A droga mistura merla, crack e maconha em um só cigarro. Entre os locais de consumo estão o Setor Comercial Sul, a Rodoviária do Plano Piloto, Sobradinho e Paranoá. Autoridades públicas ainda não reconhecem sua entrada na capital federal
A merla é uma junção de ácido sulfúrico, querosene, cal virgem e outros produtos. Também derivado da cocaína, o crack é composto de bicabornato de sódio ou amônia e água destilada. Tanto um quanto o outro produzem efeitos rápidos, como síndromes de abstinências graves, ou seja, uma sensação de desespero extremo provocado pela falta no organismo. Imagine o dano que as duas drogas podem causar ao ser humano se usadas juntas. Mesmo diante do risco, usuários do DF têm consumido o entorpecente desta forma: mesclado.
Além de merla e crack, o mesclado também leva maconha. A droga é bastante consumida em cidades grandes do país, como Rio de Janeiro e São Paulo. Lá, as três substâncias são vendidas em forma de cigarro. Em Brasília, as autoridades públicas ainda não reconhecem a entrada desse alucinógeno no mercado negro do narcotráfico. Mas o Correio entrevistou dependentes dessa mistura que pode provocar até câncer em quem a usa. Com base no depoimento deles, mapeamos algumas áreas onde o mesclado chegou.
Em Ceilância, seria a QNP 36, perto do Condomínio Pôr do Sol. O consumo do mesmo alucinógeno é feito por jovens do Cruzeiro no Parque da Cidade. Distante dali, mas ainda no Plano Piloto, o mesclado tem feito a cabeça de usuários do Setor Comercial Sul e das imediações da Plataforma da Rodoviária. Em Sobradinho, o uso da droga ocorre na Fercal. No Paranoá, os dependentes estão espalhados por várias quadras do Itapoã.
Mesmo diante do quadro de invasão do mesclado no DF, as autoridades ainda ignoram sua chegada. “Qual é a novidade?”, ironizou o diretor da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) da Polícia Civil, delegado João Emílio, ao ser questionado pelo Correio sobre esse novo tipo de entorpecente que entrou no DF. Em Santa Maria, a polícia admite que a mistura de alucinógenos é comum entre jovens. “Não sabia que o nome disso é mesclado”, disse o comandante da 14ª Companhia de Polícia Militar Independente (14ªCPMind), tenente-coronel Marcus Fialho. “A gente identifica que a substância consumida é droga, a descreve, mas somente o Instituto de Criminalística (IC) é que vai determinar qual o tipo de alucinógeno”, explicou ele.
Alguns traficantes do Distrito Federal já estão vendendo cigarros mesclados com maconha, crack e merla. O preço varia de R$ 10 a R$ 15. Mas a maioria prefere vender os insumos separadamente, pois o lucro é maior. Uma pedra de crack custa, em média, R$ 5. Já a lata de merla varia de R$ 50 a R$ 70. O cigarro de maconha pode ser adquirido por até R$ 5.
A adolescente Luísa* trocou os estudos pelo submundo das drogas. Com 15 anos, ela já era viciada em maconha. Com essa mesma idade, experimentou o mesclado. “Uma mulher se aproximou de mim e perguntou se eu estava a fim de fumar um. Achei o gosto diferente, mas gostei. Naquela noite, fumei uns 40 deles”, lembra a moradora de Valparaíso (GO). Luisa tem 16 anos e está internada numa clínica a 25km do Plano Piloto.
Com ela, outros jovens também tentam vencer o vício das drogas. Bárbara*, 17, era travesti no Setor de Diversões Sul. Ela admite ter usado cocaína. Mas afirmou que nunca experimentou o mesclado. “Muitas de minhas amigas, que trabalham no Conic, são viciadas nesse tipo de mistura. O tráfico lá corre solto”, disse o jovem, que morava no Paranoá.
A merla é uma junção de ácido sulfúrico, querosene, cal virgem e outros produtos. Também derivado da cocaína, o crack é composto de bicabornato de sódio ou amônia e água destilada. Tanto um quanto o outro produzem efeitos rápidos, como síndromes de abstinências graves, ou seja, uma sensação de desespero extremo provocado pela falta no organismo. Imagine o dano que as duas drogas podem causar ao ser humano se usadas juntas. Mesmo diante do risco, usuários do DF têm consumido o entorpecente desta forma: mesclado.
Além de merla e crack, o mesclado também leva maconha. A droga é bastante consumida em cidades grandes do país, como Rio de Janeiro e São Paulo. Lá, as três substâncias são vendidas em forma de cigarro. Em Brasília, as autoridades públicas ainda não reconhecem a entrada desse alucinógeno no mercado negro do narcotráfico. Mas o Correio entrevistou dependentes dessa mistura que pode provocar até câncer em quem a usa. Com base no depoimento deles, mapeamos algumas áreas onde o mesclado chegou.
Em Ceilância, seria a QNP 36, perto do Condomínio Pôr do Sol. O consumo do mesmo alucinógeno é feito por jovens do Cruzeiro no Parque da Cidade. Distante dali, mas ainda no Plano Piloto, o mesclado tem feito a cabeça de usuários do Setor Comercial Sul e das imediações da Plataforma da Rodoviária. Em Sobradinho, o uso da droga ocorre na Fercal. No Paranoá, os dependentes estão espalhados por várias quadras do Itapoã.
