Uso do chá em rituais religiosos voltou ao noticiário após tragédia com o cartunista Glauco em SP
A doutrina cristã do Santo Daime ganhou destaque no noticiário nacional junto com o assassinato do cartunista Glauco Villas Boas, 53 anos, e do filho dele, Raoni, 25, na madrugada do dia 12 de março, em Osasco, na Grande São Paulo. Glauco era o líder religioso da Igreja Céu de Maria, da qual o acusado pelo duplo homicídio, o estudante Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o “Cadu”, 24, fazia parte.
Mas o que é o Santo Daime? Quais são as suas origens, seus rituais, seus efeitos? O que é verdade e o que é mito? A Gazeta foi à Igreja Flor de Jasmim, fundada há quatro anos em Japaratinga, no Litoral Norte do Estado, para conhecer o cerne da chamada “religião da floresta” e que faz uso do Ayahuasca, chá também conhecido como santo-daime.
A igreja do Santo Daime Flor de Jasmim passou recentemente a produzir em sua área de cultivo o chá usado durante os rituais. “Em todos os trabalhos consagramos o sacramento”, enfatizou Janaína Vieira de Araújo, 29. A bebida é uma mistura das folhas da planta chacrona ou rainha (Psychotria viridis) e do cipó chamado de mariri ou jagube (Banisteriopsis caapi), que após cozidos resultam numa bebida de gosto amargo e de cor marrom, cuja aparência se assemelha a um café com leite.
Os estudos mostram que o chá leva, em média, meia hora para apresentar os efeitos no organismo de quem o ingere. “Em uma hora, a maioria das pessoas sente bem a força!”. Pode-se sentir um estado meditativo e de relaxamento; às vezes, uma leve euforia e também alterações de percepção. Outro estado possível é a chamada “peia”, um momento de sofrimento espiritual em que a pessoa trabalha questões profundas de sua alma.
Cuidados, lições e “curas espirituais”
No Trabalho de Cura, a religião do Santo Daime auxilia os enfermos a vencer as moléstias, e os dependentes químicos a se livrarem do vício, principalmente do álcool. “A prece e a luz na sombra em que a doença se instala”, ensina a religião, destacando que “toda cura espiritual lança raízes sobre a força do amor”.
Janaína Vieira, entretanto, lembra que a doutrina adota alguns cuidados e faz restrições ao uso do chá por pessoas possuidoras de doenças psiquiátricas. Antes de participar da sessão, todos os iniciantes passam por uma entrevista em que informa o histórico pessoal e o eventual uso de certos remédios, como os de tarja preta, bem como passagens por clínicas psiquiátricas e afins. Em alguns casos, o interessado é aconselhado a não ingerir o chá.
Psicoterapeuta alerta para danos causados pela bebida sagrada
Paulo Campos Dias é psicoterapeuta com especialização em dependência química pelo Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e pela Fundação de Incentivo à Pesquisa em Álcool e Drogas (Fipad) do Rio Grande do Sul. Ele classifica o chá Ayahuasca como uma droga perturbadora do sistema nervoso central, uma substância psicotrópica. Revela que os estudos voltados aos danos provocados ainda são incipientes, mas apesar disso alerta que o uso do chá pode precipitar e até piorar quadros mentais de indivíduos portadores de esquizofrenia ou de transtorno bipolar.
Especialista no assunto, Campos respondeu a uma entrevista encaminhada pela Gazeta por e-mail. “Por ter como componente a DMT (dimetiltriptamina) e também alguns alcaloides reconhecidos como IMAO (inibidores da monoaminaoxidase), e como tal uma substância alucinógena, o chá tende a fazer muito mais mal do que bem para quem o consome”, alerta o psicoterapeuta.
Prática tem regras definidas por lei
O governo brasileiro oficializou, em 26 de janeiro deste ano, as regras para o uso religioso do Ayahuasca e utilizado principalmente em cerimônias religiosas. A resolução, publicada no Diário Oficial da União, entretanto, proíbe o comércio e propagandas do composto, que só poderá ser cultivado e transportado para fins religiosos e não lucrativos.
Além disso, a norma coíbe o uso do chá com outras drogas e em eventos turísticos. Também oficializa um cadastramento facultativo das entidades que o utilizam. O texto recomenda ainda que as entidades façam uma entrevista com aqueles que forem ingerir o chá pela primeira vez e evitem seu uso por pessoas com transtornos mentais e por usuários de outras drogas.
Severino Carvalho
Gazeta de Alagoas
A doutrina cristã do Santo Daime ganhou destaque no noticiário nacional junto com o assassinato do cartunista Glauco Villas Boas, 53 anos, e do filho dele, Raoni, 25, na madrugada do dia 12 de março, em Osasco, na Grande São Paulo. Glauco era o líder religioso da Igreja Céu de Maria, da qual o acusado pelo duplo homicídio, o estudante Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o “Cadu”, 24, fazia parte.
