Morador de rua anotou placa do Siena atropelador. Para delegada, "se descuido foi além do aceitável", jovens poderão responder por crime doloso
Se a Polícia Militar não ajudou muito, a participação de um morador de rua foi decisiva para descobrir a identidade do motorista que atropelou e matou o jovem Rafael Mascarenhas, 18 anos, filho da atriz Cissa Guimarães. Foi um “mendigo que caminhava dentro do túnel”, segundo um bombeiro que socorreu a vítima, quem anotou a placa do Siena preto conduzido pelo jovem Rafael de Souza Bussamra, que confessou o atropelamento.
De acordo com o cabo Cunha, que participou do resgate, no momento do atendimento o morador de rua informou a placa do veículo. O bombeiro também informou que, diferentemente do que dizem os jovens envolvidos no atropelamento, não veio de um celular a ligação que originou o atendimento. “Recebemos o chamado de um telefone fixo da região, de um morador que assistiu parte da cena pela janela de seu prédio”, disse Cunha.
A falha da Polícia Militar ficou evidente com a apreensão do Siena pela Polícia Civil. O veículo chegou na manhã desta quarta-feira à 15ª DP (Gávea) com a frente destruída. Os policiais que abordaram o veículo momentos após o atropelamento afirmaram que “não suspeitaram” de nada estranho e, como não presenciaram o acidente, deixaram os jovens seguir viagem. A postura da PM inicialmente foi a de justificar a explicação dos policiais com a tese de que, à noite, não seria possível perceber avarias no carro. Mas, assim que o carro foi mostrado, os dois policiais foram afastados do serviço de rua.
A delegada Bárbara Lomba, que conduz a investigação sobre o atropelamento, usará o resultado da perícia no Siena, concluída na tarde desta quarta-feira, para avaliar a velocidade em que o veículo trafegava no momento do choque que matou o jovem. A falta de isolamento do local – o que poderia ter sido feito pelos policiais que abordaram os jovens – foi, segundo Bárbara, uma perda irreparável para a compreensão do que se passou dentro do Túnel Acústico.
“Poderíamos fazer uma perícia no local. Mas sem a preservação das características da área logo após o acidente, a investigação fica prejudicada. Usaremos os laudos periciais e informações de radares e câmeras de trânsito”, explicou.
A investigação sobre o que se deu nas horas que antecederam o atropelamento vai incluir, segundo a delegada, um levantamento dos bares e lojas de conveniência da região do Leblon, Lagoa e áreas próximas. O objetivo é saber se os jovens do Siena e do Honda Civic que entraram na parte interditada ao tráfego consumiram bebidas alcoólicas. Caso fique comprovado consumo de álcool ou que os jovens disputavam um racha, a situação dos motoristas e caronas pode se complicar. “Se a falta de cuidado que contribuiu para o acidente passar dos limites aceitáveis, isso configura dolo eventual. Isso tem sido usado para qualificar crimes e o homicídio deixaria de ser culposo”, explicou Bárbara. Na prática, os envolvidos deixariam de ser indiciados por um crime de trânsito comum – um acidente – e poderiam ser considerados assassinos, levados a júri popular e com penas de prisão.
Depoimentos – Nesta quinta-feira deve ser ouvido, na 15ª DP, o jovem identificado apenas como André, que viajava no carona do Siena. Um advogado informou à delegada que o rapaz está chocado e pediu para que o depoimento, previsto para quarta-feira pela manhã, fosse adiado.
Durante o velório de Rafael, os amigos que acompanhavam o jovem, Luiz e João Pedro, afirmaram que chegaram a ouvir gritos quando os dois carros passaram pelo túnel, em direção à Barra da Tijuca – sentido em que o trânsito estava liberado – e que acreditam que os carros apostavam um pega. Segundo Bárbara Lomba, o que os rapazes disseram à polícia foi simplesmente um relato do que se passou, e não pode ser considerado depoimento. Passado o choque da perda do amigo, eles poderão dar detalhes como a velocidade dos carros e o local do choque – que será comparado com o local para onde Rafael foi lançado.
