domingo, 7 de março de 2010

Cavalgada cultural leva livros a municípios brasileiros


Era uma vez um grupo de cavaleiros que saía pelas cidades de interior com livros no lombo dos cavalos. Sua missão era distribuir obras a crianças e adolescentes de municípios que, em geral, não têm livrarias nem bancas de jornal. Parece história de faz de conta, mas é realidade e está se consolidando como um projeto singular de incentivo à leitura. A Cavalgada Cultural – que este ano homenageia os 50 anos de Brasília – é realizada desde dos 2007 e, a cada ano, aumenta significativamente a quantidade de livros e cidades envolvidas.
Os Cavaleiros da Cultura, grupo sem fins lucrativos que alia o agradável (fazer longos percursos a cavalo) ao útil (trabalho social), é liderado por Carlos Oscar Niemeyer, neto do arquiteto Oscar Niemeyer. Este, aliás, é o padrinho do grupo, e foi quem estimulou a associação da viagem com a doação de livros. O apelo deu certo: nas duas últimas edições, o grupo já doou cerca de 70 mil a mais de 50 escolas e bibliotecas, em parceria com editores, autores e instituições.
Neste ano, o percurso vai refazer o trajeto de Grande sertão: Veredas, livro de Guimarães Rosa. Parte de Belo Horizonte, no dia 19 de março, e percorre 850 quilômetros: Sete Lagoas, Aracaí, Cordisburgo, Curvelo, Morro da Garça, Buritizinho, Andrequicé, Três Marias, Luislândia do Oeste, Vila São Sebastião, João Pinheiro e Paracatu, todas em Minas, e Cristalina, Valparaíso de Goiás, Luisiânia, até chegar ao Distrito Federal, em 16 de abril. Ao longo do trajeto, os cavaleiros vão deixando os cerca de 120 mil livros – levados de caminhão, naturalmente.
Contando com apoio de diversas instituições – inclusive do Livreiro -, a empreitada tem uma meta que vai além de ceder livros. A partir da parceria com uma das editoras, a Paulus, kits de livros para crianças e adolescentes serão doados, mas pelo menos em duas cidades – João Pinheiro e Paracatu – haverá também um trabalho de capacitação de professores para incentivar o uso das obras.
O grupo chegará a Brasília depois de 24 dias de viagem, a tempo das comemorações do aniversário, e participará de uma cavalgada na Esplanada dos Ministérios no dia 18 de abril. Com tudo bem encaminhado, Carlos Oscar só lamenta que a celebração de uma data tão importante na Capital Federal esteja ofuscada pelos escândalos do governo local. “Incomoda muito ver Brasília nesta situação, logo agora. Já estávamos com a proposta aprovada pelo Comitê dos 50 anos, mas agora não sei como serão os festejos lá. Mas isso não vai atrapalhar nossa homenagem”, explica ele.

Acompanhe os cavaleiros via Twitter, site e doe livros para o projeto!

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