domingo, 9 de maio de 2010

Nova York guarda línguas ameaçadas de extinção em todo o mundo



Centro Urbano para Pesquisas de Línguas abriga gravações raras.
Garifuna, mamuju e massalits fazem parte de estudo de linguistas.


James Lovell mudou-se de Belize para o Brooklin anos antes de suas filhas terem nascido. Mas ele nunca parou de falar a sua língua nativa: a garifuna, nem de tocar as músicas. “Sempre que vão à escola, elas falam inglês. Em casa, eu ensino a elas nossa história, ensino músicas, e com estas músicas explico o que dizem. Só o fato de aprenderem a língua já é uma capacitação”, explica Lovell.
A garifuna, uma língua aruaque originária da Ilha de São Vicente, no Caribe, é uma das centenas de línguas ameaçadas vindas de várias partes do mundo, e faladas em Nova York.
Linguistas, como Daniel Kaufman, acreditam que algumas línguas estão se tornando mais comuns em Nova York do que na própria terra natal. “Estamos cercados por línguas que não existirão em 20 ou 30 anos. É quase uma irresponsabilidade para linguistas não trabalharem com este material”, diz.



Dois anos atrás, Kaufman fundou o Centro Urbano para Pesquisas de Línguas, em Manhattan. No instituto, ele guarda uma gravação que traduziu de um homem falando mamuju, uma língua identificada na Indonésia e encontrada no Queens. “Vi um homem de Sulawesi e perguntei que língua ele falava: mamuju. Tenho quase certeza de que ele é a única pessoa que fala esta língua nos EUA”, conta Kaufman.
Há pouco tempo, Kaufamn convidou Daowd Salih para trabalhar com um estudo linguístico na Universidade de Nova York. Salih fala uma língua tribal de Darfur chamada massalits, que perdeu muito espaço para o árabe durante a guerra em Darfur. “Muitas tribos africanas em Darfur perderam suas línguas. Sinto orgulho por participar disso aqui em Nova York. Vai nos ajudar a escrever esta língua em vez de perdê-la e a manteremos para outras gerações”, afirma Salih.
Assim como faz com massalits e mamuju, Kaufman também trabalha com estudantes para desenvolver material didático para a garifuna. Nova-iorquinos como James Lovell estão contando com isso para seus filhos. “Se elas não falarem, quem mais vai falar? Porque se não falarem, será a extinção de uma cultura”, finaliza Lovell.

Sam Roberts
Do ‘New York Times’


G1

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