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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Vídeo de brasileiro mostra caos em Porto Príncipe instantes após terremoto
Ele filmou igreja em que estava a médica Zilda Arns.
Imagens mostram desespero após destruição do prédio.
Quando o soldado brasileiro Luís Diego Morais ligou a câmera para filmar o desmoronamento da igreja Sacré Couer, no Haiti, não imaginava as proporções da tragédia que acabava de acontecer.
Ele filmou os primeiros momentos após o terremoto que abalou o Haiti na última terça-feira (12), e mostrou a o local onde morreu a missionária brasileira Zilda Arns.
As imagens mostram o desespero das pessoas que estavam ao redor da igreja e a poeira que se levantou após o desmoronamento do prédio. “Sumiu um monte de gente que estava aqui embaixo”, diz ele na gravação enquanto aponta para a pilha de tijolos que se transformou a Sacré Couer.
“Eu não senti tremor nenhum, pois estava na viatura. Não percebi o que era. Depois que baixou a poeira é que eu fui ver que era um terremoto”, afirma o militar. A única parte da frente da igreja que ficou intacta foi um crucifixo. Uma torre desabou e levou boa parte da estrutura do prédio.
Neste domingo (17), o soldado voltou ao local onde foi feita a filmagem e um haitiano que esteve até os últimos minutos com Zilda Arns conta o que aconteceu. “Ela fazia uma reunião com os capelães e falava como combatia a fome no Brasil.”
Zilda Arns acabava de fazer uma palestra quando dois prédios ruíram ao mesmo tempo. O soldado conta que também estava lá dentro, mas minutos antes, quando a fundadora da Pastoral da Criança estava quase saindo, teve ordens para esperar do lado de fora.
A brasileira indicada ao Prêmio Nobel da Paz, contudo, não teve o mesmo destino. “Ela era uma pessoa muito afetuosa, demonstrando bastante carinho com todos que estavam ali”, conta o militar.
A freira Rosângela Altoé estava com Zilda e também se salvou. “Eu fiquei desesperada e falei ‘Ai, meu Deus, onde está a doutora Zilda?’. Nessa hora, subiu uma poeira branca que cobriu tudo. Com o que aconteceu, era para eu estar junto e ter morrido.”
Militares brasileiros
O soldado Morais se salvou, mas não teve tempo para comemoração. Quatro colegas estavam desaparecidos e 14 tinham morrido soterrados. No Ponto Forte 22, onde ocorreu a maior tragédia brasileira, morreram dez soldados. No Forte Nacional, onde o Exército Brasileiro comandava um ponto de apoio, mais três baixas.
“Eu cheguei a ficar soterrado da cintura para baixo. Conforme eu ia me mexendo, as pedras iam se soltando e eu consegui sair de lá de dentro”, conta um militar brasileiro que conseguiu se salvar.
O Fantástico não obteve permissão para filmar o hotel onde funcionava a sede da ONU. Lá foi encontrado o corpo do brasileiro Luiz Carlos da Costa, embaixador das Nações Unidas. Ele foi indicado para a missão da ONU no Haiti em 2006 para um trabalho de integração entre civis, militares e policiais.
Bem perto do hotel, 24 bombeiros norte-americanos trabalhavam em um outro resgate. A mulher de um engenheiro está até agora lá dentro – viva, ele acredita. Horas antes, quase cinco dias depois da tragédia, eles ainda ouviam gritos pedindo socorro e teriam até recebido uma mensagem de texto pelo celular. Ainda que mínima, ainda existe uma ponta de esperança.
Fantástico
G1
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