Pego pela polícia em 1998, o motoboy Francisco de Assis Pereira (a foto acima é daquele ano) foi condenado a 274 anos de prisão por ter matado pelo menos dez mulheres. Ele ficou conhecido como Maníaco do Parque porque atacava as mulheres em um parque da zona sul de São Paulo, onde deixava os cadávares.
Embora seja um estuprador e assassino confesso, Pereira recebeu no primeiro mês de sua prisão mais de mil cartas de mulheres com declarações de amor e de admiração.
Diz uma delas: “[...] quero dizer que te desejo todas as noites”. Outra: “Eu te amo, te amo, te desejo, e te quero de corpo de alma.” Trecho de mais uma: “Eu durmo sozinha e querendo você aqui”.
Uma das admiradoras, a Marisa Mendes Levy, formada em história e de família de classe média alta, casou-se com ele, na prisão. O casamento não durou muito.
O que explica tal devoção por um assassino estuprador? Trata-se de mulheres de psique perturbada?
Não. São mulheres aparentemente normais, diz o jornalista e roteirista Guilmar Rodrigues, apesar do título do livro que escreveu sobre o assunto: “Loucas de Amor –mulheres que amam serial-killers e criminosos sexuais” (editora Ideias a Granel).
Além do Maníaco do Parque, o livro pega outros exemplos de tarados assassinos cortejados por mulheres, após terem sido presos.
Quanto mais bárbaro, mais o assassino obtém admiradoras, observou Rodrigues. O que explica o fato de o Maníaco do Parque ser o recordista em recebimento de cartas da Penitenciária de Itaí, no interior paulista.
Ele constatou que, entre as fãs do maníaco, há feias e bonitas, pobres e mulheres da classe média, semi-analfabetas e universitárias, solteiras (na maioria) e casadas.
De comum, essas mulheres (ou a maioria delas) tiveram um relacionamento afetivo precário na infância. Muitas sofreram abandono dos pais ou abuso sexual. Elas possuem baixa autoestima e, na maioria dos casos, têm um entendimento infantilizado do amor. São românticas a todo custo.
“É uma simbiose de marginalizados. Essas mulheres veem o criminoso sexual como um igual”, disse Rodrigues à revista Época.
Pereira foi molestado na infância por uma tia materna e, adulto, foi assediado pelo patrão. Namorou uma gótica que, em uma felação, quase arrancou o seu pênis. Morou por cerca de um ano com Tayná, um travesti, o qual levava dele surra com frequência.
Por conta disso tudo, Pereira afirmou, na época em que foi julgado, ser um psicopata. Hoje ele se diz renegado porque encontrou Jesus.
Rodrigues entrevisou detentos e mulheres que se correspondiam com condenados por crime sexual. Ele falou também com psiquiatras, juízes, promotores, advogados e jornalistas, no total de 80 pessoas.
Não se arrepende de ter-se dedicado por quatro anos um assunto tão sombrio, mas, nas entrevistas, admite ter ficado abalado com a miséria humana.
Fonte: Paulo Lopes Weblog
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