O Orfanato Berega, um conjunto de cabanas de estuque nesta vila de estradas vermelhas e empoeiradas, rodeadas por plantações de milho, não é o que o nome sugere. As vinte crianças e bebês daqui não são colocados para adoção, nem mantidos para sempre sem esperança de algum dia viver com uma família.
A maioria de suas mães morreu durante o parto ou logo depois – algo que, em países pobres, põe os recém-nascidos em grande risco de morrer também. As crianças estão aqui apenas temporariamente, para ter um novo começo na vida, a fim de poderem retornar às suas vilas e famílias quando completarem dois ou três anos de idade, passados os dias frágeis de recém-nascidos e grandes o suficiente para digerir leite de vaca e comer alimentos normais. Num programa inovador, projetado para atender às necessidades emocionais e físicas das crianças, muitas delas têm adolescentes da família morando com elas no orfanato.
A África tem pelo menos 50 milhões de órfãos, uma herança da Aids e outras doenças, guerras e altos índices de mortalidade durante a gravidez e no parto. Com números crescentes a cada dia, os africanos estão lutando para cuidar dos pequenos, geralmente de formas que diferem acentuadamente do conceito tradicional de orfanato no mundo desenvolvido.
Programas como o de Berega são “o caminho certo” na África, disse Dr. Peter Ngatia, diretor de desenvolvimento de potencial da AMREF (African Medical and Research Foundation), um grupo sem fins lucrativos baseado em Nairóbi, no Quênia. Ele afirmou que programas similares para órfãos da Aids deram bons resultados em Uganda, cuidando de crianças até cinco anos de idade e depois as enviando de volta para suas famílias ou voluntários da comunidade.
“Em países mais pobres, as pessoas estão sendo bem criativas”, disse Kathryn Whetten, especialista em assistência a órfãos da Duke University, na Carolina do Norte. Ela não viu o orfanato em Berega, nem encontrou outro como esse. Porém, isso não a surpreendeu. Pouco se sabe sobre a assistência aos órfãos na África, disse ela, pois não foram realizadas pesquisas suficientes. Numa recente viagem a Moshi, uma cidade da Tanzânia de aproximadamente 150 mil habitantes, funcionários governamentais locais sabiam de três orfanatos. Ela e seus colegas encontraram 25 instituições ali, a maioria abrigando entre 10 e 25 crianças, cada.
A maioria de suas mães morreu durante o parto ou logo depois – algo que, em países pobres, põe os recém-nascidos em grande risco de morrer também. As crianças estão aqui apenas temporariamente, para ter um novo começo na vida, a fim de poderem retornar às suas vilas e famílias quando completarem dois ou três anos de idade, passados os dias frágeis de recém-nascidos e grandes o suficiente para digerir leite de vaca e comer alimentos normais. Num programa inovador, projetado para atender às necessidades emocionais e físicas das crianças, muitas delas têm adolescentes da família morando com elas no orfanato.
A África tem pelo menos 50 milhões de órfãos, uma herança da Aids e outras doenças, guerras e altos índices de mortalidade durante a gravidez e no parto. Com números crescentes a cada dia, os africanos estão lutando para cuidar dos pequenos, geralmente de formas que diferem acentuadamente do conceito tradicional de orfanato no mundo desenvolvido.
Programas como o de Berega são “o caminho certo” na África, disse Dr. Peter Ngatia, diretor de desenvolvimento de potencial da AMREF (African Medical and Research Foundation), um grupo sem fins lucrativos baseado em Nairóbi, no Quênia. Ele afirmou que programas similares para órfãos da Aids deram bons resultados em Uganda, cuidando de crianças até cinco anos de idade e depois as enviando de volta para suas famílias ou voluntários da comunidade.
“Em países mais pobres, as pessoas estão sendo bem criativas”, disse Kathryn Whetten, especialista em assistência a órfãos da Duke University, na Carolina do Norte. Ela não viu o orfanato em Berega, nem encontrou outro como esse. Porém, isso não a surpreendeu. Pouco se sabe sobre a assistência aos órfãos na África, disse ela, pois não foram realizadas pesquisas suficientes. Numa recente viagem a Moshi, uma cidade da Tanzânia de aproximadamente 150 mil habitantes, funcionários governamentais locais sabiam de três orfanatos. Ela e seus colegas encontraram 25 instituições ali, a maioria abrigando entre 10 e 25 crianças, cada.
