sexta-feira, 26 de junho de 2009

A polêmica do suicídio acompanhado


O jornal inglês "The Guardian" mexeu em um ninho de marimbondos ao publicar, no último domingo, uma reportagem sobre a Dignitas, uma polêmica associação de ajuda ao suicídio com sede em Zurique.

Uma lista enumerava 22 doenças sofridas pelos 114 cidadãos britânicos, que escolheram desde 2002 o país dos Alpes para terminar os seus dias voluntariamente - afinal, o suicídio assistido é proibido na Grã-Bretanha. A análise acurada do quadro mostrava que 36 pessoas tinham câncer de várias formas e 17 esclerose múltipla.

Porém um grande número delas não sofria de doenças que levam automaticamente à morte.

Exemplo: dois tetraplégicos ou três suicidas com doenças renais, dos quais o tratamento poderia ter sido feito através de diálise ou transplantes.

Eles também tomaram com o canudinho um coquetel de substâncias químicas e partiram dessa para melhor.

Dois dos ingleses mortos sofriam do mal de Crohn, uma doença crônica inflamatória intestinal, e um de artrite reumatóide, duas enfermidades que podem ser extremamente incômodas, mas são tratáveis, como explicou Tony Calland, presidente do Comitê de Ética da Sociedade Médica Britânica ao "The Guardian".

As estatísticas provocaram uma grande polêmica na Grã-Bretanha sobre a ajuda ao suicídio (leia o artigo Mitos e realidades sobre o suicídio assistido na Suíça).

Muitos defendem agora a sua legalização no país. As duas organizações atuantes na Suíça, a Dignitas e a Exit, são muito criticadas por todos os setores da sociedade.

O problema é tão complexo que até hoje o governo helvético não conseguiu chegar a uma conclusão legal sobre a questão (o debate pode ser até acompanhado na internet).

A triste história do inglês Craig Ewert, 59 anos. Ele sofria de uma doença incurável de nervos e utilizou os serviços da Dignitas para terminar a sua vida. O repórter o acompanhou e a sua esposa até os últimos momentos. Emocionante!

Nota: ontem alguns leitores baixaram o malho em cima de mim pela menção aos funcionários públicos. Por vir de uma família de servidores do Estado, tenho todo o respeito por eles. Só quis contar a decisão radical da Suíça de reservar a estabilidade a um grupo mínimo de pessoas, como os magistrados. Se isso é melhor ou não, deixo ao leitor o julgamento.

Alexander Thoele


Do Topo dos Alpes

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