quarta-feira, 21 de julho de 2010

Como falar sobre violência com as crianças


Não adianta tapar o sol com a peneira. Por mais que os pais tentem proteger os filhos do mundo real e violento em que vivemos, eles, aos poucos, vão tomando conhecimento da crueldade humana. As notícias de crimes hediondos, que chocam a sociedade, estão por toda parte. Basta ligar a tevê, o rádio, acessar a internet ou até mesmo prestar atenção na conversa de adultos para que os pequenos percebam que está acontecendo algo de muito errado.
Primeiro foi o caso da menina Isabella Nardoni, jogada da janela de um prédio pelo pai e pela madrasta, pessoas que deveriam zelar pela sua segurança. Agora estamos acompanhando os casos do goleiro Bruno, suspeito de ter participado da morte violenta de sua ex-amante Eliza Samudio, e da advogada Mércia Nakashima, cujo corpo foi encontrado em uma represa e o principal suspeito de ter cometido o crime é o ex-namorado.
Há alguns dias, um garoto morreu dentro da sala de aula, no Rio de Janeiro, depois de ter sido atingido por uma bala perdida disparada durante um confronto entre polícia e traficantes.
As crianças são espertas e não adianta a gente querer blindá-las. Mas como tratar de um assunto tão delicado como a violência com nossos pequenos? De acordo com a psicóloga clínica Vera Zimmermann, coordenadora do Cria (Centro de Referência da Infância e da Adolescência), da Unifesp, “podemos aproveitar situações como essa para ensinar às crianças como tornar-se bons cidadãos”.
Não podemos esconder os fatos. As crianças estão inseridas na sociedade. O que devemos é conversar e explicar porque algumas pessoas agem de maneira tão errada.
O melhor discurso, segundo ela, “é mostrar aos pequenos que algumas pessoas não aprenderam, quando crianças, a se colocarem no lugar do outro. Explicar que, por uma falha na educação ou por motivos de doença (psíquica, na maioria das vezes), essas pessoas não sabem viver em grupo”.
- Nessa hora, os pais devem respeitar a idade da criança e responder às dúvidas dentro do entendimento delas. Claro, que não é preciso expor cenas muito violentas, mas discutir o assunto é muito construtivo. É uma boa oportunidade para mostrar aos filhos a importância de saber se colocar no lugar do próximo. E explicar que essas pessoas passaram a fazer coisas ruins porque não aprenderam isso.
É aquela história: não faça com os outros aquilo que não gostaria que fizessem com você. Mesmo em casos onde os envolvidos são pessoas famosas, o discurso deve seguir a mesma linha.
- É importante ressaltar para a criança que a pessoa pode ser muito importante em alguma área, mas em outra, não. Não adianta ser bom, famoso, inteligente, se não sabe se relacionar em grupo. Um dia ela vai acabar sendo punida de alguma maneira.
Eu, particularmente, não costumo esconder ou fugir de temas delicados com a Laura, minha filha de oito anos. Mas confesso que muitas vezes fico apreensiva, com medo de errar a mão na hora de explicar algum fato, alguma notícia. Ainda assim, acho melhor pecar pelo excesso do que pela falta. E você, como costuma tratar desses assuntos com seus filhos?


Blog Mulher 2.0

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