quinta-feira, 17 de março de 2011

Fenômeno 'terras caídas' pode extinguir comunidade em Santarém


Erosão feita pela água do Rio Amazonas está 'comendo' casas na várzea.
Cerca de 400 pessoas terão de ser retiradas do local, diz Defesa Civil.

Um fenômeno fluvial, conhecido popularmente como "terras caídas" e que costuma ocorrer com certa frequência na cidade de Santarém (PA), está ganhando força e assustando os moradores da comunidade de Fátima do Urucurituba, que fica às margens do Rio Amazonas. A correnteza do rio varreu um trecho de cerca de 500 metros de extensão, de um total de 1,3 mil metros, já destruiu dez casas e uma escola municipal. A destruição e o risco de mortes obrigou a Defesa Civil de Santarém considerar a região como área de risco e iniciar a retirada das 71 famílias, cerca de 400 pessoas que vivem no local.
Segundo Luiz Alberto da Cruz, secretário Municipal de Segurança Cidadã e coordenador da Defesa Civil de Santarém, trata-se de uma erosão provocada pela água, que bate nas encostas e derruba pequenas quantidades de terra e areia, que ficam assoreadas e criam pequenas ilhas às margens do rio.
Os últimos registros do "terras caídas" ocorreram nos dias 5 e 6 deste mês, tendo estabilizado no dia 7. "Esse é um fenômeno comum na região de várzea, mas sempre de forma moderada. Dessa vez aconteceu com mais força e a água 'comeu' uma grande faixa de terra. Acreditamos que em pouco tempo, se essa tendência continuar, a água do Rio Amazonas vai cobrir toda comunidade", disse o secretário.
Cruz afirmou ainda que a última vez que o fenômeno provocou uma erosão com força semelhante foi em 2009. "Por essa tendência de periodicidade, já tomamos algumas precauções e consideramos algumas regiões da comunidade como área de risco. Tiramos alguns moradores de suas casas e deslocamos as aulas da escola municipal para uma igreja. Se essa rotina continuar, a comunidade poderá ser extinta em pouco tempo."
Desde sábado, a Defesa Civil de Santarém está retirando os moradores de pelo menos dez casas que foram mais atingidas pelo fenômeno. "Destas dez casas, três foram totalmente destruídas e os moradores perderam tudo. As outras sete sofreram menos danos, mas estão condenadas. De qualquer forma, as famílias destas sete residências conseguiram recuperar seus bens." Os desabrigados estão recebendo doações de cestas básicas e sendo levados para abrigos temporários.
As aulas da Escola Municipal Tiradentes foram transferidas para a Igreja Nossa Senhora de Fátima, já que o prédio da unidade escolar, que é madeira, ficou completamente comprometido e foi levado pela água. "O ano letivo em Santarém é feito de acordo com o período de cheia. As aulas começam em agosto e seguem até abril. As crianças aqui estão no último mês de aula e logo entrarão em férias", disse Cruz.


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