Novo estudo reforça a importância de avaliar a doença desde cedo. Saiba como prevenir e tratar
Fazer testes de sangue para avaliar o nível do colesterol em crianças pequenas não era uma prática comum nos consultórios há dez anos. Hoje, os médicos acreditam que cerca de 30% das crianças brasileiras tenham esse problema – não existe estimativa do Ministério da Saúde. Um novo estudo, realizado pela West Virginia University, nos Estados Unidos, reforça a importância de todas as crianças, independente de histórico familiar da doença, terem os níveis de colesterol avaliados e, se necessário, medicadas o quanto antes. Um dos resultados da pesquisa mostrou que mais de 1% de todas as crianças da quinta série (com idade entre 10 e 11 anos) apresentaram colesterol alto e 1/3 dessas não tinham parentes com o problema.
A alimentação inadequada, a falta de atividade física e a genética são os responsáveis por esse desequilíbrio. Um estudo realizado em Pernambuco com 414 crianças mostrou que 30% delas tinham o diagnóstico – e apenas 4% estavam acima do peso. “Isso é o que mais assusta os pais: como meu filho é magro, está bem disposto e tem colesterol alto?”, diz Yeda Jatene, cardiologista do Hospital do Coração (SP) e uma das maiores especialistas no Brasil.
Quando a pediatra de Gustavo, hoje com 2 anos, pediu alguns exames complementares, a mãe, Cristina Rivanda Toledo, 32 anos, empresária, nem imaginava que o garoto, sempre com o peso adequado para a faixa etária, poderia ter colesterol alto. Avaliações com nutricionistas mostraram o que estava errado. Durante a semana, ele comia mais bolachas recheadas e frituras do que deveria e, aos sábados e domingos, não seguia uma rotina. Gustavo não consumia mais do que precisava, ele simplesmente não comia alimentos saudáveis. E esse é o quadro que se repete na maioria das avaliações feitas pelos pediatras. Uma pesquisa de Porto Alegre, feita em 2005 com 350 crianças de 3 a 4 anos, mostrou que mais de 60% comiam bolachas recheadas, fast-food e outras refeições compradas prontas com 1 ano e que o jantar era substituído por lanche.
Muitas crianças com colesterol alto não estão acima do peso nem têm pais com histórico do problema
Outro fator que surpreendeu Cristina foi a falta de sintomas do filho. Ela ainda não sabia que o colesterol alto na infância, seja ou não genético, não causa mesmo nenhuma alteração perceptível nas crianças. Elas não vão se sentir mais cansadas, ter pressão alta ou sentir dores no peito. E é aí que está o perigo. “Alguns estudos mostram que há deposição de placas de gordura nas artérias ainda na infância”, diz Luiz Eduardo Calliari, endocrinologista do Hospital São Luiz (SP). Na fase adulta ele vai ter mais chances de desenvolver algum problema cardiovascular e circulatório importante. Um estudo feito no ano passado com 43.165 clientes de uma empresa que comercializa planos de saúde revelou que, de 2004 a 2008, subiu de 18% para 25,4% a quantidade de pessoas com colesterol alterado.
Mudança de hábito
Melhorar a alimentação da criança é a primeira fase do tratamento – e também da prevenção. Foi assim com Nicole, hoje com 8 anos. Ela descobriu a doença há um ano. Sua mãe, Ellen Araújo, 39 anos, administradora de empresas, fez muitas trocas no cardápio até que a filha ficasse com a saúde em ordem. Os alimentos que aumentam o colesterol precisaram ser substituídos. Essa mudança, associada à prática de exercícios, ajuda a reduzir o colesterol ruim, o LDL. Saem carnes vermelhas gordurosas, derivados de leite (em especial os integrais), bolacha recheada, sorvete de massa, frituras e embutidos. Entram azeite de oliva, cereais, leite desnatado, frutas, verduras e legumes.
O mesmo deve acontecer na escola. Em alguns colégios, as cantinas já deixaram de vender alimentos fritos, por exemplo. Em outros, uma nutricionista prepara refeições especiais para os alunos com colesterol alterado a partir do cardápio do dia. A comida não é muito diferente da servida para os outros alunos para a criança não ficar desestimulada a fazer a dieta.
