sexta-feira, 15 de maio de 2009

Cruz Vermelha teme 'catástrofe inimaginável' no Sri Lanka

O diretor de operações do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Pierre Krahenbuhl, disse nesta quinta-feira que seus funcionários no Sri Lanka estão testemunhando uma "catástrofe humana inimaginável" na área dos confrontos entre o Exército e os rebeldes do grupo Tigres de Libertação da Pátria Tâmil.
"Nenhuma organização humanitária pode ajudá-los nas atuais circunstâncias", completou Krahenbuhl.
A organização diz que o navio Green Ocean, que leva ajuda humanitária para os civis, não consegue chegar à costa nordeste do país há três dias por causa dos confrontos. Outro navio, do Programa Alimentar Mundial, também está à espera de acesso para conseguir entregar ajuda na zona de conflito, disse o comitê.
Segundo o correspondente da BBC no Sri Lanka Charles Haviland, há informações de que os funcionários do último hospital ainda em funcionamento na zona de guerra abandonaram o local, alvo de bombardeios constantes nos últimos dias, deixando para trás cerca de 400 feridos em estado grave e cem cadáveres.
No entanto, essa informação, fornecida por um agente de saúde que não quis se identificar, não pôde ser confirmada de forma independente, disse Haviland.
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que há cerca de 50 mil civis presos nas zonas de conflito. Esse número, porém, não é confirmado pelo governo do Sri Lanka.

Fuga
O governo rejeitou pedidos internacionais para interromper sua ofensiva contra o grupo rebelde. A justificativa é que uma pausa daria tempo aos rebeldes para se recuperar.
Um porta-voz do Exército, Udaya Nanayakkara, disse à BBC que aeronaves não-tripuladas sobrevoando a zona de conflito gravaram imagens de mais de 2 mil civis atravessando uma lagoa para escapar dos confrontos e chegar a áreas controladas pelo governo.
"Há muitas pessoas atravessando (a lagoa), e (os rebeldes) atiraram contra elas. Quatro pessoas foram mortas, e 14 ficaram feridas", disse Nanayakkara.
As informações do Exército, no entanto, não podem ser confirmadas de maneira independente. Os rebeldes não se pronunciaram sobre o episódio. Governo e rebeldes trocam acusações sobre mortes de civis.
Com o agravamento da crise, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, enviou seu chefe de gabinete, Vijay Nambiar, de volta ao Sri Lanka para pedir maior proteção aos civis presos nas áreas de confronto.
Nesta quinta-feira, a Grã-Bretanha, do qual o Sri Lanka foi colônia no passado, disse que apoia uma investigação sobre possíveis crimes de guerra cometidos nas zonas de conflito.
O Conselho de Segurança da ONU pediu ao governo e aos rebeldes que garantam a segurança dos civis. O conselho manifestou "grande preocupação" com o agravamento da crise na região.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, também pediu que o Exército interrompa os ataques a áreas de civis e que os rebeldes abandonem as armas.
Calcula-se que cerca de 200 mil civis estejam em campos de deslocados mantidos pelo governo.


BBC Brasil

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