domingo, 7 de março de 2010

Mesmo sem casa após tremor no Chile, vizinhos ajudam animais abandonados


Em Cauquenes, famílias alimentam 4 cachorros e cerca de 20 gatos.
'Eles também são vítimas e de noite nos protegem', diz moradora.

Com as casas destruídas, muitas famílias de Cauquenes, cidade chilena arrasada pelo terremoto de 27 de fevereiro, estão vivendo em barracas, na frente dos lugares onde moravam. Na Rua Yungay, além das pessoas, há gatos e cachorros que se "hospedam" nas cabanas improvisadas. Os vizinhos decidiram ajudar os animais que viam nas ruas. "Eles também são vítimas. Fora que, no meio do entulho, podem trazer doenças", explica a engenheira administrativa Marcela Clemente.
Mais de uma semana depois do tremor que arrasou o Chile, muitos que saíram de suas casas abandonaram seu animais de estimação. "Vemos muitos cachorros de coleira, que são carinhosos e muito bem cuidados, andando pelas ruas. Então, nós os alimentamos e damos abrigo de noite. E eles nos protegem", conta Marcela, que já tinha uma gata, Niña, e uma cadela, Lulu. "Eles se entendem muito bem com os novos hóspedes."
"A noite passada, morreu a cadela Filomena. Não sabemos se foi atropelada ou se foi envenenada. Agora o Cholo, que é o chefe dos outros cachorros, pois chegou primeiro, não comeu, estava muito triste", conta Marcela. Para conseguir mais ajuda, ela fez uma apelo na rádio Surcos para doações de ração. Neste sábado, recebeu um saco cheio. "Mas não sei até quando dura. E comida, temos pouca", diz ela.
Marcela sobreviveu ao tsunami que devastou a costa chilena. Ela estava em Pelluhue no dia do terremoto e conta que ficou três dias com seus parentes numa montanha, sem comida e quase sem água. "E minha cadela Lulu estava comigo. Agora ela está um pouco traumatizada, não dorme direito e treme a cada réplica."


Gatos
Vizinha de Marcela, Vivianne Campos Arellano viu neste sábado (6) um militar resgatar sua gata, Vieja, dos escombros de sua casa. "Ela estava com quatro filhotes antes do terremoto. Quando a retiraram ela estava com 12, e agora já há mais. Vieja está saindo para andar e trazendo os gatos que encontra pra cá", conta Vivianne.
Agora, o esforço é tentar tirar Vieja do teto, onde ela se escondeu e para onde está levando os 12 filhotes aos poucos. A casa de Vivianne será derrubada neste domingo ou segunda. Até o fechamento da reportagem, a gata não havia sido encontrada.


G1

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