quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Cartilha contra a Aids abusa de gírias e divide opiniões


Uma cartilha educativa de prevenção a doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), em especial a Aids, distribuída em unidades de saúde e terminais rodoviários de Vila Velha nesta terça-feira (1), dia mundial de combate a doença, dividiu opiniões. A utilização de termos pouco comuns em materiais informativos foi avaliada como ofensiva por alguns entrevistados, enquanto outros elogiaram a iniciativa.
O panfleto é colorido e possui desenhos ilustrativos de órgãos genitais e de atos sexuais. As imagens são acompanhadas de textos com rimas e gírias, que contam uma espécie de história envolvendo um encontro entre jovens. Do outro lado do panfleto, há informações sobre as DSTs e instruções sobre como usar o preservativo. É aí que está o centro da polêmica. No texto, a palavra pênis é substituída pela gíria "p..." e no lugar do termo ereto é usada a palavra "duro".
O material foi entregue por equipes da Prefeitura Municipal de Vila Velha em todas as 17 unidades de saúde e nos quatro terminais rodoviários localizados no município. A distribuição da cartilha educativa e de três preservativos fez parte de uma campanha de conscientização lembrando o Dia Mundial de Combate à Aids.
Outra informação apontada como ofensiva foi a frase "A Aids não é coisa de vadia, doidão ou viado", que foi vista como preconceituosa por algumas pessoas que receberam o material. O folder utilizado na campanha está disponível para visualização no site da Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde. A última página do folder foi modificada nos panfletos distribuídos em Vila Velha.

Divergências
A supervisora de vendas Simone Rodrigues, de 24 anos, se posicionou contra a linguagem presente na cartilha educativa. "Eu achei um pouco pesado. Quando fala que Aids não é coisa de vadia, doidão e viado é uma linguagem um pouco pesada. Quando você entrega um panfleto, você não sabe o tipo de pessoa que vai ler", opinou.
Por outro lado, a psicóloga Pedrina Gouvea Jaques Moraes, 58, achou interessante o panfleto de conscientização. Na opinião dela, a linguagem direta elimina as chances de que alguém não seja atingido pela mensagem contida na campanha. "Legal. Criativa, não tem nada demais e é tudo muito natural. A linguagem é perfeita. Se alguém não entender isso, eu não sei o que vai entender", defendeu.
Para a terapeuta familiar e psicóloga Adriana Müller, é importante que os pais eduquem os filhos com orientações sexuais e complementem os conhecimentos adquiridos nas campanhas. "Educar não quer dizer incentivar. Isso é importante. Quando a gente se posiciona, a gente tem que instruir. Por outro lado, a linguagem deve ser compreensível, mas não deve ser uma linguagem que choque ou cause constrangimento. Se algum pai ou responsável se sentir atingido com as informações deve sentar com os filhos e explicar tudo de acordo com a própria base familiar", orientou.
A assessoria da Prefeitura Municipal de Vila Velha informou que as prefeituras apenas distribuem o material, que é enviado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). A assessoria disse ainda que a cartilha já é utilizada há cerca de dois anos. No programa DST/Aids da Prefeitura de Vila Velha, uma voluntária informou que o material da campanha de 2009 não ficou pronto a tempo e por isso foi utilizado o panfleto antigo.
Segundo a coordenação estadual de DST/Aids desde o dia 27 de novembro os folders da campanha oficial 2009 enviados pelo Ministério da Saúde (MS) estavam disponíveis para municípios, empresas e entidades na sede da Secretaria de Estado da Saúde. Esclarece ainda que devido à pequena quantidade remetida pelo Ministério, o mesmo material foi reproduzido localmente e disponibilizado a partir desta terça-feira (01).
O Ministério da Saúde informou que não é autor da cartilha e que apenas destina verbas para o financiamento de campanhas elaboradas por Organizações Não Governamentais (ONG's). A cartilha específica distribuída nesta terça-feira (1) em Vila Velha, segundo a assessoria do Ministério da Saúde, foi elaborada pela Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia).
Segundo a Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), a reprodução do material distribuído é previamente autorizada a qualquer pessoa ou instituição, contanto que seja informada a fonte. A Abia informou ainda que não tem conhecimento de quem imprimiu o material.


Gazeta Online

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