Outro diagnóstico comum na infância é o HDL, o colesterol bom, abaixo do esperado. Ele é importante porque recolhe do sangue as sobras de colesterol, fazendo que não seja depositado nas nossas artérias; ajuda na formação da membrana celular e é base para formação de hormônios sexuais. Essa alteração acontece porque as crianças hoje são mais sedentárias. O ideal é que seu filho faça atividade física todos os dias por pelo menos 50 minutos. Parece muito, mas pense como o tempo passa rápido quando ele está em uma partida de futebol. Se na sua casa não tem espaço, leve seu filho para andar de bicicleta ou inscreva-o em esportes que ele goste. O ideal não é fazer uma atividade intensa, mas, sim, prolongada.
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Colesterol em crianças: Inimigo silencioso
Crescer
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A alimentação inadequada, a falta de atividade física e a genética são os responsáveis por esse desequilíbrio. Um estudo realizado em Pernambuco com 414 crianças mostrou que 30% delas tinham o diagnóstico – e apenas 4% estavam acima do peso. “Isso é o que mais assusta os pais: como meu filho é magro, está bem disposto e tem colesterol alto?”, diz Yeda Jatene, cardiologista do Hospital do Coração (SP) e uma das maiores especialistas no Brasil.
Quando a pediatra de Gustavo, hoje com 2 anos, pediu alguns exames complementares, a mãe, Cristina Rivanda Toledo, 32 anos, empresária, nem imaginava que o garoto, sempre com o peso adequado para a faixa etária, poderia ter colesterol alto. Avaliações com nutricionistas mostraram o que estava errado. Durante a semana, ele comia mais bolachas recheadas e frituras do que deveria e, aos sábados e domingos, não seguia uma rotina. Gustavo não consumia mais do que precisava, ele simplesmente não comia alimentos saudáveis. E esse é o quadro que se repete na maioria das avaliações feitas pelos pediatras. Uma pesquisa de Porto Alegre, feita em 2005 com 350 crianças de 3 a 4 anos, mostrou que mais de 60% comiam bolachas recheadas, fast-food e outras refeições compradas prontas com 1 ano e que o jantar era substituído por lanche.
Muitas crianças com colesterol alto não estão acima do peso nem têm pais com histórico do problema
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Mudança de hábito
Melhorar a alimentação da criança é a primeira fase do tratamento – e também da prevenção. Foi assim com Nicole, hoje com 8 anos. Ela descobriu a doença há um ano. Sua mãe, Ellen Araújo, 39 anos, administradora de empresas, fez muitas trocas no cardápio até que a filha ficasse com a saúde em ordem. Os alimentos que aumentam o colesterol precisaram ser substituídos. Essa mudança, associada à prática de exercícios, ajuda a reduzir o colesterol ruim, o LDL. Saem carnes vermelhas gordurosas, derivados de leite (em especial os integrais), bolacha recheada, sorvete de massa, frituras e embutidos. Entram azeite de oliva, cereais, leite desnatado, frutas, verduras e legumes.
O mesmo deve acontecer na escola. Em alguns colégios, as cantinas já deixaram de vender alimentos fritos, por exemplo. Em outros, uma nutricionista prepara refeições especiais para os alunos com colesterol alterado a partir do cardápio do dia. A comida não é muito diferente da servida para os outros alunos para a criança não ficar desestimulada a fazer a dieta.
Outro diagnóstico comum na infância é o HDL, o colesterol bom, abaixo do esperado. Ele é importante porque recolhe do sangue as sobras de colesterol, fazendo que não seja depositado nas nossas artérias; ajuda na formação da membrana celular e é base para formação de hormônios sexuais. Essa alteração acontece porque as crianças hoje são mais sedentárias. O ideal é que seu filho faça atividade física todos os dias por pelo menos 50 minutos. Parece muito, mas pense como o tempo passa rápido quando ele está em uma partida de futebol. Se na sua casa não tem espaço, leve seu filho para andar de bicicleta ou inscreva-o em esportes que ele goste. O ideal não é fazer uma atividade intensa, mas, sim, prolongada.
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