segunda-feira, 5 de abril de 2010

Pais têm de observar que suas crianças podem não apenas ser vítimas, mas também agressoras


Para os mais desavisados pode até parecer brincadeira de criança. Mas não é. Uma pesquisa nacional levantada pela Fundação Instituto de Administração (FIA), em 2009, revelou que pelo menos 990 alunos das redes pública e particular de ensino, em Belém e Ananindeua, já sofreram ou sofrem com o bullying, um tipo de violência física e psicológica de caráter repetitivo e baseado na desigualdade de poder entre vítima e agressor. Geralmente, ambos são adolescentes a partir de 12 anos, mas pode ter origem ainda na infância.
“Antes de tudo é preciso entender que o bullying é um fenômeno mundial, com vinte anos de estudos e que não se restringe ao ambiente escolar. Na psicologia, inclusive, há estudos que o comparam ao assédio moral, que ocorre largamente dentro das empresas. No caso do bullying, geralmente começa com a atribuição de apelidos e xingamentos que podem virar agressão física por parte de uma pessoa ou um grupo”, resume a psicóloga e orientadora pedagógica de uma escola particular de Belém, Érica Pimentel.
Os sintomas são muito sutis, pois comumente agressor e vítima não têm consciência que estão praticando ou sofrendo violência. Segundo a psicóloga, a mudança repentina de comportamento e a resistência em ir à escola podem ser indícios do bullying. “O agressor pode se tornar um delinquente e a vítima, maníaca depressiva. Se isso não for tratado a tempo, a autoestima pode ser afetada pelo resto da vida ou virar um ciclo vicioso, onde vítima vira agressor. Ou seja, ambos estão sofrendo”, afirma Érica.

FORMAÇÃO

O termo é novo, mas a violência é antiga. A pedagoga Ana Cláudia Vallinoto destaca a família como responsável pela formação da criança ao lado da escola, portanto esta relação deve estar bem. “Os agressores já apresentam algum desvio emocional dentro de casa e a escola é o ambiente onde ele externa essa condição, o que pode vir a se tornar o bullying. Já as vítimas são pessoas normais. Isto é, não necessariamente precisam ter alguma deformidade ou característica que sirva de deboche ou perseguição”, esclarece.
Além de observar e detectar o problema cedo é preciso fazer com que pais ou responsáveis admitam que suas crianças podem não apenas estar sofrendo, mas cometendo as agressões. “Algumas vítimas conseguem se livrar sozinhas, outras não. O mesmo vale para a necessidade de terapia. No caso dos agressores, estes precisam de tratamento o quanto antes e é justamente aí que está o problema. Muitos pais, além de não perceberem, não querem aceitar, o que faz necessário as escolas os incluírem nas atividades para sanar o problema”, aponta Ana Cláudia.

Bullying

COMO PERCEBER

- Comportamento alterado;

- Dificuldade na adaptação;

- Tendência ao isolamento;

- Marcas de violência pelo corpo.

O QUE FAZER

- Conversar e, principalmente, ouvir os filhos sobre o assunto;

- Conversar com a escola e procurar orientação especializada.

Diário do Pará

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