quarta-feira, 13 de maio de 2009

Dia de fúria em quartel no Iraque


Militar dos EUA mata cinco companheiros a tiros

Em um incidente que expõe o problema do estresse relacionado à guerra, um militar americano matou ontem a tiros cinco companheiros de armas na base de Camp Liberty, perto do aeroporto internacional de Bagdá, no Iraque.
O ataque ocorreu em uma clínica de atendimento psicológico montada dentro do quartel. No local, soldados podem buscar ajuda de psicólogos para problemas pessoais ou para lidar com a tensão dos combates. O nome e a patente do atirador, que está detido, não foram divulgados. Ninguém mais ficou ferido, e os detalhes do incidente, assim como os motivos do ataque, não foram divulgados pelo Pentágono.
Em Washington, o presidente dos EUA, Barack Obama, lamentou o incidente. Seu porta-voz, Robert Gibbs, qualificou de “tragédia terrível” as mortes. Ataques contra oficiais e sargentos não eram incomuns durante a Guerra do Vietnã (1965-1975), período em que o moral das tropas americanas estava muito baixo. Nas atuais guerras no Afeganistão e no Iraque, porém, esse tipo de incidente é raro. Em 2003, o sargento do exército americano Hasan Akbar foi condenado à morte por matar dois oficiais no Kuwait, pouco antes da invasão do Iraque.
Segundo a Reuters, o soldado foi acusado formalmente pelos cinco homicídios nesta terça-feira, informaram as Forças Armadas dos Estados Unidos em um comunicado.
A nota disse que o sargento John Russel, do 54o Batalhão de Engenharia, com base em Bamberg, na Alemanha, é o suspeito de abrir fogo na base Camp Liberty, perto do aeroporto de Bagdá, na segunda-feira. O principal chefe militar dos EUA sugeriu que o incidente pode ter sido deflagrado por estresse.
"O suspeito...sargento John Russel está indiciado com cinco especificações de homicídio e uma de agressão em circunstâncias agravantes", informa o comunicado, acrescentando que ele está sob custódia da polícia militar.
"Um total de cinco militares foram mortos ontem. Dois eram funcionários da 55 Companhia Médica no Liberty Combat Stress Control Center", diz o documento.
Os outros três eram soldados alistados no Exército que estavam no centro naquele momento, acrescentou.
Segundo reportagem do jornal americano "The New York Times", que cita o pai do sargento, Wilburn Russell, o sargento havia entrado no Exército por ser uma carreira com estabilidade, mas foi à falência por uma hipoteca de US$ 1.500 mensais.
O almirante Mike Mullen, chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, disse na segunda-feira que o incidente colocava em evidência a necessidade de redobrar os esforços para lidar de forma efetiva com o estresse e o risco da mobilização múltipla de soldados.
"Uma investigação adicional, uma AR-15/16, está sendo conduzida para supervisionar as regras e os procedimentos dos serviços de saúde comportamental oferecidos no Iraque", disse o comunicado.
"Esse indivíduo suspeito foi detido diante da clínica pouco depois de os tiros serem ouvidos", declarou o general-de-divisão David Perkins, porta-voz das forças norte-americanas no Iraque, acrescentando que seu comandante havia determinado mais cedo que seria melhor que se retirassem a arma dele.
"Isso incluirá um exame sobre como o incidente ocorreu. Também examinaremos as medidas tomadas para ver se podemos reduzir a possibilidade de outro evento semelhante no futuro", afirmou ele.
De acordo com a BBC,este foi o incidente mais violento envolvendo tropas dos Estados Unidos no Iraque desde 10 de abril, quando cinco soldados foram mortos em um atentado suicida na cidade de Mosul.
"Toda vez que perdemos um de nós, isso nos afeta a todos", disse o porta-voz militar John Robinson.
Os militares americanos devem deixar o Iraque em agosto de 2010.
Esta não foi a primeira vez que um soldado americano abriu fogo contra colegas.
Um militar foi condenado à morte em 2005 após matar dois oficiais e ferir 14 pessoas em uma base no Kuwait.
Segundo reportagem do jornal americano "The New York Times", que cita o pai do sargento, Wilburn Russell, o sargento havia entrado no Exército por ser uma carreira com estabilidade, mas foi à falência por uma hipoteca de US$ 1.500 mensais.



Fonte: BBC Brasil
O Globo
Reuters

Foto: Francisco Figueiredo

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