domingo, 12 de julho de 2009

Trabalho comunitário pode ser “punição” para alunos briguentos


“Os alunos estão mais interessados em brincar, brigar e se divertir muito mais do que em aprender… O que será do futuro profissional dos alunos que foram aprovados sistematicamente; com diplomas, mas sem conhecimentos… O professor em sala de aula está impotente perante os alunos que se sentem reforçados pelos seus próprios pais nas suas delinqüências. A direção da escola, muitas vezes, se omite, o que reforça as delinquências pela impunidade, pelo ditado “Cliente tem sempre razão”…
São trechos ditos por um professor que me abordou em local público, identificando-se como um admirador do meu trabalho, preocupado com o futuro dos seus alunos adolescentes.
Longe de querer caçar um bode expiatório, pois somos todos responsáveis pelo que acontece nas salas de aula, buscar uma solução é extremamente necessário. Mas enquanto ela não é encontrada, temos que tomar algumas medidas paliativas.
Um dos pontos a ser controlado e que está mais ao alcance direto dos professores é o da violência entre os alunos em sala de aula.
Os adolescentes em geral passam da irritação para a raiva e em seguida para o ódio numa velocidade e numa facilidade muito grandes. Isso porque o cérebro ainda não atingiu o seu amadurecimento suficiente para controlar e trabalhar estas sensações e emoções.
Por isso mesmo, eles são mais impulsivos, irritáveis, instáveis e agressivos que os adultos. É muito hormônio, principalmente testosterona, para pouco cérebro, o que provoca destemperos emocionais por qualquer estímulo.
Além da parte hormonal, existe a paciência curta, a voz engrossando, a força física aumentando e pés (chutes) e mãos (socos) sendo transformados em armas.
A irritação e a raiva fazem parte da sensação natural das pessoas, mas agressão física e ódio já são violências que devem ser combatidas.
Brigas corporais não devem ser permitidas em lugar nenhum, muito menos numa sala de aula. Mas se houver, é preciso que o professor peça aos colegas para ajudarem a terminar situação e, depois, deve encaminhar os briguentos a um procedimento escolar que poderia ser previamente combinado.
Não se deve buscar somente as causas originais da briga. A briga já é uma transgressão da ordem de uma sala da aula. Os pais dos briguentos devem ser chamados para que tomem providências educativas.
Trabalho comunitário para os briguentos
Assinem todos o compromisso de que, se os briguentos voltarem a brigar, seja com quem for, terão que fazer um trabalho comunitário que lide com as violências sociais. Onde e com quem fazer tal trabalho deve ser cobrado pela escola, sob pena de exclusão do aluno briguento.
O trabalho comunitário é uma conseqüência do ato de brigar para que o briguento aprenda a lidar com estas situações sem partir para a violência, que é sempre destrutiva.
Na família, as palavras e ações dos pais deveriam ser suficientes para coibir uma violência entre seus filhos. Na escola, se as palavras do corpo docente não forem suficientes, é preciso que ações consequenciais sejam determinadas para que a violência seja coibida.
Um professor não deve aceitar em sala de aula uma provocação de alunos para uma briga. O professor é um educador. Quando ele é agredido em sala de aula, o aluno está agredindo a escola e a educação. É preciso que a escola pratique as ações consequenciais e não o professor durante a sua aula.



Içami Tiba é psiquiatra e educador.

Escreveu “Família de Alta Performance”, “Quem Ama, Educa!” e mais 25 livros.



Brasil Contra a Pedofilia

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