Coluna de Marcelo Cunha Bueno sobre como as crianças estão abertas para as relações ao chegar na escola: "um corpo que não para de ser convidado a participar de novas conexões".
Para pensar... Matemáticas.
Pensemos num corpo. Um corpo que chega à escola repleto de aberturas. Um corpo que não para de ser convidado a participar de novas conexões. Um corpo que dançava num baile da família e que agora é chamado para atravessar esse emaranhado entre família, cidade e escola.
Uma criança que reconhece o mundo porque o sente. Esse sentimento em devir, que sente de verdade, que sente profundamente, pois é no corpo que se entende sentimento. Uma criança não linguajada que se entrega ao mundo para viver e aprender com ele.
Assim nos acontece essa criança. Uma criança que, antes de ser criança, já é múltipla! Uma criança aberta para relações.
Relacionar é organizar.
Ir para além dos números... para além dos cálculos. Matemáticas como relação. Eu e meu grupo, um conjunto. Eu, o outro, a outra... uma soma. Os porquês e os serás... hipóteses. Meus quereres, meus poderes, neste e naquele grupo... problemas a serem resolvidos.
Não vemos números, vemos formas corporais.
Um corpo que aprende a se subtrair quando está no grupo. Subtração como processo de identificação... soma como processo de coletividade. Permanências. Permanências, quando me sinto parte do grupo, quando sinto que sei, aprendo, costuro. Variáveis. Variáveis, quando sei que o que sei pode ser modificado pela equação da coletividade, composta pelas diferenças que me compõem, que me agregam e somam no grupo.
Eu sem minha mãe, sem o corpo familiar, subtraio-me para me somar ao outro... que é x, desconhecido. Adaptação como equação.
Transições. Transições que criam diferentes possibilidades relacionais. Hipóteses. Hipóteses e transições que me contam de um mundo cultural, em movimento, talvez em transe.
Uma criança que não se contenta com o resultado, com o fim de suas ações. Quer inverter, quer verificar, quer tirar a prova real de cada situação experimentada.
Transgredir a regra é mais uma forma de frequentar um produto. Transgredir é afirmar. Transgredir é entender os resultados... mas é também perceber suas variáveis.
Matemáticas como um corpo-relacional. Matemáticas como espaço, como geografia. Uma geografia que localiza, desliza pelos planos, curvas, linhas, vértices, ângulos, pontos, sinais...
Um espaço que é atravessamento... daquilo que desejo e quero, para aquilo que posso e alcanço. Assim fazem as crianças quando buscam algo. Desejam, calculam, medem, atravessam e alcançam.
Marcelo Cunha Bueno é educador e diretor pedagógico da escola Estilo de Aprender, em São Paulo
Crescer
Para pensar... Matemáticas.
Pensemos num corpo. Um corpo que chega à escola repleto de aberturas. Um corpo que não para de ser convidado a participar de novas conexões. Um corpo que dançava num baile da família e que agora é chamado para atravessar esse emaranhado entre família, cidade e escola.
Uma criança que reconhece o mundo porque o sente. Esse sentimento em devir, que sente de verdade, que sente profundamente, pois é no corpo que se entende sentimento. Uma criança não linguajada que se entrega ao mundo para viver e aprender com ele.
Assim nos acontece essa criança. Uma criança que, antes de ser criança, já é múltipla! Uma criança aberta para relações.
Relacionar é organizar.
Ir para além dos números... para além dos cálculos. Matemáticas como relação. Eu e meu grupo, um conjunto. Eu, o outro, a outra... uma soma. Os porquês e os serás... hipóteses. Meus quereres, meus poderes, neste e naquele grupo... problemas a serem resolvidos.
Não vemos números, vemos formas corporais.
Um corpo que aprende a se subtrair quando está no grupo. Subtração como processo de identificação... soma como processo de coletividade. Permanências. Permanências, quando me sinto parte do grupo, quando sinto que sei, aprendo, costuro. Variáveis. Variáveis, quando sei que o que sei pode ser modificado pela equação da coletividade, composta pelas diferenças que me compõem, que me agregam e somam no grupo.
Eu sem minha mãe, sem o corpo familiar, subtraio-me para me somar ao outro... que é x, desconhecido. Adaptação como equação.
Transições. Transições que criam diferentes possibilidades relacionais. Hipóteses. Hipóteses e transições que me contam de um mundo cultural, em movimento, talvez em transe.
Uma criança que não se contenta com o resultado, com o fim de suas ações. Quer inverter, quer verificar, quer tirar a prova real de cada situação experimentada.
Transgredir a regra é mais uma forma de frequentar um produto. Transgredir é afirmar. Transgredir é entender os resultados... mas é também perceber suas variáveis.
Matemáticas como um corpo-relacional. Matemáticas como espaço, como geografia. Uma geografia que localiza, desliza pelos planos, curvas, linhas, vértices, ângulos, pontos, sinais...
Um espaço que é atravessamento... daquilo que desejo e quero, para aquilo que posso e alcanço. Assim fazem as crianças quando buscam algo. Desejam, calculam, medem, atravessam e alcançam.
Marcelo Cunha Bueno é educador e diretor pedagógico da escola Estilo de Aprender, em São Paulo
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