadas, mas já depuseram em outras fases do processo.
Em seguida, seria a vez do réu falar, mas ele também não compareceu e o julgamento acontece à revelia. Assim, teve início a fase do debate, começando com o pronunciamento do Ministério Público; os defensores falam na sequência e podem acontecer ainda réplicas e tréplicas.

O QUE FALTA
No início da noite, a defesa e a acusação fazem suas considerações finais. Em seguida, um debate entre as duas partes será promovido. Após o debate, o júri se reúne para definir se o réu é culpado ou inocente. O veredicto deve sair ainda hoje.
José Ramos é acusado de matar a ex-mulher, Maristela Just, ferir os dois filhos do casal e o cunhado. O crime aconteceu há 21 anos e repercutiu em todo o País. O julgamento deveria ter acontecido no mês passado, mas o acusado e o advogado de defesa não compareceram, o que adiou a sessão.

HISTÓRICO
São 21 anos, desde que os crimes aconteceram. Maristela Just foi morta na casa dos pais, no bairro de Piedade, em Jaboatão. De acordo com as investigações, José Ramos Lopes Neto, que estava separado da mulher havia dois anos, foi à residência no dia quatro de abril de 1989. Lá, ele se trancou com Maristela e os filhos do casal em um dos quartos. José Lopes teria dado três tiros na ex-mulher, um tiro na cabeça do filho, então com 2 anos, e outro no ombro da filha de 4 anos.
O irmão de Maristela, Ulisses Just, foi baleado quando tentava socorrer a irmã e os sobrinhos. José Ramos, que é filho do advogado criminalista Gil Teobaldo, chegou a ser preso. Ficou por um ano no presídio Aníbal Bruno e prestou vários depoimentos. Foi solto depois de um habeas corpus concedido pela Justiça.
No julgamento marcado para o último dia 13 de maio, para frustração dos parentes e amigos de Maristela, o acusado e o advogado de defesa não compareceram e o júri foi adiado para esta segunda-feira. O advogado foi multado em 50 salários mínimos, o equivalente a R$ 25,5 mil, por não ter comparecido.
Os filhos de Maristela, que foram vítimas do próprio pai, escreveram uma carta endereçada aos desembargadores do Tribunal de Justiça. Natália e Zaldo Just escreveram a carta como uma forma de sensibilizar os desembargadores para que eles neguem qualquer recurso da defesa, caso o comerciante José Ramos seja condenado no julgamento. O documento foi protocolado, na última segunda-feira (31), no palácio da Justiça.
“Nós crescemos com a impunidade. Foi uma ferida que sarou e hoje, após 21 anos, está sendo aberta novamente”, disse Zaldo .

“A sociedade, o Brasil, Pernambuco precisa desse julgamento. Eu não digo condenação, porque a gente não sabe o que o júri vai decidir. Mas o julgamento deve existir até para o Estado tirar um pouco dessa vergonha”, falou Natália .


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