Sobral. A cena se repetiu. O agricultor Deusdete Braga do Nascimento, 64 anos, residente no distrito de Taperuaba, desceu a sepultura mais uma vez. O caixão com o corpo dele desceu a cova escavada no quintal da residência de um dos irmãos, que tinha seis palmos e meio de profundidade, às 11hs de ontem, sob os olhares de curiosos, onde permaneceu enterrado por uma hora. Antes, o corpo de Deusdete foi velado na pequena sala do casebre, onde ele preparou o ritual. Lá, recebeu a família, amigos, curiosos e fiéis incondicionais de sua missão na Terra: “salvar a humanidade no dia do Juízo Final”.O enterro, segundo Deusdete, é “uma ordem de Deus que veio em sonho”. Ele assegura que caso o seu corpo não resista após uma hora sob a terra o mundo acabará. Ainda não foi desta vez. Ele retornou vivo.Tudo, segundo o agricultor, começou por volta de 1953, quando tinha 12 anos. Ele foi com os pais para uma missa na Igreja de São Francisco, em Canindé. Sua mãe teria ordenado para que ele se confessasse e depois recebesse a hóstia sagrada. “Eu menti para minha mãe, disse que tinha me confessado e ela me obrigou e se comungar. Desde daquela hora eu não tive mais alegria”.De volta para casa se arrependeu, e pensou em contar para sua mãe e pedir perdão ao padre que lhe deu a hóstia, mas, uma sombra que o acompanhava disse que não fizesse isso. “Carreguei meu arrependimento até completar 28 anos. Foi nesse tempo que, uma voz me apareceu na localidade de Vertente, Santa Quitéria, dizendo que eu estava perdoado e que eu deveria voltar à Igreja e se comungar. Pedi ao meu pai que me levasse a Canindé, mas ele se recusou”. “Veio uma ordem de Deus em sonho, que se eu quisesse a salvação da humanidade deveria descer à sepultura com vida”, contou. De lá para cá já cumpriu o ritual pelo menos umas cinco vezes. “Espero que essa seja a última vez”, disse, acreditando ter recebido a capacidade de viver eternamente.A notícia de que Deusdete estava se preparando para a morte se espalhou no lugar onde mora em 1998, quando ele começou a fabricar o caixão que mais tarde o levaria novamente à sepultura. “Como o caixão que ele iria usar era muito artesanal, com a ajuda dos ouvintes comprei um caixão mais moderno e dei-lhe de presente”, contou o radialista Jair Kovalick. O caixão doado foi usado pelo agricultor no dia 31 de dezembro de 1999. Antes já havia sido enterrado pelo menos umas quatro vezes.
Rádio Tabajara
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