sábado, 8 de maio de 2010

Exame pioneiro detecta vestígios de consciência em mulher em coma há 5 anos


Um exame de ressonância magnética pioneiro, realizado no hospital de Addenbrooke, em Cambridge, no Reino Unido, indicou que pacientes em estágios avançados de coma podem ter consciência sobre o ambiente ao seu redor.

A paciente Christine Simpson, de 58 anos, mãe de dois filhos, que sofreu um grave acidente vascular cerebral há cinco anos, foi uma das primeiras a experimentar a técnica, batizada de Ressonância Magnética Funcional, como parte de um estudo maior.
O marido de Simpson, Colin, viu na oportunidade uma forma de provar que Christine tem consciência e é capaz de mover os olhos para cima e para baixo para responder sim e não, embora os médicos que acompanhem o caso afirmem que isso não é possível.
"Estes médicos de Cambridge parecem perceber o que se passa com pessoas como Christine - eles acreditam", afirmou Colin Simpson à BBC, acrescentando que pessoas como ela precisam ser capazes de comunicar desejos, compreensões e pensamentos.

Respostas
Ao todo, 54 pessoas em coma ou com lesões cerebrais graves foram examinadas por especialistas do Conselho para Pesquisa Médica de Cambridge e por estudiosos da Bélgica.
Os médicos pediram aos pacientes para que imaginassem jogar tênis – o que ativa determinada parte do cérebro – ou andar e dirigir, que utiliza outra parte.
Dessa forma, os médicos podem interpretar os exames como respostas "sim" ou "não" às suas perguntas.
Cinco dos pacientes foram capazes de modular a sua atividade cerebral de forma perceptível aos aparelhos, dessa forma, sendo interpretados como respostas pelos médicos.
Para Christine Simpson, pediram que ela respondesse várias perguntas e que se imaginasse caminhando pela casa.
"Ela não conseguiu fazer a parte do tênis, mas o fato de ter respondido às outras ordens prova o que sabíamos, que ela está consciente do que está acontecendo", disse o marido.
No entanto, os resultados não são unanimidade na comunidade médica.

'Cuidado'
O neurologista Richard Burton, do hospital de Mount Zion, em San Francisco, questionou a natureza da suposta consciência verificada nos testes.
Para ele, é preciso cuidado para não interpretar demais os resultados, já que se sabe pouco sobre os processos de pensamento registrados, se é que eles realmente estariam ocorrendo.
"Se você analisar exames como estes, pode dizer que áreas estão ativas, mas não saberá se isso corresponde à ação de falar com os pacientes", disse Burton.
O médico também ressalta o dilema emocional para famílias, já que para muitos é mais fácil se acostumar com a ideia de que uma pessoa amada está totalmente inconsciente.
Para ele, se for aberta a possibilidade de que existe consciência nesses pacientes, muitos podem se desesperar pensando que eles vivem em uma prisão.
"Essa é a pior possibilidade possível já que cada parente tem uma concepção diferente do que deveria acontecer."
Christine Simpson, por exemplo, hoje vive em um asilo, já que precisa de atendimento 24 horas por dia. O marido a visita e a leva para casa nos fins de semana.



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