sexta-feira, 7 de maio de 2010

Documentário sobre bebês levanta polêmica sobre trabalho infantil nos EUA

Ponijao, o bebê da Namíbia, personagem do documentário 'Babies' / AP

LOS ANGELES - Os bebês que aparecem no cinema e na televisão são como as divas. É o que exigem as leis da Califórnia: os bebês precisam de uma declaração de seu médico e autorizações legais antes de poder ser estrelas. Só podem estar em frente às câmeras 20 minutos ao dia. Devem estar acompanhados tanto por uma enfermeira como por um professor do estúdio - ambos pagos pelos produtores. Também devem ter pelo menos 15 dias de nascidos.
Mas os cineastas por trás de ''Babies'', um documentário que estreia nesta sexta-feira nos Estados Unidos (assista ao trailer) , dizem que eles não tiveram que se preocupar com nada disso. Mostram os quatro astros internacionais do filme ainda no útero e logo os filmam sem incomodá-los em seus ambientes naturais, como ''um filme de natureza sobre bebês humanos'', disse a produtora Amandine Billot.
Ainda assim, o filme pode ter violado as rígidas leis da Califórnia sobre o trabalho infantil, pois uma de suas estrelas é desse estado.
A lei é clara e se aplica a qualquer tipo de produção audiovisual que use crianças no estado, incluindo documentários, afirmou Toni Casala, que criou õ site ChildrenInFilm.com, um recurso na internet para pais e produtores que querem colocar seus filhos em frente às câmeras.
Apresentado sem narração ou diálogo, ''Babies'' acompanha quatro bebês de diferentes partes do mundo desde seu nascimento até seus primeiros passos. O público pode ver Ponijao e sua vida tradicional na cultura Himba na Namíbia; Bayarjargal, o filho de nômadas na Mongólia; Mari, que cresce no coração de Tóquio; e Hattie, uma menininha de São Francisco.
O diretor Thomas Balmes contou que quis mostrar a universalidade do amor paternal e o desenvolvimento dos filhos, levando em consideração as diferenças geográficas e culturais.
O diretor francês explicou que ele mesmo rodou a maioria das imagens, tratando de perturbar seus protagonistas o mínimo possível, e filmando apenas com luz natural.
Mas se alguém se queixar de ''Babies'' para o escritório do comissariado de trabalho estatal, uma investigação poderia começar, disse o advogado do escritório, David Gurley.
Quem quebra a lei enfrenta multas entre US$ 50 e US$ 5 mil dólares por violação, afirmou Gurley, acrescentando que o escritoório do comissariado do trabalho também poderia ''impedir que um cineasta obtenha uma autorização para filmar na Califórnia no futuro''.
Billot e Balmes defendem que não fizeram nada ilegal porque os bebês em seu filme não estavam trabalhando.
- A lei do trabalho infantil da Califórnia só se aplica a empregados, e Hattie nunca foi nossa empregada. Assim como os cineastas que produzem filmes sobre a natureza buscam integrar-se a seu meio ambiente, nós nos propusemos a criar um filme sobre bebês humanos sendo o menos intrometidos possível. Em poucas palavras, observamos silenciosamente e gravamos as atividades dos bebês - explica o diretor


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