quinta-feira, 25 de junho de 2009

Policiais suspeitos de matar engenheira na Barra da Tijuca são presos

RIO - Foram presos na noite de quarta-feira, no Rio, os quatro policiais militares acusados de matar a engenheira Patrícia Amieiro e esconder o corpo dela, há um ano. Eles estão detidos no batalhão do Recreio e serão transferidos, nesta quinta-feira, para o Batalhão Especial Prisional (BEP).
O soldado da PM William Luiz do Nascimento e o cabo Marcos Paulo Nogueira Maranhão foram indiciados por homicídio e ocultação de provas e de cadáver. Os soldados Fábio Silveira Santana e Márcio Oliveira Santos foram denunciados apenas por ocultação de provas e de cadáver. Todos tiveram a prisão preventiva decretada pelo juiz Fábio Uchoa, do 1º Tribunal do Júri da Capital, na quarta-feira. De acordo com o juiz, a decretação da prisão preventiva dos réus é conveniente para preservar a integridade das testemunhas que serão ouvidas no processo.
A Polícia Civil informou que os quatro PMs indiciados irão comparecer, nesta quinta-feira, à sede da Delegacia de Homicídios, no Centro. No local, será formalizado o cumprimento do mandado de prisão preventiva contra eles, expedido pela Justiça. Em seguida, eles retornarão ao Batalhão Especial Prisional (BEP). Perícia revela que tiros no carro partiram de arma de PM
O chefe da Polícia Civil, Alan Turnowski, disse, em entrevista na quarta-feira, que os tiros que atingiram o carro da engenheira Patrícia Amieiro partiram da arma do soldado da PM William Luiz do Nascimento , lotado no 31º BPM (Recreio) e que estava de plantão na saída da Autoestrada Lagoa-Barra. Segundo Turnowski, após receber três tiros, o veículo ficou desgovernado e caiu numa ribanceira. Ao verem que não havia um bandido no carro, os policiais militares decidiram ocultar o corpo.
Os peritos do ICCE também concluíram que os policiais militares alteraram a cena do ocrime. Dez peritos participaram da elaboração dos laudos. O inquérito policial acumulou mais de 3 mil páginas.
De acordo com o laudo, o banco do motorista estava reclinado. O que só seria possível pela ação de alguém. O banco reclinado, o cinto de segurança preso e o vidro traseiro quebrado indicam que Patrícia foi retirada do carro pela parte de trás.
- Foi constatado que o veículo sofreu diversas alterações visando ocultar provas no exame pericial. Alterações essas referentes à trajetória de um dos disparos - conta o delegado Ricardo Barbosa, da Delegacia de Homicídios, que investigou o caso.
Outros dois PMs não foram denunciados pelo Ministério Público, apesar de terem sido indiciados pela polícia.
- Ainda não há provas suficientes contra eles. Mas isso não está arquivado e, surgindo novas provas, também poderão ser denunciados - explicou o promotor Homero Freitas.
As equipes de busca nunca localizaram o corpo, mas o promotor de justiça disse que isso não impede a condenação dos policiais.
- Tem o carro dela, a balística, tem destruição de prova, furo de bala no carro. Toda a prova indiciada é no sentido de que houve um homicídio - afirma o promotor, Homero de Freitas.
- Espero que eles sejam presos e nunca mais saiam da cadeia. Esses maus policiais, que são uns monstros, nunca mais poderiam estar na rua - afirma o pai de Patrícia, Antônio Celso de Franco.
( Veja fotos da reconstituição do crime )
O crime aconteceu no dia 14 de junho de 2008. Segundo os peritos, o carro de Patrícia estava a pelo menos 120 Km/h. Eles consideram improvável que a engenheira tenha sido jogada para fora durante a queda. A principal suspeita é que os PMs tenham tentado fazer patrícia parar, não foram atendidos e atiraram. Depois, teriam pedido apoio a outros colegas do batalhão do Recreio dos Bandeirantes para ocultar o corpo. O inquérito do caso revela ainda que os policiais, do 31º BPM (Barra), recorreram a milicianos de Jacarepaguá para dar sumiço ao corpo, que teria sido queimado num "micro-ondas" - fogueira feita com pneus.
O carro de Patrícia Franco foi encontrado em uma ribanceira, na Barra da Tijuca, na saída do Túnel Zuzu Angel. A engenheira, de 24 anos, foi vista pela última vez depois de sair de um show no Morro da Urca. Segundo amigas, ela tinha bebido e dirigia com a carteira de habilitação vencida. A família da engenheira fez várias manifestações pedindo rapidez na investigação. No início do mês, policiais militares que estavam no local naquela madrugada, participaram de uma reconstituição.
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