ALVOS Tanzanianos portadores de albinismo se reúnem na cidade de Dar es Salaam
Símbolo de boa sorte, na Tanzânia eles são mortos para entrar no preparo de poções mágicas
O maior vilão para as pessoas albinas que vivem na Tanzânia, na costa leste da África, deixou de ser o sol que castiga sua pele e olhos despigmentados. O terror dos albinos agora é a bruxaria. Por causa da crença local de que possuem poderes mágicos, pelo menos 19 portadores da anomalia congênita foram mortos e mutilados no decorrer do último ano. Esse número pode chegar a 50, segundo a organização Tanzania Albino Society (TAS), que atua na defesa daqueles que, no passado, se preocupavam apenas em proteger-se do escaldante sol africano. Estima-se que eles sejam 270 mil pessoas, numa população de 39 milhões de habitantes. Feiticeiros interessados em usar partes do corpo dessas pessoas - pele, ossos e cabelos - na produção de poções mágicas acabaram desencadeando uma sucessão de mortes e criando um macabro mercado negro.
"O governo da Tanzânia está tomando uma posição agressiva em relação a esses assassinatos sem sentido", disse à ISTOÉ o americano Rick Guidotti, diretor da ONG Positive Exposure, que, juntamente com a Albinism World Alliance (AWA), tem acompanhado o problema de perto. Atualmente, 172 pessoas estão presas no país, acusadas de participar da mutilação e morte de albinos. A maior parte delas foi presa depois do encontro de corpos mutilados na região do lago Vitória, na divisa com Uganda.
Além do combate direto ao crime, o governo do presidente Jakaya Kikweteda está apostando em outras medidas para combater a prática do crime. Uma delas foi a nomeação de uma albina - Al-Saymaa J. Kwegyir - para atuar no Parlamento na articulação de campanhas de combate ao preconceito e à estigmatização dos portadores do problema. "Vou trabalhar junto com o governo para ter a certeza de que as atrocidades contra albinos parem", disse Al- Saymaa durante seu discurso de posse, na capital, Dodoma. Outra ação do governo para reverter a situação foi promover e divulgar, no mês passado, um seminário sobre o albinismo. "Trata-se do primeiro evento do gênero", lembrou Guidotti. "Nele, foram discutidos os temas preconceito, discriminação, educação pública e conscientização." Resta saber se essas iniciativas serão suficientes para convencer a população de que as poções feitas a partir do sacrifício humano não levam ao sucesso nem à riqueza. São apenas produtos de crime.
Publicado em 21/01/2010
Isto É
O maior vilão para as pessoas albinas que vivem na Tanzânia, na costa leste da África, deixou de ser o sol que castiga sua pele e olhos despigmentados. O terror dos albinos agora é a bruxaria. Por causa da crença local de que possuem poderes mágicos, pelo menos 19 portadores da anomalia congênita foram mortos e mutilados no decorrer do último ano. Esse número pode chegar a 50, segundo a organização Tanzania Albino Society (TAS), que atua na defesa daqueles que, no passado, se preocupavam apenas em proteger-se do escaldante sol africano. Estima-se que eles sejam 270 mil pessoas, numa população de 39 milhões de habitantes. Feiticeiros interessados em usar partes do corpo dessas pessoas - pele, ossos e cabelos - na produção de poções mágicas acabaram desencadeando uma sucessão de mortes e criando um macabro mercado negro.
"O governo da Tanzânia está tomando uma posição agressiva em relação a esses assassinatos sem sentido", disse à ISTOÉ o americano Rick Guidotti, diretor da ONG Positive Exposure, que, juntamente com a Albinism World Alliance (AWA), tem acompanhado o problema de perto. Atualmente, 172 pessoas estão presas no país, acusadas de participar da mutilação e morte de albinos. A maior parte delas foi presa depois do encontro de corpos mutilados na região do lago Vitória, na divisa com Uganda.
Além do combate direto ao crime, o governo do presidente Jakaya Kikweteda está apostando em outras medidas para combater a prática do crime. Uma delas foi a nomeação de uma albina - Al-Saymaa J. Kwegyir - para atuar no Parlamento na articulação de campanhas de combate ao preconceito e à estigmatização dos portadores do problema. "Vou trabalhar junto com o governo para ter a certeza de que as atrocidades contra albinos parem", disse Al- Saymaa durante seu discurso de posse, na capital, Dodoma. Outra ação do governo para reverter a situação foi promover e divulgar, no mês passado, um seminário sobre o albinismo. "Trata-se do primeiro evento do gênero", lembrou Guidotti. "Nele, foram discutidos os temas preconceito, discriminação, educação pública e conscientização." Resta saber se essas iniciativas serão suficientes para convencer a população de que as poções feitas a partir do sacrifício humano não levam ao sucesso nem à riqueza. São apenas produtos de crime.
Publicado em 21/01/2010
Isto É
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