sexta-feira, 26 de junho de 2009

Milícia do Irã matou jovem em protesto, diz médico que a atendeu



A jovem iraniana Neda Aghda-Soltan, de 16 anos, foi morta por um integrante da milícia islâmica Bassidj, de acordo com um dos responsáveis pela divulgação do vídeo e que aparece nas imagens tentando socorrê-la – o médico Arash Hejazi, que conseguiu deixar o Irã.
Para o iraniano, que deu uma entrevista à BBC na Grã-Bretanha, não há dúvidas de que a morte da jovem, que segundo o noivo estava a caminho de uma aula de música, foi "um crime". Ele afirma que a multidão chegou até a prender o homem que teria disparado contra Soltan.
No entanto, por não saber o que fazer com ele, acabaram o libertando, embora tenham ficado com sua carteira de identidade.
Neda Agha-Soltan estava perto de um protesto quando foi morta
"Eles estavam com medo de se expor à polícia então o deixaram ir embora. Eu não conheço essas pessoas, mas sei que existem pessoas lá que sabem quem este homem é", afirmou.
A participação de Hejazi veio à tona graças ao seu amigo brasileiro, o escritor Paulo Coelho, que preocupado com a saúde do iraniano, divulgou uma troca de emails em seu blog.
O médico, que ajudou o amigo que filmou a cena a divulgar as imagens na internet, afirma que não conhecia a moça, mas coincidentemente, estava a cerca de um metro dela quando ela foi atingida.
"Ouvi um barulho e perguntei para o meu amigo que estava do meu lado: 'O que é isso, é um tiro?' Ele disse: 'não, eles disseram que estão usando balas de borracha'. De repente eu me virei e vi sangue espirrando do peito dela. Ela estava em estado de choque, só olhando para o próprio peito, que sangrava muito, e aí ela caiu", contou Hejazi.
"O sangue estava se esvaindo do corpo dela e eu tentei fazer pressão sobre a ferida para parar o sangramento, mas não tive sucesso, e ela morreu em menos de um minuto."
O médico também admitiu que depois de ter tentado salvá-la, sentiu muito medo.
"Aquela bala poderia ter me atingido. A pessoa que atirou ainda poderia estar lá. Foi a primeira vez que eu realmente senti medo da morte e me senti mal por isso, já que ela estava morta."
O médico disse ainda que as autoridades do Irã proibiram a família de de realizar um funeral público. A jovem foi enterrada no domingo, no cemitério Behesht-e-Zahra, na zona sul de Teerã.

Fonte: BBCBrasil

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