sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Traficantes tomam mercearia e exigem resgate


Uma mulher traumatizada, falida, com medo e vivendo escondida: assim poderia ser resumida hoje a história de uma comerciante de 60 anos, casada e mãe de cinco filhos. Depois de 30 anos dedicados a um negócio herdado dos pais, com muito suor e trabalho, ela viu sua vida ser arruinada de uma hora para outra
por um bando de traficantes de uma favela no Rio que ainda não foi pacificada. ArmaDos com fuzis e pistolas, os bandidos invadiram o local, expulsaram os funcionários, deram tiros para o alto, roubaram dinheiro do cofre e assumiram o controle do lugar.
Com medo de procurar a polícia — temendo ser morta pelos criminosos — e sem saber a quem recorrer, X. pediu ajuda esta semana ao blog FAVELA LIVRE, do GLOBO:
— Minha vida, da minha família e filhos, dos meus parentes está em risco. Não posso procurar os policiais
porque os traficantes podem descobrir e executar meus parentes. Estou falida, meus filhos deixaram a escola, meu marido largou o trabalho e estou deprimida — contou a senhora.
A comerciante assumiu o controle administrativo de uma mercearia que foi dos pais. Criou os filhos trabalhando duro. Ela contou que o mais surpreendente é que o negócio não fica no interior de nenhuma favela, mas distante. Numa avenida ocupada por outras lojas e postos de gasolina:
— Para chegar à favela mais próxima você precisa andar mais de quatro quilômetros. É distante. Mas isso
não adiantou: os bandidos chegaram armados, como fossem dono de tudo, como se fossem a lei.
A comerciante lembrou ainda que quando os criminosos chegaram, ela não estava no local. Por sorte, havia saído.
Eles chegaram em vários carros, deram tiros e mandaram os funcionários irem embora — contou.
Durante o relato, a comerciante se mostrava revoltada. Ela contou que tem vários parentes no local, morando na região.
— Os traficantes me conhecem porque trabalho há muito tempo no bairro. E conheciam meus pais. Também sabem onde moram meus parentes — afirmou.
A comerciante acredita que acabou alvo dos traficantes depois de um problema com a filha do chefão dos criminosos. Ela e o namorado teriam tentando comprar cervejas, mas, como eram menores, não foram atendidos.
— A invasão aconteceu uma semana depois. Pode ter sido isso — disse a mulher.
A comerciante disse que por meio dos parentes tem recebido recados dos bandidos:
— Dizem que querem R$ 50 mil em dinheiro para devolverem as chaves e sair do local. Estão pedindo resgate.
Recomeçando a vida do zero, como ela mesma definiu, a comerciante encontrou repórteres do GLOBO num shopping da Zona Sul. Ela escolheu o local porque havia muita gente circulando.
— Tenho muito medo, mas precisava contar minha história para vocês — disse a mulher.
Sem dinheiro, ela conseguiu ajuda de parentes para alugar um apartamento. Quase não sai de casa e dorme muito pouco.
— Eu morava perto do meu comércio. Agora vivo escondida, com medo. Estou falida.
A mulher torce para o dia em que a polícia vai ocupar a favela dominada pelos traficantes que tomaram sua mercearia, instalando uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP):
— Pacificando o local, podiam até ficar com meu imóvel para fazer a sede da UPP.

Antônio Werneck


Favela Livre

Um comentário:

  1. Será que alguém vai tomar uma providência urgente para resolver a vida dessa família?
    O tráfico continua mandando.
    Governador, prefeito, VAMOS A LUTA JÁ.

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