quarta-feira, 1 de julho de 2009

ONU pede retorno imediato de líder deposto em Honduras

A Assembleia Geral da ONU condenou, nesta terça-feira, por aclamação, a deposição do presidente eleito de Honduras, Manuel Zelaya, e pediu às autoridades hondurenhas que o líder seja reconduzido ao poder ''imediatamente e incondicionalmente''.

Em uma resolução aprovada de forma consensual, a assembleia da ONU pediu ''com firmeza e categoricamente, que todos os países não reconheçam outro governo que não seja o de Zelaya''. Zelaya foi deposto no último domingo. Tropas militares invadiram o palácio presidencial e obrigaram o presidente hondurenho a embarcar às pressas, ainda de pijamas, para a Costa Rica, onde se exilou.
Em uma coletiva de imprensa após discursar na Asssembleia Geral das Nações Unidas, Zelaya saudou a resolução da ONU e afirmou que retornará a Honduras nesta quinta-feira, apesar das ameaças feitas por parte do presidente interino do país, Roberto Micheletti, de que ele será preso ao desembarcar.
Na noite desta terça-feira, a justiça hondurenha afirmou ter uma ordem de captura contra Zelaya, que seria acusado 18 delitos, entre eles “abuso de autoridade” e “traição”.
Durante a coletiva, Zelaya afirmou ainda que retornará ao seu país acompanhado pela presidente da Argentina, Cristina Kirchner, pelo presidente do Equador, Rafael Correa, e pelo secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza.

Concessão
Em uma aparente concessão aos oposicionistas, que o acusam de tentar mudar a Constituição do país para conseguir um novo mandato na Presidência, Zelaya afirmou não ter intenções de permanecer no poder além de seu mandato, que termina em 27 de janeiro.
Depois disso, segundo afirmou, pretende retornar à vida de “fazendeiro no campo”, sem nenhuma atividade no governo do país.
“Eu não vou tentar reunir uma assembleia constituinte. Se me for oferecida a possibilidade de permanecer no poder, não aceitarei. Quero completar meus quatro anos de mandato, e vou lutar por isso”, afirmou.
Zelaya ainda classificou o governo interino de Honduras como uma “ditadura”.

Apoio internacional
Também nesta terça-feira, o presidente deposto de Honduras se encontrou com representantes da Organização dos Estados Americanos em Washington.
No início da reunião extraordinária da OEA, o chanceler argentino, Jorge Taiana, eleito presidente da sessão, pediu aos países-membros “que condenem de maneira enérgica o golpe de Estado em Honduras e exijam o retorno urgente e incondicional do presidente Zelaya”.
Expressando apoio veemente ao presidente deposto, Taiana afirmou ainda que, caso Zelaya não volte ao poder, Honduras deveria ser suspensa da organização.
“Não estamos julgando apenas a democracia em Honduras, mas o processo democrático em todo o hemisfério. Por esta razão, caso as gestões diplomáticas não tenham sucesso, se nossos pedidos forem infrutíferos, devemos aplicar o artigo 21 da Carta Democrática e suspender Honduras de seu direito de participação na OEA”, disse Taiana.
Também nesta terça-feira, o ministro das Relações Exteriores da Espanha, Miguel Angel Moratinos, afirmou que está negociando a retirada de todos os embaixadores da União Europeia de Honduras devido ao golpe.
Segundo Moratinos, esta seria uma “medida necessária e urgente para mostrar a firmeza da União Europeia diante da ruptura da ordem constitucional” no país.
O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, também afirmou nesta terça-feira que a instituição está “fazendo uma pausa” nos seus empréstimos a Honduras.
Zoellick afirmou que o banco está trabalhando “próximo à OEA para lidar com a crise de acordo com a carta democrática” do órgão.




BBC Brasil

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