Mesmo diante do quadro de invasão do mesclado no DF, as autoridades ainda ignoram sua chegada. “Qual é a novidade?”, ironizou o diretor da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) da Polícia Civil, delegado João Emílio, ao ser questionado pelo Correio sobre esse novo tipo de entorpecente que entrou no DF. Em Santa Maria, a polícia admite que a mistura de alucinógenos é comum entre jovens. “Não sabia que o nome disso é mesclado”, disse o comandante da 14ª Companhia de Polícia Militar Independente (14ªCPMind), tenente-coronel Marcus Fialho. “A gente identifica que a substância consumida é droga, a descreve, mas somente o Instituto de Criminalística (IC) é que vai determinar qual o tipo de alucinógeno”, explicou ele.
Alguns traficantes do Distrito Federal já estão vendendo cigarros mesclados com maconha, crack e merla. O preço varia de R$ 10 a R$ 15. Mas a maioria prefere vender os insumos separadamente, pois o lucro é maior. Uma pedra de crack custa, em média, R$ 5. Já a lata de merla varia de R$ 50 a R$ 70. O cigarro de maconha pode ser adquirido por até R$ 5.
A adolescente Luísa* trocou os estudos pelo submundo das drogas. Com 15 anos, ela já era viciada em maconha. Com essa mesma idade, experimentou o mesclado. “Uma mulher se aproximou de mim e perguntou se eu estava a fim de fumar um. Achei o gosto diferente, mas gostei. Naquela noite, fumei uns 40 deles”, lembra a moradora de Valparaíso (GO). Luisa tem 16 anos e está internada numa clínica a 25km do Plano Piloto.
Com ela, outros jovens também tentam vencer o vício das drogas. Bárbara*, 17, era travesti no Setor de Diversões Sul. Ela admite ter usado cocaína. Mas afirmou que nunca experimentou o mesclado. “Muitas de minhas amigas, que trabalham no Conic, são viciadas nesse tipo de mistura. O tráfico lá corre solto”, disse o jovem, que morava no Paranoá.
Abaixo-assinado
Enquanto as autoridades fazem vista grossa para a nova droga, a sociedade se mobiliza. O advogado Epitácio Farias de Brito Júnior, 36 anos, morador da 203 Norte, que tinha um parente dependente de crack, resolveu colher um abaixo-assinado(1) com 1,8 mil assinaturas — que corresponde a 1% do número de eleitores do DF — para que sejam criadas políticas públicas voltadas para a área de dependência química. Epitácio quer que seja, também, construído um hospital especializado na recuperação de dependentes. “Não é justo que se gaste mais de R$ 700 milhões para a reforma do Estádio Mané Garrincha e continuemos sem uma clínica, um hospital público especializado nesse tipo de socorro”, lamentou.
Somente pela manhã, Epitácio coletou mais de 400 assinaturas na Rodoviária do Plano Piloto. O casal Luciano Pereira de Oliveira, 22, e Carmem Rosa de Oliveira Silva, 24, são simpáticos à reivindicação dele. “Graças a Deus, não temos ninguém na família que é dependente de droga, mas apoiamos a iniciativa dele”, disse o balconista de lanchonete. Epitácio pretende levar o abaixo-assinado para outras localidades do DF, como Ceilândia, Taguatinga, Gama e Santa Maria. “Vamos conseguir vencer essa doença”
1 - Iniciativa popular
O Artigo 76 da Lei Orgânica do DF determina que a iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara Legislativa de Emenda a Lei Orgânica ou de projeto de lei devidamente articulado, justificado e subscrito por um mínimo de 1% dos eleitores, distribuídos em três zonas eleitorais, devendo ser assegurada a defesa do projeto por representantes dos autores perante as comissões nas quais tramitar.
(*) Nomes fictícios em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolesente
200kg apreendidos
Agentes da Companhia de Polícia Militar Ambiental (CPMA) apreenderam 200kg de maconha, na madrugada de ontem, em uma barreira policial montada na BR-080, zona rural de Brazlândia, durante a operação Boas Férias. De acordo com a CPMA, essa é a maior quantidade da droga retida no Distrito Federal em 2010.
O flagrante aconteceu por volta de 0h30 em uma blitz montada para fiscalizar os veículos que chegavam a Brasília e evitar o transporte ilegal de peixe e de armas. De acordo com agentes da 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia), um Ford EcoSport (placa não divulgada) passava pela via quando foi parado pelos policiais. Carlos Henrique Alves Almeida, 32 anos, e José Augusto Isídio Campos, 27, abandonaram o veículo no acostamento e fugiram para um matagal próximo, mas foram alcançados pela polícia.
R$ 5 mil
Detidos, foram encaminhados à 18ª DP, onde prestaram depoimento. “Os dois disseram que a droga tinha como origem a cidade de Uruaçu (GO) e que eles iriam repassar a mercadoria para um terceiro em Taguatinga. Ele receberiam em troca do transporte a quantia de R$ 5 mil”, explica o delegado plantonista da 18ª DP, Rogério Alencar. De acordo com ele, os dois homens já vinham sendo investigados pela 17ª DP (Taguatinga Norte).
Carlos Henrique e José Augusto foram encaminhados para o Departamento de Polícia Especializada (DPE), onde devem aguardar julgamento e poderão responder por tráfico de drogas, crime com pena de cinco a 15 anos de prisão, e por associação ao tráfico, delito com pena de três a 10 anos de detenção. A droga apreendida foi encaminhada ao Instituto de Criminalística para avaliação.
Palavra do especialista
“A união dos três compostos em um só cigarro significa a soma dos efeitos deletérios das substâncias ativas em si e dos produtos utilizados em sua preparação. Além da dependência física extrema em relação aos derivados da cocaína e à dependência psicológica das três, ainda somam-se os contaminantes e as substâncias utilizadas no preparo com efeitos cardíacos, pulmonares, gerais e inclusive aumentam o risco de câncer.”
Carlos Gropen, médico
O número
R$ 15
Preço cobrado por traficantes do Distrito Federal por um cigarro de mesclado
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