sábado, 4 de julho de 2009

Polícia da Irlanda do Norte prende dois adolescentes por ataques a ciganos


A Polícia norte-irlandesa (PSNI) revistou várias casas no sul de Belfast e deteve nesta sexta-feira dois adolescentes supostamente envolvidos nos ataques racistas que provocaram a fuga de mais de 20 famílias romenas de etnia cigana de suas casas nessa região da cidade.
Os suspeitos, de 15 e 16 anos, foram detidos depois que as forças de segurança fizeram uma operação no distrito popular The Village, uma região de maioria protestante na capital da Irlanda do Norte.
"Os agentes que averiguam a intimidação de cidadãos romenos cometida entre os dias 11 e 15 de junho efetuaram duas operações de busca. Um dos detidos está ajudando a Polícia em suas investigações", explicou uma porta-voz da PSNI.
No último final de semana, vários indivíduos atacaram duas casas de romenos, o que fez com que 115 pessoas de origem romena cigana abandonassem suas casas para se refugiar nesta quarta-feira em uma igreja protestante da região.
No mesmo dia, as autoridades acomodaram temporariamente as 20 famílias em um bairro com casas agora abandonadas perto de uma universidade.
O êxodo das famílias mobilizou toda a classe política norte-irlandesa, assim como representantes comunitários e organizações humanitárias, que trabalham agora para reforçar sua segurança e evitar a volta delas à Romênia.
A porta-voz da PSNI comunicou que as forças de segurança também trabalham para identificar os responsáveis por outro ataque racista cometido contra uma residência de romenos nesta quinta-feira no leste de Belfast, ao mesmo tempo em que descartou o envolvimento de grupos paramilitares protestantes, cujos líderes condenaram os incidentes.
Uma onda de violência racista cresceu nos últimos anos na cidade, coincidido com o declínio do tradicional conflito entre grupos paramilitares de distritos católicos e protestantes.
Parte da violência tem sido atribuída a jovens protestantes, alguns dos quais anteriormente voltavam sua revolta contra católicos ou aderiam a grupos paramilitares ilegais pró-britânicos.
A violência entre grupos católicos que lutavam pela independência da Irlanda do Norte em relação ao Reino Unido e os unionistas protestantes caiu drasticamente no início da década de 90, quando o IRA (Exército Republicano Irlandês) começou a diminuir a ênfase em ações armadas e atentados contra o domínio britânico. Em 1998, foi assinado o Acordo da Sexta-feira Santa entre o Sinn Fein, braço político do IRA, e os grupos paramilitares protestantes, que abriu caminho para um governo de união.
Em maio de 2007, dois adversários históricos --o líder do Partido Unionista Democrático (DUP, sigla em inglês), Ian Paisley, e o líder do católico Sinn Féin, Martin McGuinness-- dividiram o poder na Irlanda do Norte, como primeiro-ministro e vice-primeiro-ministro, respectivamente, após o fim de cinco anos de governo direto britânico. Alguns grupos radicais ainda contestam os acordos, e no início deste ano houve atentados que mataram dois soldados britânicos e um policial.

Folha Online
Com Efe e Associated Press

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Verbratec© Desktop.