Mulher passou quase sete anos fazendo tratamento em Brusque (SC).
Novo exame feito em fevereiro deu negativo.
A Secretaria Municipal de Saúde de Brusque (SC) abriu sindicância para apurar um possível erro no diagnóstico de uma paciente que passou quase sete anos sendo considerada portadora do vírus HIV. A moradora de Guabiruba (SC) fez o primeiro exame em abril de 2003, quando estava grávida, e o resultado deu positivo. A partir daí, ela passou a receber o coquetel de medicamentos para proteger o bebê. O último teste ficou pronto no fim de fevereiro deste ano e o resultado deu negativo.
A mulher disse ao G1 que tinha 30 anos quando fez os exames de rotina durante a gestação. "Estava no sexto mês de gravidez. Quando soube do resultado, fiquei sentada na frente da clínica e olhava os carros passando na rua. Só não me joguei na frente de um deles por causa da filha que carregava na barriga."
Após o nascimento da filha, a paciente informou que tentou se matar duas vezes. "Quis me enforcar, mas meu marido me salvou. Depois de algum tempo, tentei novamente, tomando remédios controlados para depressão. Fui salva por ele mais uma vez", disse.
Na época em que soube o resultado positivo, ela e o marido trabalhavam no ramo da construção civil. "A gente construía casas para alugar. Vivíamos na alta sociedade, estávamos bem fincanceiramente. Hoje, estamos falidos, não temos mais carro e nem os imóveis de antes", disse ela, que agora, vive como dona de casa e o marido como carpinteiro.
"Passei anos de humilhação na sociedade, nos postos de saúde, diante de amigos e da própria família. O que eu passei não há como explicar. Não desejo isso para ninguém. Hoje, se encontrar um soropositivo, farei tudo que puder para ajudá-lo, mas a primeira coisa que faria é dar um abraço na pessoa e fazer com que possa esquecer que existe preconceito", disse a dona de casa.
Separação
Ela revelou ao G1 que o casamento ruiu depois do resultado positivo para o vírus HIV. "Meu marido fez o exame e deu negativo. Como você acha que ele passou a me olhar? Vivemos brigando e acabamos nos separando em seguida. Entrei em depressão, mas ele voltou a morar comigo. Hoje estamos casados há 11 anos."
A dona de casa disse ainda que o marido passou a beber e ter problemas de saúde por causa da situação. "Ele ainda se viciou em cocaína e crack. Ele pensava que, como eu iria morrer mesmo, que iria morrer junto comigo. Felizmente, há dois anos ele não bebe e não se droga mais."
Histórico de exames
A paciente foi submetida a três novos exames em Brusque após saber o resultado positivo, ainda em 2003, segundo informações de Maria Aparecida Morelli Belli, titular da pasta de Saúde da cidade. "Os três exames também indicaram reagentes ao vírus. De imediato, ela passou a receber o acompanhamento preventivo para proteger o bebê, já que estava no início da gestação. Um dos exames foi feito pelo Lacen [Laboratório Central do Estado]", disse a secretária.
O diretor do Lacen de Santa Catarina, João Daniel Filho, disse ao G1 que o primeiro exame da paciente teve resultado inconclusivo. "Para se efetivar um diagnóstico de HIV é necessário que sejam feitos outros dois exames com novas amostras de sangue, coletadas em momentos distintos. É esse o protocolo do Ministério da Saúde."
Daniel informou ainda que o exame de HIV é feito em quatro etapas. "No caso da paciente em questão, as três primeiras fases indicaram reagente ao vírus, mas na quarta fase o resultado foi negativo. Por isso consideramos o resultado inconclusivo."
Ele disse que outros dois exames foram feitos no Lacen, em 2009. "O primeiro, feito em setembro, já apresentou resultado negativo para reagente. Nesta situação, não é preciso seguir as outras três etapas. No segundo exame, feito em outubro, o resultado foi o mesmo, negativo."
Daniel afirmou que é diretor do Lacen há três anos. "No período, é a primeira vez que me deparo com uma situação como essa. Nunca vi um caso semelhante."
Investigação
Maria Aparecida disse que vai tentar localizar o histórico da paciente no prontuário médico para identifcar o que ocorreu. "O médico que começou a fazer o acompanhamento dela, de maneira humanizada, achou estranho o fato de a paciente nunca ter apresentado sintomas da doença, mesmo no período em que ela não recebia o coquetel. Por isso ele pediu novos exames."
Segundo a secretária, a paciente engravidou outra vez nos quase sete anos em que foi considerada portadora do HIV. "Durante a gestação ela passava a receber os medicamentos para proteger as crianças. Durante o período em que não estava grávida, ela não recebeu o coquetel."
