Horas depois do anúncio de um acordo em Copenhague feito na televisão pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, diversos países em desenvolvimento afirmaram, de madrugada, na plenária da conferência das Nações Unidas sobre mudança climática, que não vão endossar o documento.
Isso quer dizer que o documento acertado entre Estados Unidos, China, Brasil, Índia e África do Sul no início da noite de sexta-feira não deve ser reconhecido como resultado da 15ª conferência da ONU sobre o clima.
Tuvalu foi a primeira delegação a pedir a palavra, pouco depois de o presidente da reunião, o primeiro-ministro dinarquês, Lars Loekke Rasmussen, ter suspendido a plenária por uma hora, “para apreciação do texto”.
“Em termos bíblicos, parece que estão nos oferecendo 30 peças de prata para trair o nosso povo. Nosso futuro não está à venda. Lamento informá-lo de que Tuvalu não pode aceitar este documento”, disse o representante do pequeno país insular.
Irritação
Em seguida, discursaram representantes da Venezuela, Bolívia, Cuba, Costa Rica e Nicarágua – todos criticando duramente o processo que levou à criação do acordo anunciado por Obama e afirmando que não pretendem aceitá-lo.
O clima de irritação ficou ainda mais evidente quando o representante dos Estados Unidos, Jonathan Pershing, pediu a palavra.
Ele se preparava para falar quando representantes da Nicarágua, de pé e com as mãos abanando, o interromperam, exigindo a atenção de Rasmussen.
Depois de quase cinco minutos de indecisão e trocas de explicações, a Nicarágua acabou discursando, antes do representante americano.
O país centro-americano apresentou documentos da convenção do clima da ONU e pediu a suspensão da reunião e a reconvocação dela em junho de 2010.
Por volta das 4h de sábado (1h, em Brasília), o presidente da conferência a suspendeu “por alguns minutos”.
Consenso
O protocolo das Nações Unidas aceita apenas decisões por unanimidade, de forma que o anúncio de apenas um país já seria suficiente para inviabilizar um acordo em Copenhague.
Pouco antes da retomada dos trabalhos na plenária, o presidente da Comissão Europeia, Manuel Durão Barroso, também se disse frustrado com o documento anunciado como acordo de Copenhague.
“Este acordo é melhor do que nenhum acordo. Tem coisas boas e coisas não tão boas”, sintetizou Durão Barroso.
Uma reunião de mais de duas horas selou a posição conjunta entre americanos e os chamados países BASIC (Brasil, África do Sul, Índia e China), defendendo ações para limitar o aumento da temperatura a 2ºC, sem no entanto, prever metas para países desenvolvidos.
“O que nós fizemos, foi procurar resgatar alguma coisa daqui, desbloquear essa questão do MRV (“mensurável, reportável e verificável”, no jargão), que estava bloqueando qualquer entendimento”, afirmou o embaixador extraordinário para mudança climática do Itamaraty, Sérgio Serra, acrescentando que Lula teve um papel de “protagonismo”.
A operação de “resgate”, no entanto, acabou revoltando representantes de diversas delegações do bloco dos países em desenvolvimento, o G77.
“Os eventos de hoje representam o pior acontecimento na história das negociações sobre mudança do clima. O Sudão não vai assinar esse acordo”, afirmou o embaixador Lumumba Di-Aping, negociador-chefe sudanês, um dos primeiros a manifestar a insatisfação com o documento publicamente.
Isso quer dizer que o documento acertado entre Estados Unidos, China, Brasil, Índia e África do Sul no início da noite de sexta-feira não deve ser reconhecido como resultado da 15ª conferência da ONU sobre o clima.
Tuvalu foi a primeira delegação a pedir a palavra, pouco depois de o presidente da reunião, o primeiro-ministro dinarquês, Lars Loekke Rasmussen, ter suspendido a plenária por uma hora, “para apreciação do texto”.
“Em termos bíblicos, parece que estão nos oferecendo 30 peças de prata para trair o nosso povo. Nosso futuro não está à venda. Lamento informá-lo de que Tuvalu não pode aceitar este documento”, disse o representante do pequeno país insular.
Irritação
Em seguida, discursaram representantes da Venezuela, Bolívia, Cuba, Costa Rica e Nicarágua – todos criticando duramente o processo que levou à criação do acordo anunciado por Obama e afirmando que não pretendem aceitá-lo.
O clima de irritação ficou ainda mais evidente quando o representante dos Estados Unidos, Jonathan Pershing, pediu a palavra.
Ele se preparava para falar quando representantes da Nicarágua, de pé e com as mãos abanando, o interromperam, exigindo a atenção de Rasmussen.
Depois de quase cinco minutos de indecisão e trocas de explicações, a Nicarágua acabou discursando, antes do representante americano.
O país centro-americano apresentou documentos da convenção do clima da ONU e pediu a suspensão da reunião e a reconvocação dela em junho de 2010.
Por volta das 4h de sábado (1h, em Brasília), o presidente da conferência a suspendeu “por alguns minutos”.
Consenso
O protocolo das Nações Unidas aceita apenas decisões por unanimidade, de forma que o anúncio de apenas um país já seria suficiente para inviabilizar um acordo em Copenhague.
Pouco antes da retomada dos trabalhos na plenária, o presidente da Comissão Europeia, Manuel Durão Barroso, também se disse frustrado com o documento anunciado como acordo de Copenhague.
“Este acordo é melhor do que nenhum acordo. Tem coisas boas e coisas não tão boas”, sintetizou Durão Barroso.
Uma reunião de mais de duas horas selou a posição conjunta entre americanos e os chamados países BASIC (Brasil, África do Sul, Índia e China), defendendo ações para limitar o aumento da temperatura a 2ºC, sem no entanto, prever metas para países desenvolvidos.
“O que nós fizemos, foi procurar resgatar alguma coisa daqui, desbloquear essa questão do MRV (“mensurável, reportável e verificável”, no jargão), que estava bloqueando qualquer entendimento”, afirmou o embaixador extraordinário para mudança climática do Itamaraty, Sérgio Serra, acrescentando que Lula teve um papel de “protagonismo”.
A operação de “resgate”, no entanto, acabou revoltando representantes de diversas delegações do bloco dos países em desenvolvimento, o G77.
“Os eventos de hoje representam o pior acontecimento na história das negociações sobre mudança do clima. O Sudão não vai assinar esse acordo”, afirmou o embaixador Lumumba Di-Aping, negociador-chefe sudanês, um dos primeiros a manifestar a insatisfação com o documento publicamente.
Eric Brücher Camara
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