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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Crimes com morte crescem 5% em Curitiba
Média passou de 4 para 4,6 assassinatos por dia, de janeiro a novembro deste ano, na comparação com 2009
Houve 200 homicídios a mais
Adriano Ribeiro, Aline Peres e Paola Carriel
As mortes decorrentes de crimes violentos aumentaram em Curitiba e região metropolitana (RMC) e, mesmo sem contar o mês de dezembro, os números de 2009 já superam em 5% os do ano passado inteiro, passando de 1.465 para 1.534. A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) diz ter investido mais de R$ 6 bilhões em segurança no estado desde 2003, mas ainda assim a média neste ano na capital é de 4,6óbitos por dia, contra taxa de 4 em 2008. Só em três meses (março, maio e agosto) as ocorrências que acabaram em morte diminuíram em relação a igual período do ano anterior. Nesses 11 meses houve exatamente 200 assassinatos a mais do que no mesmo período de 2008.
Para reduzir o índice de crimes violentos é preciso investimento em áreas como prevenção, inteligência policial, infraestrutura, treinamento e melhores salários. Mas no Paraná o número de policiais está defasado e a categoria sofre com baixos salários. A quantidade de investigadores civis (cerca de 3 mil) deveria dobrar, por exemplo. Esta é a opinião do advogado e integrante da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Dálio Zippin. Ele afirma que esse déficit tem reflexo direto nos assassinatos. “Grande parte das delegacias não tem equipe para investigação. A impunidade gera mais crime”, salienta.
Outra crítica é em relação ao Mapa do Geoprocessamento, elaborado pela Sesp. Para Zippin, não basta somente apontar os locais onde acontecem mais crimes, mas também o perfil das vítimas e dos criminosos, além do seu modo de operação. “Falta planejamento estratégico e ação depois do geoprocessamento pronto. O crime está nos engolindo”, diz. Outra área essencial é a prevenção. Para especialistas em segurança pública, não se diminui a violência somente com mais policiamento.
“Ações policialescas geram somente repressão, mas não necessariamente resolvem o problema. Por isso acreditamos na educação”, afirma a coordenadora técnica do Projeto Não-Violência, Adriana Cristina de Araújo Bini. A instituição promove ações preventivas com educadores de escolas públicas de Curitiba e RMC e, no ano passado, chegou a 17 mil alunos. “A diminuição dos índices de violência passa por uma mudança de cultura também, que deve ser mais pacífica”, opina.
Recorde do mês
O último mês de novembro foi o mais violento do ano na capital e na RMC. Foram 170 mortes violentas registradas em 30 dias, de acordo com dados do Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba. O índice é o mesmo de janeiro, que também registrou 170 homicídios. No entanto, o primeiro mês do ano teve um dia a mais. Os números do penúltimo mês deste ano superam em 15% fevereiro de 2008, considerado o mais violento do ano passado, com 148 mortes.
A média de novembro é de 5,7 mortes por dia. Assim como nos meses anteriores, a maioria foi ocasionada por ferimentos com arma de fogo (136). As ocorrências com arma branca causaram 20 óbitos (um recorde neste ano) e as agressões físicas foram o motivo de 14 mortes.
O advogado Dálio Zippin diz que cidades como Medellin, na Colômbia, com número de habitantes semelhante ao da capital paranaense, seguiram o caminho da prevenção e tiveram bons resultados. Uma das ações foi ampliar o número de bibliotecas. Junto com uma qualificação da polícia local, deixaram para trás o assustador número de mais de 6 mil mortes violentas por ano. “Hoje nossa polícia age com muita violência e tem pouco resultado”, afirma o jurista.
Perfil das vítimas
O perfil das vítimas da violência crescente em Curitiba e região metropolitana tem sido de pessoas cada vez mais jovens, conforme o levantamento dos boletins do Instituto Médico Legal. Em relação a 2008, o número de crianças e adolescentes entre a faixa de 12 a 18 anos chegou a crescer em 92%.
Porém as mulheres também têm sido alvo da violência cotidiana. Em oito meses do ano, o mesmo levantamento diário apontou mais de 25% de mulheres envolvidas em mortes cometidas por arma de fogo. Na grande maioria dos casos, devido ao envolvimento com o uso ou o tráfico de drogas, além de casos de violência doméstica. Somente em novembro, foram 18 crimes cometidos contra o sexo feminino. A média, até então, era de 11 mortes por mês.
Fonte: Gazeta do Povo - PA
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