sábado, 19 de março de 2011

"Minha competência incomoda", disse Sanguinetti a respeito de acusações feitas por promotor em Recife


“Sou vaidoso e a minha competência incomoda”, foi o que afirmou o perito médico legista George Sanguinetti referindo-se ao questionamento de sua idoneidade feito pelo promotor da 4ª Vara do Tribunal do Júri, José Edivaldo da Silva, em Recife.

O alagoano trabalhava na defesa do psicólogo e empresário Marco Antônio de Miranda, de 49 anos, acusado de assassinar por asfixia, em 2004, a esposa Soraya Ferreira Matos, na época com 16 anos de idade. Sanguinetti foi arrolado pelas testemunhas de defesa do empresário para depor sobre a perícia que realizou na cena do crime na época do incidente. Durante o julgamento, ocorrido nesta quarta-feira (16), o promotor José Edivaldo da Silva expôs ao Conselho de Sentença dos Jurados um documento expedido pela Secretaria de Defesa Social (SDS) de Alagoas, indicando que o Dr. George nunca foi médico legista nem pertenceu aos quadros estatutários, tampouco teria sido concursado.
De acordo com o documento, George Sanguinetti teria atuado apenas como diretor do Instituto de Medicina Legal (IML), razão pela qual não poderia ter atuado como Médico Legista. A Sociedade Brasileira de Medicina Legal reforçou a indicação da SDS.
O promotor pediu, então, a decretação da prisão em flagrante de George Sanguinetti, que se defendeu dizendo que era Coronel Médico Reformado da Polícia Militar em Alagoas e que somente poderia ser preso na presença de seu Comandante.
O Juiz entendeu que não era o caso de ser decretada a prisão do Dr. Sanguinetti e determinou a remessa de cópia dos autos para a Central de Inquéritos para que o MPPE apurasse os crimes apontados pelo Promotor do caso.

Defesa
Sanguinetti explicou ao Primeira Edição que é médico legista por uma legislação federal que permitia que professores concursados das universidades atuassem como especialista. “Tenho diploma do Conselho Federal de Medicina e em 1970 fiz concurso para a Ufal [Universidade Federal de Alagoas] para medicina legal. A lei dizia que quem fosse daquela ocasião tinha direito a requerer o título de legista. Então, quem já estava exercendo não precisa fazer outro concurso”, disse ele acrescentando que já anda com todos os documentos na bolsa para comprovar que tem competência para atuar. “Trabalho no Brasil inteiro e até no exterior. Se estivesse praticando algo ilegal, já teria sido preso”.
Para o médico legista, a atitude do promotor foi uma tentativa de desviar a atenção do julgamento. “O promotor não queria que eu mostrasse as minhas alegações. Ele queria desviar a atenção e perturbar o ambiente. Mas sou educado e fino e só ataco os erros. Mostrei ao juiz a minha qualificação e ele verificou que tinha habilitação. Isso foi motivado pela inveja e a minha competência incomoda. Sou médico legista e professor de medicina legal. Não sou associado porque militar não pode se sindicalizar nem se associar”.

O caso
A adolescente Soraya Ferreira Matos, 16 anos, foi encontrada morta no apartamento que morava há dois anos com o empresário, no bairro do Espinheiro, em dezembro de 2004. O Ministério Público defendeu a tese de que a garota foi estrangulada pelo psicólogo por conta de ciúmes de um suposto relacionamento que ela estaria mantendo com outra pessoa. A tese se baseia nos laudos do Instituto de Medicina Legal (IML).
Já a defesa argumentou que a adolescente tirou a própria vida se enforcando e traz como uma das principais testemunhas o perito George Sanguinetti, que foi contratado para fazer uma perícia na época do crime. Bastante conhecido, Sanguinetti atuou em casos famosos, como o PC Farias, que morreu em Alagoas na década de 90 e da menina Isabella Nardoni.
Marco Antônio de Miranda foi condenado a 15 anos de prisão. Como o réu já respondia ao processo em liberdade, porém, continuará livre da cadeia até que todas as apelações judiciais que lhe são permitidas sejam esgotadas.


Primeira Edição

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