Se a Polícia Militar não ajudou muito, a participação de um morador de rua foi decisiva para descobrir a identidade do motorista que atropelou e matou o jovem Rafael Mascarenhas, 18 anos, filho da atriz Cissa Guimarães. Foi um “mendigo que caminhava dentro do túnel”, segundo um bombeiro que socorreu a vítima, quem anotou a placa do Siena preto conduzido pelo jovem Rafael de Souza Bussamra, que confessou o atropelamento.
De acordo com o cabo Cunha, que participou do resgate, no momento do atendimento o morador de rua informou a placa do veículo. O bombeiro também informou que, diferentemente do que dizem os jovens envolvidos no atropelamento, não veio de um celular a ligação que originou o atendimento. “Recebemos o chamado de um telefone fixo da região, de um morador que assistiu parte da cena pela janela de seu prédio”, disse Cunha.
A falha da Polícia Militar ficou evidente com a apreensão do Siena pela Polícia Civil. O veículo chegou na manhã desta quarta-feira à 15ª DP (Gávea) com a frente destruída. Os policiais que abordaram o veículo momentos após o atropelamento afirmaram que “não suspeitaram” de nada estranho e, como não presenciaram o acidente, deixaram os jovens seguir viagem. A postura da PM inicialmente foi a de justificar a explicação dos policiais com a tese de que, à noite, não seria possível perceber avarias no carro. Mas, assim que o carro foi mostrado, os dois policiais foram afastados do serviço de rua.
A delegada Bárbara Lomba, que conduz a investigação sobre o atropelamento, usará o resultado da perícia no Siena, concluída na tarde desta quarta-feira, para avaliar a velocidade em que o veículo trafegava no momento do choque que matou o jovem. A falta de isolamento do local – o que poderia ter sido feito pelos policiais que abordaram os jovens – foi, segundo Bárbara, uma perda irreparável para a compreensão do que se passou dentro do Túnel Acústico.
“Poderíamos fazer uma perícia no local. Mas sem a preservação das características da área logo após o acidente, a investigação fica prejudicada. Usaremos os laudos periciais e informações de radares e câmeras de trânsito”, explicou.
A investigação sobre o que se deu nas horas que antecederam o atropelamento vai incluir, segundo a delegada, um levantamento dos bares e lojas de conveniência da região do Leblon, Lagoa e áreas próximas. O objetivo é saber se os jovens do Siena e do Honda Civic que entraram na parte interditada ao tráfego consumiram bebidas alcoólicas. Caso fique comprovado consumo de álcool ou que os jovens disputavam um racha, a situação dos motoristas e caronas pode se complicar. “Se a falta de cuidado que contribuiu para o acidente passar dos limites aceitáveis, isso configura dolo eventual. Isso tem sido usado para qualificar crimes e o homicídio deixaria de ser culposo”, explicou Bárbara. Na prática, os envolvidos deixariam de ser indiciados por um crime de trânsito comum – um acidente – e poderiam ser considerados assassinos, levados a júri popular e com penas de prisão.
Depoimentos – Nesta quinta-feira deve ser ouvido, na 15ª DP, o jovem identificado apenas como André, que viajava no carona do Siena. Um advogado informou à delegada que o rapaz está chocado e pediu para que o depoimento, previsto para quarta-feira pela manhã, fosse adiado.
Durante o velório de Rafael, os amigos que acompanhavam o jovem, Luiz e João Pedro, afirmaram que chegaram a ouvir gritos quando os dois carros passaram pelo túnel, em direção à Barra da Tijuca – sentido em que o trânsito estava liberado – e que acreditam que os carros apostavam um pega. Segundo Bárbara Lomba, o que os rapazes disseram à polícia foi simplesmente um relato do que se passou, e não pode ser considerado depoimento. Passado o choque da perda do amigo, eles poderão dar detalhes como a velocidade dos carros e o local do choque – que será comparado com o local para onde Rafael foi lançado.
Léo Pinheiro
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