sábado, 16 de maio de 2009

Conflitos conjugais: eles são prejudicais para os filhos?

As discussões entre os casais, se realizadas de maneira construtiva, podem trazer resultados positivos para as crianças. Entenda

Você toma um cuidado enorme para nunca discutir com seu companheiro na frente do seu filho, certo? Talvez também se culpe toda vez que escapa uma pequena briga na presença da criança. Saiba que, ao contrário do que se pensa, um conflito pode não ser tão prejudicial assim para os pequenos.
Pesquisadores da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, avaliaram 235 famílias com crianças entre 5 e 7 anos durante três anos. Para o estudo, foi analisado o comportamento dos casais durante um conflito, e os cientistas classificaram os argumentos como destrutivo ou construtivo. O resultado da pesquisa sugere que é benéfico para a criança verem os pais resolverem os problemas construtivamente.
Mas existe mesmo algum benefício de as crianças verem os pais discutirem? Sim, desde que exista bom senso. Segundo Rita Calegari, psicóloga infantil do Hospital São Camilo (SP), há um senso comum de os pais nunca brigarem na frente dos filhos como forma de protegê-los, mas muitas vezes essa não é a melhor solução. “Se o clima entre o casal não está bom, as crianças vão perceber. Por mais que nada seja falado, elas sentem a distância um do outro, o silêncio, a mudança no clima da casa”, diz.
Quando os pais brigam, se a discussão for saudável, em que cada um expõe seu ponto de vista para chegar a um ponto em comum, sem agressões físicas ou ofensas dirigidas, ela pode agregar valores para a criança. Afinal, é no ambiente doméstico que ela aprende a se relacionar, a lidar com conflitos, frustrações e diferenças. “Os pais educam por meio do exemplo. Se a criança presencia uma discussão e depois vê os pais fazerem as pazes, se desculpando, ela entende que é normal ficar bravo e não concordar com outra pessoa, mas que é fundamental haver respeito”, afirma Rita.
Com isso, ela percebe que as relações humanas são permeadas por conflitos, mesmo entre pessoas que se amam. Isso elimina aquele estigma de que só briga quem se odeia.

Bom senso
A criança não precisa ficar assistindo às brigas dos pais como se estivesse numa sala de aula. É importante explicar para ela o que está acontecendo, e, principalmente, que ela não tem culpa alguma por aquela situação. “Os pais devem ser intérpretes para os filhos, mas nunca devem esconder”, diz Rita.
Além disso, não é tudo que deve ser falado na frente das crianças. Se esse tipo de conversa for inevitável, nunca peça para o seu filho sair da sala, por exemplo, para você e seu marido discutirem. São vocês que devem se retirar. “É importante dizer que os pais vão conversar, mas que ela pode entrar no quarto a hora que quiser”, afirma Rita.

É preciso maturidade. Discussão é diferente de uma guerra, que, se presenciada pela criança, pode gerar um sentimento de ansiedade e medo. Por isso, se perceber que o conflito chegou num nível em que você e seu marido perderam a capacidade de negociar, de entrar num acordo, é hora de ter um mediador entre vocês, seja um amigo, um parente ou um profissional.

Ana Paula Pontes


Revista Crescer

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Verbratec© Desktop.