sábado, 23 de janeiro de 2010

Pesquisa mapeia como bactéria resistente se espalhou pelo mundo

Cientistas utilizaram técnica inédita de análise de sequência de DNA.
MRSA é uma variante mais resistente do 'Staphylococcus aureus'.


Pode um surto de infecções por Staphylococcus aureus em um hospital de Londres estar relacionado com uma cepa da bactéria vinda do sudeste asiático? De acordo com uma pesquisa, publicada pela revista “Science”, sim.
Utilizando uma nova técnica de análise de sequências do DNA, pesquisadores britânicos mapearam pela primeira vez como a bactéria resistente a antibióticos, conhecida como MRSA, se espalhou pelo mundo nas últimas décadas.

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A pesquisa pode ajudar a entender como o MRSA é transmitido entre os países, de um hospital para outro e entre cada indivíduo.
“Mais de 30% das pessoas sadias carregam a bactéria Staphylococcus aureus (suscetível à meticilina) na pele e nas fossas nasais”, disse ao G1, Sharon Peacock, do Departamento de Medicine da Universidade de Cambridge e da Universidade Mahidol, na Tailândia, um dos autores do estudo.
“A MRSA é uma variante da bactéria, resistente à meticilina, é carregada pelas pessoas da mesma forma, porém em menor quantidade. Se um indivíduo colonizado pela bactéria viaja de um local para outro, isso dá a oportunidade dela se disseminar de uma pessoa para outra”, explicou Peacock.
A maioria das infecções por MRSA ocorre em hospitais e serviços de saúde e podem ser fatais. Os métodos atuais de comparação das cepas da bactéria coletadas dos pacientes não dá informações suficientes para definir precisamente a relação entre elas. O método desenvolvido pelos pesquisadores mapeia os genes de diferentes cepas de MRSA em pontos com poucas variações nas letras da sequência de DNA.

A pesquisa pode ajudar a entender como o MRSA é transmitido entre os países, de um hospital para outro e entre cada indivíduo

Os pesquisadores avaliaram a utilização do método em 63 amostras de uma linhagem da bactéria chamada de ST239. Essa é uma das linhagens resistentes aos antibióticos e responsável por grande parte dos casos de infecção hospitalar.


Cerca de dois terços das amostras analisadas vieram de vários locais do mundo e foram coletadas entre 1982 e 2003. Um terço das amostras foi coletada de pacientes de um hospital da Tailândia, em um período de sete meses.
A análise das amostras revelou que a linhagem ST239 se espalhou e se desenvolveu por diferentes regiões do mundo. “Essa linhagem é encontrada em grande parte dos países. Porém, o foco real de nosso trabalho não é definir qual a origem da linhagem. É mais do que isso. O foco está em entender a transmissão do MRSA entre os países, dentro deles e dentro dos hospitais”, explicou Peacock.
O estudo revela, por exemplo, como uma única linhagem de MRSA que infecta pacientes em um hospital da Tailândia sofreu mutações ao longo do tempo e se espalhou. “Entender isso, nos ajudará a desenvolver formas mais efetivas de prevenção da transmissão e da infecção”, disse Peacock.
De acordo com o pesquisador, as formas de controle atuais das infecções por MRSA são apenas parcialmente efetivas. “Uma das razões é que a bactéria é contraída antes do pacientes dar entrada no hospital, e nesse caso as formas de prevenção do contágio nos hospitais não serão eficazes”, afirmou.

Emilio Sant'Anna


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