O promotor Francisco Cembranelli disse que vai pedir que a "sociedade faça Justiça".
Francisco Cembranelli afirma estar confiante nas provas contra o casal Nardoni
A 11 dias do início do julgamento do casal Nardoni, acusado da morte da menina Isabella em março de 2008, o promotor do caso, Francisco Cembranelli, contou ao R7 que é preciso muita preparação física e mental para aguentar o desgaste causado pela situação. A estimativa do Tribunal de Justiça de São Paulo é de que o julgamento dure até cinco dias.
– O desgaste físico é imenso. É como disputar uma ultramarotona.
Confiante das provas que foram reunidas contra Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, Cembranelli afirmou que nesses dias que antecedem o julgamento ele tenta se aproximar das coisas que lhe dão prazer e tranquilidade.
– Gosto de correr, porque faz você extravasar um pouco os sentimentos. Divertir-me assistindo aos jogos do Santos e, nessa situação, espero que [o time] continue ganhando. Há também o contato com a família, que é extremamente importante. Procuro ler algo que não tenha a ver com o assunto, como contos e poemas, ou qualquer outro tipo de texto que possa tirar a tensão. Mas é difícil, sempre vem alguma coisa [sobre o caso].
Há 22 anos atuando no Tribunal do Júri, o promotor afirmou que este pode ser o julgamento mais longo de sua carreira. Até hoje, o júri mais demorado por que passou foi de três dias e meio.
– Pela experiência que tenho, estou preparado para enfrentar três, cinco, dez ou 15 dias.
O julgamento
Cembranelli afirmou que a partir do dia 22 vai pedir que a “sociedade faça Justiça”.
– Tenho confiança no trabalho que foi feito. Houve a construção de um acervo probatório bastante encorpado, isso é o que será apresentado no dia do julgamento. Acredito na qualidade desse trabalho, possível de convencer o júri que tem a responsabilidade de julgar.
Questionado se acredita que alguma das provas é mais importante, o promotor afirmou que, como em qualquer processo, existem as que são mais ou menos contundentes, mas “que agora não é o momento de entrar em detalhes”.
– Não é uma pergunta que se possa responder rapidamente, porque depende da exposição, da sequência e do que vai ser mostrado.
Ele preferiu não falar da pena que o casal pode pegar em caso de condenação, pois acredita que essa tarefa é do juiz que segue a lei na hora de determinar quanto tempo eles deverão ficar presos. O que Cembranelli afirmou que é a pena mínima para o crime de homicídio doloso é de 12 anos.
Os jurados
O promotor também afirmou que não deve seguir uma lógica para escolher os jurados. Para evitar falta de quórum, a Justiça determinou que fossem sorteadas 40 pessoas que fazem parte do cadastro de possíveis jurados. É necessário que ao menos 15 delas compareça no dia do julgamento. Tanto a defesa quanto a acusação podem recusar até três pessoas cada até que o júri de sete pessoas seja formado.
– Não há uma lógica ou orientação de recusar esse ou aquele jurado. Há, claro, uma intuição de cada um.
Durante o julgamento, Cembranelli terá o auxílio de uma advogada contratada pela família da mãe de Isabella Nardoni, Ana Carolina Oliveira. Na próxima semana , o promotor deve se debruçar ainda mais sobre o processo para se preparar para o julgamento. Na terça-feira (9), Cembranelli participou do último julgamento antes do caso Isabella e na quarta (10) teve apenas uma audiência.
Caso
A menina Isabella Nardoni morreu na noite de 29 de março de 2008 após cair da janela do sexto andar do Edifício London, na Vila Mazzei, zona norte de São Paulo. No apartamento, moravam o pai dela, Alexandre Nardoni, a madrasta, Anna Carolina Jatobá, e os dois irmãos menores. Nardoni e Anna negam a autoria do crime e dizem que uma outra pessoa, que eles não conseguiram identificar, invadiu o local e jogou a menina, que tinha 5 anos.
Camila Rigi
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