Mas o que é o Santo Daime? Quais são as suas origens, seus rituais, seus efeitos? O que é verdade e o que é mito? A Gazeta foi à Igreja Flor de Jasmim, fundada há quatro anos em Japaratinga, no Litoral Norte do Estado, para conhecer o cerne da chamada “religião da floresta” e que faz uso do Ayahuasca, chá também conhecido como santo-daime.
A igreja do Santo Daime Flor de Jasmim passou recentemente a produzir em sua área de cultivo o chá usado durante os rituais. “Em todos os trabalhos consagramos o sacramento”, enfatizou Janaína Vieira de Araújo, 29. A bebida é uma mistura das folhas da planta chacrona ou rainha (Psychotria viridis) e do cipó chamado de mariri ou jagube (Banisteriopsis caapi), que após cozidos resultam numa bebida de gosto amargo e de cor marrom, cuja aparência se assemelha a um café com leite.
Os estudos mostram que o chá leva, em média, meia hora para apresentar os efeitos no organismo de quem o ingere. “Em uma hora, a maioria das pessoas sente bem a força!”. Pode-se sentir um estado meditativo e de relaxamento; às vezes, uma leve euforia e também alterações de percepção. Outro estado possível é a chamada “peia”, um momento de sofrimento espiritual em que a pessoa trabalha questões profundas de sua alma.
Cuidados, lições e “curas espirituais”
No Trabalho de Cura, a religião do Santo Daime auxilia os enfermos a vencer as moléstias, e os dependentes químicos a se livrarem do vício, principalmente do álcool. “A prece e a luz na sombra em que a doença se instala”, ensina a religião, destacando que “toda cura espiritual lança raízes sobre a força do amor”.
Janaína Vieira, entretanto, lembra que a doutrina adota alguns cuidados e faz restrições ao uso do chá por pessoas possuidoras de doenças psiquiátricas. Antes de participar da sessão, todos os iniciantes passam por uma entrevista em que informa o histórico pessoal e o eventual uso de certos remédios, como os de tarja preta, bem como passagens por clínicas psiquiátricas e afins. Em alguns casos, o interessado é aconselhado a não ingerir o chá.
Psicoterapeuta alerta para danos causados pela bebida sagrada
Paulo Campos Dias é psicoterapeuta com especialização em dependência química pelo Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e pela Fundação de Incentivo à Pesquisa em Álcool e Drogas (Fipad) do Rio Grande do Sul. Ele classifica o chá Ayahuasca como uma droga perturbadora do sistema nervoso central, uma substância psicotrópica. Revela que os estudos voltados aos danos provocados ainda são incipientes, mas apesar disso alerta que o uso do chá pode precipitar e até piorar quadros mentais de indivíduos portadores de esquizofrenia ou de transtorno bipolar.
Especialista no assunto, Campos respondeu a uma entrevista encaminhada pela Gazeta por e-mail. “Por ter como componente a DMT (dimetiltriptamina) e também alguns alcaloides reconhecidos como IMAO (inibidores da monoaminaoxidase), e como tal uma substância alucinógena, o chá tende a fazer muito mais mal do que bem para quem o consome”, alerta o psicoterapeuta.
Prática tem regras definidas por lei
O governo brasileiro oficializou, em 26 de janeiro deste ano, as regras para o uso religioso do Ayahuasca e utilizado principalmente em cerimônias religiosas. A resolução, publicada no Diário Oficial da União, entretanto, proíbe o comércio e propagandas do composto, que só poderá ser cultivado e transportado para fins religiosos e não lucrativos.
Além disso, a norma coíbe o uso do chá com outras drogas e em eventos turísticos. Também oficializa um cadastramento facultativo das entidades que o utilizam. O texto recomenda ainda que as entidades façam uma entrevista com aqueles que forem ingerir o chá pela primeira vez e evitem seu uso por pessoas com transtornos mentais e por usuários de outras drogas.
Severino Carvalho
Gazeta de Alagoas
O que entendi é que tiram um vício e substituem por outro.
ResponderExcluirPESSOAL, DEVIDO A INFLACAO PRESENTE NO BRASIL , TIVEMOS QUE REAJUSTAR NOSSA TABELA DE PRECOS DE NOSSOS CURSOS, AFINAL , NO ASTRAL TUDO É MAIS CARO !
ResponderExcluirXAMÃ GIDEON LAKOTA
http://www.ceunossasenhoradaconceicao.com.br/a-obra/tabela-de-cursos-e-rituais.html