Gravidez de risco
O orfanato Berega é desse tamanho. Uma tentativa pequena, aparentemente de sucesso, de lidar com as consequências de mais de 250 mil mortes de mulheres a cada ano, na gravidez ou durante o parto, no continente africano.
As gestantes morrem de hemorragia, infecção, pressão alta, trabalho de parto prolongado e abortos mal-sucedidos – problemas facilmente tratados ou prevenidos através de uma assistência obstetrícia básica. No entanto, na Tanzânia, que não tem nem o pior nem o melhor serviço médico da África, mas uma assistência médica similar a muitos países pobres, tudo falta: médicos, enfermeiros, remédios, equipamentos, ambulâncias e ruas pavimentadas. Quando muitas mulheres chegam ao hospital daqui, com capacidade para 120 leitos, já é tarde demais para salvá-las.
Seus bebês podem ser salvos, mas a sobrevivência deles é incerta. Muitas vezes, o pai, ou outro parente, não consegue cuidar dos recém-nascidos. Sem leite materno, os bebês daqui estão em sérios apuros. Leite industrializado e comidas de bebê não estão amplamente disponíveis, e o leite de vaca não é um bom substituto. A desnutrição e as infecções são ameaças constantes. Um orfanato pode suprir as necessidades básicas. Entretanto, para sobreviver, os bebês precisam de uma assistência dedicada, e suas famílias podem viver em vilas distantes.
O orfanato daqui, iniciado em 1965 pela United German Mission Aid, uma missão evangélica cristã, começou a recrutar parentes para se mudarem para o local, há cerca de cinco anos. Ute Klatt, missionária alemã e enfermeira que dirige o orfanato há dez anos, disse ter aprendido sobre a prática com outro orfanato na Tanzânia. Agora, muitas das crianças da instituição recebem cuidados de uma adolescente da família (chamadas “bintis”), geralmente uma irmã, prima ou tia, que mora com elas e aprende como cuidar dos pequenos.
As gestantes morrem de hemorragia, infecção, pressão alta, trabalho de parto prolongado e abortos mal-sucedidos – problemas facilmente tratados ou prevenidos através de uma assistência obstetrícia básica. No entanto, na Tanzânia, que não tem nem o pior nem o melhor serviço médico da África, mas uma assistência médica similar a muitos países pobres, tudo falta: médicos, enfermeiros, remédios, equipamentos, ambulâncias e ruas pavimentadas. Quando muitas mulheres chegam ao hospital daqui, com capacidade para 120 leitos, já é tarde demais para salvá-las.
Seus bebês podem ser salvos, mas a sobrevivência deles é incerta. Muitas vezes, o pai, ou outro parente, não consegue cuidar dos recém-nascidos. Sem leite materno, os bebês daqui estão em sérios apuros. Leite industrializado e comidas de bebê não estão amplamente disponíveis, e o leite de vaca não é um bom substituto. A desnutrição e as infecções são ameaças constantes. Um orfanato pode suprir as necessidades básicas. Entretanto, para sobreviver, os bebês precisam de uma assistência dedicada, e suas famílias podem viver em vilas distantes.
O orfanato daqui, iniciado em 1965 pela United German Mission Aid, uma missão evangélica cristã, começou a recrutar parentes para se mudarem para o local, há cerca de cinco anos. Ute Klatt, missionária alemã e enfermeira que dirige o orfanato há dez anos, disse ter aprendido sobre a prática com outro orfanato na Tanzânia. Agora, muitas das crianças da instituição recebem cuidados de uma adolescente da família (chamadas “bintis”), geralmente uma irmã, prima ou tia, que mora com elas e aprende como cuidar dos pequenos.
Amor
As bintis começam a amar as crianças, e passam a cuidar delas depois de deixarem o orfanato, disse Klatt. Além disso, as jovens, algumas das quais nunca foram à escola, recebem alguma educação. Klatt oferece livros do primário, disse ela, e as jovens estudam e ensinam umas às outras à noite. Muitas chegam analfabetas e saem sabendo ler. Ela também lhes ensina o básico sobre saúde. Além da leitura, as bintis aprendem costura e batik, além de dividirem a tarefa de cozinhar, numa cozinha externa. “Antes desse sistema, as famílias não vinham visitar os órfãos, e era difícil reintegrar as crianças”, disse Klatt. “Havia distúrbios de ligação emocional.” Com as bintis, disse Klatt, a vida se torna menos institucional e as crianças crescem mais normalmente, como ocorreria em casa.
