domingo, 14 de novembro de 2010

O terror no Rio


Na manhã desta sexta-feira, foi encontrado, nas proximidades do Morro da Serrinha, em Madureira, no Rio, mais um carro incendiado em cujo interior havia quatro corpos carbonizados. Há, portanto, nítidos indícios, muito embora as autoridades policiais não confirmem até agora, de que a "chefia" do poder paralelo no Rio - boa parte dela já encarcerada em penitenciárias de segurança máxima fora do estado - resolveu, em represália ao avanço da Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), acrescentar à sua estratégia de atuação práticas criminosas que desafiem o poder público e implantem o clima de pânico no seio populacional.
É a vingança pela perda de lucros com o sucesso das UPPs. Imaginam criar um cenário de violência que dificulte sobremodo as estratégias policiais de contenção. Não bastam só os arrastões. O narcoterrorismo agora também resolveu, mesmo sem nada roubar na abordagem a motoristas em vias públicas, incendiar imediatamente os véiculos. Em menos de três dias, foram seis carros incendiados no Rio. No bairro do Flamengo, os dois veículos alvos da ação do terror estavam estacionados sem a presença dos motoristas, tiveram os vidros quebrados e coquetéis molotov arremessados em seu interior. Ação típica de terrorismo urbano, que coloca em xeque a efetividade do planejamento policial preventivo. É preciso também investigar se outros tipos de explosivos foram utilizados nos ataques que redundaram na queima dos veículos.
A polícia do Rio está gravemente desafiada e precisará dar a resposta à altura antes que se torne impotente face a uma ação marginal inusitada e de dificílima prevenção e repressão. A polícia não poderá esperar mais que aconteça para desferir a ofensiva legal, sob pena do clima de insegurança e de pânico gerar até mesmo a grave perturbação da ordem pública. É inadmissível que o poder legal seja desafiado dessa forma por narcoterroristas que, embora enfraquecidos em suas bases, parece que pagarão muito caro pela rendição. A ação policial (pró-ativa) terá que se antecipar o quanto antes à atuação dos "bondes do terror". É necessário acabar com o crime na origem (nos redutos do tráfico). Ali há armas e perigosos delinquentes que, em liberdade, causam inquietação.
Tal ação marginal desafiadora é, portanto, extremamente preocupante. Por enquanto, aguarda-se qual será a nova tática de atuação na nova estratégia do poder paralelo para se manter atuante: o "terror no asfalto". A polícia vai ter que se antecipar. Quer queira, quer não. A sociedade precisa de uma rápida e eficaz resposta. Incendiar carros é ação típica de terror.


*Milton Corrêa da Costa é Coronel da PM do Rio na reserva

Este texto foi escrito por um leitor do Globo


O Globo

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