segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Quase 40 mil grávidas estão sem assistência no Haiti


Pelo menos 37.000 mulheres grávidas estão nas ruas do Haiti à espera de ajuda após o terremoto que devastou o país na última terça-feira. Como grande parte da população de sobreviventes, as gestantes sofrem com a falta de comida, água potável e atendimento médico. O alerta foi feito neste domingo pela ONG Care.
A situação é crítica tanto para as grávidas quanto para as mães de recém-nascidos. Muitas mulheres dão de mamar aos filhos em plena calçada. As mães ou gestantes que procuram os hospitais se deparam com locais parcial ou totalmente destruídos. Os prédios em que é possível receber algum atendimento médico já estão completamente lotados por vítimas da tragédia.
"Há muitas mulheres grávidas nas ruas, assim como mães dando de mamar a seus bebês", disse Sophie Perez, diretora da Care no Haiti. "Também há mulheres dando à luz na rua, diretamente na rua. A situação é muito crítica. As mulheres tentam chegar ao hospital mais próximo, mas a maioria deles está cheio e é muito difícil elas conseguirem os cuidados que requerem", continuou. "As mães e seus filhos podem morrer por causa de complicações por falta de atendimento médico", completou Perez.
Segundo comunicado da ONG, aproximadamente 15% das mulheres enfrentam algum tipo de complicação no parto que exige assistência médica. A maioria das mortes no parto ocorre por hemorragia, infecção, trabalho de parto muito prolongado e hipertensão.
Antes mesmo da tragédia, a situação para as mães já não era boa no Haiti. No país mais pobre da América, em que metade da população tem menos de 18 anos, a taxa de mortalidade materna chega a 670 para cada 100.000 nascimentos – é a mais alta taxa do continente.

Mortes - A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou neste domingo sua estimativa do total de mortos pelo terremoto. O órgão, ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), acredita que haja entre 40.000 e 50.000 vítimas fatais no país.
"A OMS e a Organização Pan-Americana de Saúde consideram que o número de mortos está compreendido entre 40.000 e 50.000", afirma o documento sobre o Haiti assinado pelo Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU.
Os números estão de acordo com o último balanço das autoridades haitianas, que registrava 50.000 mortos e 250.000 feridos, além de 1,5 milhão de desabrigados e mais de 25.000 corpos resgatados até o momento.
"Vinte mil corpos foram oficialmente retirados pelo estado, sem contar aqueles retirados pela Missão das Nações Unidas no Haiti (Minustah), pelas ONGs e pelos voluntários, que somam por volta de 5.000 a 6.000", declarou o primeiro-ministro, Jean-Max Bellerive, no sábado (16) à agência de notícias France-Presse.

Sobreviventes - As equipes de resgate da ONU continuam com esperanças de encontrar sobreviventes sob os escombros, quase cinco dias depois do terremoto, anunciou neste domingo o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas. "A moral dos equipes de emergência continua sendo muito boa, apesar das dificuldades e das condições nas quais têm que trabalhar", afirmou a porta-voz da instituição, Elisabeth Byrs, em Genebra.
"Os socorristas mantém a determinação, já que é possível salvar vidas dos escombros. Não perdemos a esperança de encontrar outros sobreviventes", completou.

(Com agência France-Presse)

Leia no Blog Terremono no Haiti, por Diego Escosteguy

Os artigos mais raros de se encontrar no Haiti não são água e comida - são combustíveis e gourdes, a moeda haitiana. Combustíveis fazem falta; gourdes são irrelevantes: há trocas apenas em dólares ou por escambo. A minúscula economia haitiana morreu no terremoto.
Neste momento, haitianos já recebem água e mantimentos. Gasolina e demais combustíveis, contudo, sumiram. As únicas brigas que vi aconteceram em postos de combustível, nos quais haitianos se aglomeravam, erguendo galões vazios. Cheguei a pensar que estivessem em busca de água, até que divisei um deles deixando a fila aos empurrões, carregando um galão cheio de gasolina.


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