Numa recente visita a Berega, as crianças pareciam florescer. Vestidas com shorts, camisetas e sandálias, elas se demonstravam alimentadas e explodiam de energia, enquanto corriam umas atrás das outras no pátio e competiam pela atenção de Klatt, a quem chamavam de Mama Ute. Inicialmente tímidas com visitantes, logo elas competem por colos para sentar e mãos para pegar.
Klatt disse que os bebês recebem substitutos de leite industrializado, e as crianças mais velhas comem alimentos cultivados ali perto: banana, manga, cereal de milho, galinha, bode, tomate, folhas e outros vegetais. Eles frequentam a escola básica numa igreja próxima. Numa tarde no pátio, dez bintis se juntaram às crianças, e timidamente disseram o que aconteceu com suas famílias. Eles falavam em swahili enquanto Klatt traduzia.
Uma jovem, Lea, cuidava de seu primo Simoni, de dois anos de idade, cuja mãe deu à luz gêmeos e morreu no ônibus a caminho do hospital. Ela estava em trabalho de parto “havia alguns dias”, disse Lea, e não sabia que estava esperando gêmeos. Era sua primeira gravidez. O irmão gêmeo de Simoni morreu alguns dias depois do nascimento. Outra binti, chamada Happy, cuidava de seus primos gêmeos, Jacobo e Johanna, cuja mãe, Paulina, morreu depois de dar à luz em casa. Antes disso, dois dos outros filhos de Paulina tinham morrido, um aos cinco meses, e outro aos nove meses. Outras pessoas contavam histórias similares, de mães morrendo em casa ou em carros a caminho do hospital.
Klatt disse que era seu sonho de infância trabalhar como missionária na África, apesar de nunca ter imaginado administrar um orfanato. Ela confessou que uma de suas maiores recompensas é quando crianças mais velhas, que certa vez estiveram sob seus cuidados, viajam para visitá-la – e estão visivelmente saudáveis e felizes, morando com suas famílias em suas vilas.
Numa recente visita a Berega, as crianças pareciam florescer. Vestidas com shorts, camisetas e sandálias, elas se demonstravam alimentadas e explodiam de energia, enquanto corriam umas atrás das outras no pátio e competiam pela atenção de Klatt, a quem chamavam de Mama Ute. Inicialmente tímidas com visitantes, logo elas competem por colos para sentar e mãos para pegar.
Klatt disse que os bebês recebem substitutos de leite industrializado, e as crianças mais velhas comem alimentos cultivados ali perto: banana, manga, cereal de milho, galinha, bode, tomate, folhas e outros vegetais. Eles frequentam a escola básica numa igreja próxima. Numa tarde no pátio, dez bintis se juntaram às crianças, e timidamente disseram o que aconteceu com suas famílias. Eles falavam em swahili enquanto Klatt traduzia.
Uma jovem, Lea, cuidava de seu primo Simoni, de dois anos de idade, cuja mãe deu à luz gêmeos e morreu no ônibus a caminho do hospital. Ela estava em trabalho de parto “havia alguns dias”, disse Lea, e não sabia que estava esperando gêmeos. Era sua primeira gravidez. O irmão gêmeo de Simoni morreu alguns dias depois do nascimento. Outra binti, chamada Happy, cuidava de seus primos gêmeos, Jacobo e Johanna, cuja mãe, Paulina, morreu depois de dar à luz em casa. Antes disso, dois dos outros filhos de Paulina tinham morrido, um aos cinco meses, e outro aos nove meses. Outras pessoas contavam histórias similares, de mães morrendo em casa ou em carros a caminho do hospital.
Klatt disse que era seu sonho de infância trabalhar como missionária na África, apesar de nunca ter imaginado administrar um orfanato. Ela confessou que uma de suas maiores recompensas é quando crianças mais velhas, que certa vez estiveram sob seus cuidados, viajam para visitá-la – e estão visivelmente saudáveis e felizes, morando com suas famílias em suas vilas.
G1
www.off.org.br, inicio de trabalho com crinaçs orfãs na àfrica
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