domingo, 23 de maio de 2010

Bauru:Cesarianas são 58% dos partos em 68 cidades da região, aponta estudo


O Sistema Estadual de Análise de Dados (Fundação Seade) divulgou um levantamento com base no ano de 2008 mostrando que o parto normal não está na lista das prioridades das gestantes do Interior paulista. É cada vez menor o número de mulheres que optam pelo processo natural para dar à luz. Do total de nascimentos registrados no Estado, apenas 43,3% das mães tiveram seus filhos pelo modo normal. No Departamento Regional de Saúde (DRS/6) de Bauru, o índice é de 41,7%. Dos 21.696 nascidos vivos nos 68 municípios que compõem a regional, 41,7% foram de partos normais e o restante cesariana (58,3%).
Na região, há municípios como Botucatu (100 quilômetros de Bauru), Dois Córregos (73 quilômetros de Bauru), Presidente Alves (56 quilômetros de Bauru) e outros que fizeram a lição de casa e conquistaram um indicador acima da média regional. Convênios, incentivos e campanhas tentam convencer as gestantes que o parto normal é o melhor caminho para a mulher e a criança.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o número de cesarianas não ultrapasse os 15%. Na região, alguns municípios ultrapassam e muito esses índices, beirando os 100%. Em Macatuba (46 quilômetros de Bauru), no ano de 2008 só 13,9% das mulheres optaram pelo parto normal. Pederneiras não ficou muito atrás, só 15,3%, Bocaina 15,8% e Barra Bonita 29,2% dentre outros.
Segundo a demógrafa da Seade Lúcia Yazaki, se criou uma cultura de cesáreas no País e, para revertê-la, são necessárias campanhas de conscientização. “Desde a década de 90, o Ministério da Saúde vem trabalhando campanhas de incentivo ao parto normal, mas o número de cesáreas ainda é alto. É preciso um trabalho muito forte para tentar educar os dois lados, as mães e os médicos”.
A cultura enraizada na população feminina de que a cesariana é o melhor caminho para a maternidade é o principal problema enfrentado pelos municípios. Em muitos deles, há programas desenvolvidos com gestantes apontando os benefícios do parto normal que não emplacam. A questão da dor do parto, inúmeras vezes mostrada e comentada pelas mães e avós é outro item que as futuras mamães levam em consideração na escolha do parto.
O estudo do boletim SP Demográfico, elaborado pela Fundação Seade, é com base nos nascimentos ocorridos em 2008 e registrados nos cartórios de todos os municípios paulistas. Ele mostra que, a cada ano, aproximadamente 602 mil mulheres tornam-se mães no Estado de São Paulo. Entre essas, 44% vivenciam a maternidade pela primeira vez e 32%, pela segunda. Apenas 10% delas passam por esta experiência mais de quatro vezes.
O estudo aponta também que fecundidade das paulistas diminuiu pela metade entre 1980 e 2008, quando passou de 3,4 para 1,7 filho por mulher. Esta redução ocorreu em todo o Estado, de modo que as diferenças regionais não são muito grandes. Mesmo assim, nota-se que na região Noroeste registram-se as menores taxas de fecundidade do Estado.
No início da vida reprodutiva, quando as mulheres têm entre 15 e 19 anos, a fecundidade é relativamente baixa: em 2008, no Estado de São Paulo, ocorreram cerca de 55 nascimentos para cada mil mulheres nessa faixa etária. Naquele ano, a maioria das residentes em São Paulo que deu à luz tinha entre 20 e 30 anos (aproximadamente 86 nascidos para cada mil mulheres desse grupo de idade).

Rita de Cássia Cornélio
Jornal da Cidade de Bauru

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