domingo, 7 de março de 2010

Justiça condena pais por educar filhos em casa



Os adolescentes não vão às aulas há, pelo menos, quatro anos. Os pais dizem que vão recorrer e manter os filhos estudando em casa.

A Justiça de Minas Gerais condenou um casal por tirar os filhos da escola e educá-los em casa. Essa família chegou a ser mostrada no Fantástico. Os adolescentes não vão às aulas há, pelo menos, quatro anos. O sistema de educação informal, que tem cerca de um milhão de adeptos nos Estados Unidos, é proibido no Brasil.
A sala de jantar em vez da sala de aula. No lugar dos professores, os pais. É assim que os irmãos estudam – só em casa. Jônatas, de 15 anos, e Davi, de 16, e não vão à escola há quatro anos.
“A insatisfação com o ensino regular e insatisfação com a forma como eles eram ensinados na escola me fizeram tomar essa decisão”, justifica o pai Cleber de Andrade Nunes.
O método de ensino foi adotado com base em uma prática norte-americana. “Na escola, os professores dão as provas, mas em uma semana a gente já esqueceu tudo. Aqui não. Aqui a gente aprende e é avaliado na prática”, comentou Jônatas de Andrade Nunes, de 15 anos.
O ensino em casa é mesmo permitido em outros países, mas no Brasil não. Aqui a frequência em sala de aula é prevista em lei. O Estatuto da Criança e do Adolescente determina: os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos na rede regular de ensino.
Cleber e Bernadete foram condenados pela Justiça de Timóteo, cidade onde moram em Minas Gerais, pelo crime de abandono intelectual dos filhos. A pena: multa de R$ 68. Eles dizem que vão recorrer e manter os filhos estudando em casa.
“É um absurdo condenar pai por ter tomado uma atitude drástica para oferecer o melhor para seu filho”, afirma o pai Cleber de Andrade Nunes. Por determinação da Justiça, Davi e Jônatas fizeram testes de conhecimento e foram aprovados. “Nós temos nossa vida social normal aqui em casa. Nós temos amigos e praticamos esporte. Temos uma vida normal”, conta Davi de Andrade Nunes, de 16 anos.
Mas segundo Rudá Ricci, este especialista em sociologia e educação, o estudo tem de estar associado à convivência social.
“Obviamente que os pais estão pensando no melhor para os seus filhos. O problema é que a educação não serve apenas para o sucesso individual dos filhos. A educação, portanto, é socialização. Em casa, eu só vou ter os iguais, aqueles que pensam como eu penso, o meu pai pensa. Mas é fora de casa, num processo de educação com pessoas, com hábitos diferentes, com regiões diferentes e mazelas, é que fazem com que eu me eduque para a sociedade”, explica o especialista Rudá Ricci.


JN

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