G1
Novo exame feito em fevereiro deu negativo.
A Secretaria Municipal de Saúde de Brusque (SC) abriu sindicância para apurar um possível erro no diagnóstico de uma paciente que passou quase sete anos sendo considerada portadora do vírus HIV. A moradora de Guabiruba (SC) fez o primeiro exame em abril de 2003, quando estava grávida, e o resultado deu positivo. A partir daí, ela passou a receber o coquetel de medicamentos para proteger o bebê. O último teste ficou pronto no fim de fevereiro deste ano e o resultado deu negativo.
A mulher disse ao G1 que tinha 30 anos quando fez os exames de rotina durante a gestação. "Estava no sexto mês de gravidez. Quando soube do resultado, fiquei sentada na frente da clínica e olhava os carros passando na rua. Só não me joguei na frente de um deles por causa da filha que carregava na barriga."
Após o nascimento da filha, a paciente informou que tentou se matar duas vezes. "Quis me enforcar, mas meu marido me salvou. Depois de algum tempo, tentei novamente, tomando remédios controlados para depressão. Fui salva por ele mais uma vez", disse.
Na época em que soube o resultado positivo, ela e o marido trabalhavam no ramo da construção civil. "A gente construía casas para alugar. Vivíamos na alta sociedade, estávamos bem fincanceiramente. Hoje, estamos falidos, não temos mais carro e nem os imóveis de antes", disse ela, que agora, vive como dona de casa e o marido como carpinteiro.
"Passei anos de humilhação na sociedade, nos postos de saúde, diante de amigos e da própria família. O que eu passei não há como explicar. Não desejo isso para ninguém. Hoje, se encontrar um soropositivo, farei tudo que puder para ajudá-lo, mas a primeira coisa que faria é dar um abraço na pessoa e fazer com que possa esquecer que existe preconceito", disse a dona de casa.
Separação
Ela revelou ao G1 que o casamento ruiu depois do resultado positivo para o vírus HIV. "Meu marido fez o exame e deu negativo. Como você acha que ele passou a me olhar? Vivemos brigando e acabamos nos separando em seguida. Entrei em depressão, mas ele voltou a morar comigo. Hoje estamos casados há 11 anos."
A dona de casa disse ainda que o marido passou a beber e ter problemas de saúde por causa da situação. "Ele ainda se viciou em cocaína e crack. Ele pensava que, como eu iria morrer mesmo, que iria morrer junto comigo. Felizmente, há dois anos ele não bebe e não se droga mais."
Histórico de exames
A paciente foi submetida a três novos exames em Brusque após saber o resultado positivo, ainda em 2003, segundo informações de Maria Aparecida Morelli Belli, titular da pasta de Saúde da cidade. "Os três exames também indicaram reagentes ao vírus. De imediato, ela passou a receber o acompanhamento preventivo para proteger o bebê, já que estava no início da gestação. Um dos exames foi feito pelo Lacen [Laboratório Central do Estado]", disse a secretária.
O diretor do Lacen de Santa Catarina, João Daniel Filho, disse ao G1 que o primeiro exame da paciente teve resultado inconclusivo. "Para se efetivar um diagnóstico de HIV é necessário que sejam feitos outros dois exames com novas amostras de sangue, coletadas em momentos distintos. É esse o protocolo do Ministério da Saúde."
Daniel informou ainda que o exame de HIV é feito em quatro etapas. "No caso da paciente em questão, as três primeiras fases indicaram reagente ao vírus, mas na quarta fase o resultado foi negativo. Por isso consideramos o resultado inconclusivo."
Ele disse que outros dois exames foram feitos no Lacen, em 2009. "O primeiro, feito em setembro, já apresentou resultado negativo para reagente. Nesta situação, não é preciso seguir as outras três etapas. No segundo exame, feito em outubro, o resultado foi o mesmo, negativo."
Daniel afirmou que é diretor do Lacen há três anos. "No período, é a primeira vez que me deparo com uma situação como essa. Nunca vi um caso semelhante."
Investigação
Maria Aparecida disse que vai tentar localizar o histórico da paciente no prontuário médico para identifcar o que ocorreu. "O médico que começou a fazer o acompanhamento dela, de maneira humanizada, achou estranho o fato de a paciente nunca ter apresentado sintomas da doença, mesmo no período em que ela não recebia o coquetel. Por isso ele pediu novos exames."
Segundo a secretária, a paciente engravidou outra vez nos quase sete anos em que foi considerada portadora do HIV. "Durante a gestação ela passava a receber os medicamentos para proteger as crianças. Durante o período em que não estava grávida, ela não recebeu o coquetel."
G1
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