Três policiais abordam dois rapazes suspeitos de terem cometido roubo de uma arma e os levam à delegacia. Lá, o delegado interroga os suspeitos com práticas não muito convencionais em busca da confissão de um crime que os rapazes não cometeram. Nos diálogos das autoridades, preconceito, abuso de autoridade e tentativa de conseguir uma confissão à base de tortura. A cena, interpretada por menores infratores do Centro de Internação para Adolescentes (CIA), foi vivenciada por um deles e faz parte do projeto de criação de uma rede que trabalha com o Teatro dos Oprimidos em Goiânia. A apresentação, com 15 reeducandos, ocorreu no auditório do Básico da Universidade Católica de Goiás (UCG), na tarde de ontem.
A iniciativa, que atua ainda com reeducandos do Centro de Atendimento Sócio-educativo (Case), começou há pouco menos de um ano e consiste na aplicação do método teatral criado por Augusto Boal como forma de discutir a realidade da camada mais pobre da população. As cenas violentas, tanto por parte dos “excluídos”, que planejam um roubo, quanto dos policiais, que tentam intimidar os suspeitos, refletem a realidade de grande parte dos moradores das periferias brasileiras.
Após a apresentação do “teatro fórum”, como é chamado esse tipo de apresentação, pessoas da plateia são convidadas a interferir na peça, atuar no lugar do oprimido (no caso, os suspeitos) e agir de uma forma que possam mudar a realidade da cena. As ideias apresentadas, como acionar os pais na hora da detenção, chamar a imprensa e até mesmo se jogar no chão e mandar os policiais o matar, fizeram levantar discussões sobre o que poderia ser feito para evitar as agressões da cena.Além de discutir a realidade, a prática do teatro já apresentou bons resultados, como explica a diretora da Escola Estadual Vida Nova, onde os reeducandos assistem aulas. “Eles ficam mais interessados em estudar, argumentar. Depois dos ensaios mudou tudo. A relação deles com os outros muda, eles começam a ter mais respeito e se colocar no lugar dos outros”, comenta. Outro ponto levantado pela diretora é a questão da autoestima. “Acho que é uma oportunidade de eles virem que não servem só para isso (o crime). Dá uma força, mostra que eles têm talento. Não deixa o cara lá embaixo”.
A diretora do Case, Ivana Mendonça, vai na mesma linha. “Aqui eles têm uma oportunidade que não tiveram na vida. Quando eles apresentariam uma peça no teatro de uma faculdade?”, questiona a diretora, que é psicóloga. Ivana diz ainda que isso é uma forma de fazer cobranças para esses menores. “A gente dá oportunidade, mas cobra responsabilidade. São adolescentes iguais ao meu filho e têm de ser tratados da mesma forma. A gente está lá para isso”. Os resultados, na sua visão, já são percebidos. “Acho que diminuiu o estresse e aumentou o processo de socialização e de comprometimento.”
Para os menores, o teatro abre oportunidade única de sentir sensações até então privadas para eles. “É uma grande oportunidade de mostrar a realidade. A gente sente uma emoção muito grande de estar expondo o que acontece lá fora”, diz um dos atores/reeducandos. Outro, que fez o papel de policial, diz que, com a encenação, dá para se ter uma noção do que se passa na mente das autoridades policiais na hora da abordagem.
A iniciativa, que atua ainda com reeducandos do Centro de Atendimento Sócio-educativo (Case), começou há pouco menos de um ano e consiste na aplicação do método teatral criado por Augusto Boal como forma de discutir a realidade da camada mais pobre da população. As cenas violentas, tanto por parte dos “excluídos”, que planejam um roubo, quanto dos policiais, que tentam intimidar os suspeitos, refletem a realidade de grande parte dos moradores das periferias brasileiras.
Após a apresentação do “teatro fórum”, como é chamado esse tipo de apresentação, pessoas da plateia são convidadas a interferir na peça, atuar no lugar do oprimido (no caso, os suspeitos) e agir de uma forma que possam mudar a realidade da cena. As ideias apresentadas, como acionar os pais na hora da detenção, chamar a imprensa e até mesmo se jogar no chão e mandar os policiais o matar, fizeram levantar discussões sobre o que poderia ser feito para evitar as agressões da cena.Além de discutir a realidade, a prática do teatro já apresentou bons resultados, como explica a diretora da Escola Estadual Vida Nova, onde os reeducandos assistem aulas. “Eles ficam mais interessados em estudar, argumentar. Depois dos ensaios mudou tudo. A relação deles com os outros muda, eles começam a ter mais respeito e se colocar no lugar dos outros”, comenta. Outro ponto levantado pela diretora é a questão da autoestima. “Acho que é uma oportunidade de eles virem que não servem só para isso (o crime). Dá uma força, mostra que eles têm talento. Não deixa o cara lá embaixo”.
A diretora do Case, Ivana Mendonça, vai na mesma linha. “Aqui eles têm uma oportunidade que não tiveram na vida. Quando eles apresentariam uma peça no teatro de uma faculdade?”, questiona a diretora, que é psicóloga. Ivana diz ainda que isso é uma forma de fazer cobranças para esses menores. “A gente dá oportunidade, mas cobra responsabilidade. São adolescentes iguais ao meu filho e têm de ser tratados da mesma forma. A gente está lá para isso”. Os resultados, na sua visão, já são percebidos. “Acho que diminuiu o estresse e aumentou o processo de socialização e de comprometimento.”
Para os menores, o teatro abre oportunidade única de sentir sensações até então privadas para eles. “É uma grande oportunidade de mostrar a realidade. A gente sente uma emoção muito grande de estar expondo o que acontece lá fora”, diz um dos atores/reeducandos. Outro, que fez o papel de policial, diz que, com a encenação, dá para se ter uma noção do que se passa na mente das autoridades policiais na hora da abordagem.
“Eu senti que estava com o poder na mão. Eu estava me divertindo com a tortura. Eles adoram fazer isso”.
Hoje
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