segunda-feira, 12 de julho de 2010

‘Eu vou matar ela’, teria dito Macarrão sobre Eliza Samudio



Tio conta que irmão do menor ouviu a frase na casa de Bruno.
Adolescente resolveu falar à polícia com medo do fantasma da estudante.

‘Eu vou matar ela!’. O alvo da ameaça, que teria partido de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, era Eliza Samudio, desaparecida no início de junho. A fase teria sido ouvida pelos irmãos do adolescente, de 17 anos, que confessou à polícia ter participado do sumiço e morte da ex-amante do goleiro Bruno, uma semana antes de seu desaparecimento.
As investigações só começaram no dia 24 de junho. No dia 28, o sobrinho telefonou para o tio pedindo ajuda. ”Meu sobrinho ligou pra mim, dias antes, falando assim: ‘meu tio, posso ficar na sua casa?’ Aí eu falei: ‘claro que pode, rapaz!’”.
Menor contou história porque tinha medo de fantasma de Eliza
Cinco dias depois, ele chegou desesperado à casa da família em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, resolveu desabafar e contou a história. “’Tô vendo Eliza toda hora, tô vendo Eliza!’ Aí falei: que história é essa? Vamos lá dentro. Aí, coloquei ele pra dentro, chorando muito, tremendo muito”, lembra o tio.
Ele conta que, furioso com a saída do menor de sua casa, Bruno teria exigido que o adolescente retornasse à Barra da Tijuca. Ele voltou, ficou incomunicável por dois dias, não atendia aos telefonemas do tio que, então, resolveu contar o que tinha ouvido na Rádio Tupi.
“O que me levou a denunciar foi o estado em que ele se encontrava. Ele chegou na minha casa pedindo socorro e depois eu não tinha contato com ele, não sabia o que estava acontecendo. Temi a morte dele, fiquei com medo de matarem ele”, afirma o tio. Após entrevistas à imprensa, a polícia do Rio entrou na investigação e apreendeu o menor na casa de Bruno.

Tio conta detalhes de ameaças
Ponto de partida para a reviravolta no desaparecimento de Eliza, o tio, que resolveu falar no intuito de proteger o sobrinho, agora teme pela própria vida e aguarda a resposta do pedido de inclusão no Programa de Proteção à Testemunha.
“Eu não tenho dormido direito, minha vida está sem sossego, e desespero. Mas já aconteceu, tem que encarar, tem que ir à luta. Recebi ligações que diziam: ‘Aí mané, se liga, já era, dessa vez tu vai, não tem saída para você’; ‘Tá dormindo, mané? Acorda aí, tu vai morrer’”, conta ele.
Segundo ele, a história começa quando o menor foi morar na casa do goleiro Bruno, há três meses. O adolescente pagava contas e ajudava nos serviços gerais. “Ele ficava ali, varria uma coisa, limpava outra, dava uma força dentro da casa”, lembra o tio.

Bruno havia prometido colocar primo na escola
O menor tem 17 anos e não tinha passagem pela polícia. É filho de uma cozinheira e de um motorista de ônibus. A família vivia em Minas Gerais, mas, com a separação do casal, o adolescente veio com a mãe e os três irmãos para São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. O jovem, que parou de estudar no 8º ano do ensino fundamental, foi convidado a passar fins de semana na casa de Bruno. As mordomias agradaram e o rapaz acabou ficando.
“Ele falou que já ia começar a estudar lá também, que tava fazendo umas coisas lá junto com Bruno, e que o Bruno já ia colocar ele na escola, só tava esperando os documentos dele da escola virem pra cá.”

Menor tentou tirar culpa de Bruno
O depoimento do menor foi o ponto de partida para a reviravolta no caso do desaparecimento de Eliza Samudio e para as prisões feitas ao longo desta semana. O jovem afirma que o jogador não presenciou o assassinato de Eliza. Ao contrário do que disse Sérgio, outro primo de Bruno. A polícia e o tio acreditam que o adolescente tentou proteger o goleiro durante o interrogatório.
“O Bruno ajudava a família, fazia tudo. Ele achava que se acontecesse isso, ia tudo água abaixo, ia perder as mordomias”, diz o tio. “O depoimento do menor mostrou coerência na narrativa depois que ele foi narrando e mostrou a frieza, a premeditação e a cadeia de fatos que foi organizado, planejado pra o desfecho que acabou acontecendo em Minas Gerais”, completa o delegado Felipe Ettore, da Delegacia de Homicídios do Rio.
Na vizinhança, o envolvimento do menor ainda causa surpresa: “Ele era uma pessoa muito boa, muito boa mesmo. Nunca passou pra gente uma pessoa ruim. Era uma pessoa muito amiga mesmo. A gente não esperava isso dele”.


G1

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